VIRAM POR AÍ O GARRETT?

A Câmara Municipal começou, no mês passado, as obras de recuperação do Cine-teatro.
Como chuva de molha tolos, assim se pintava o rosto da Folha Municipal de Abril de 2005!
Assim se lançava aos quatro ventos a vela dos mil enganos!
Meses depois, num jornal local, o título berrante continuava a farsa: “Obras no Teatro Garrett decorrem a bom ritmo”. O mesmo jornal, que na mesma edição esclarecia que apenas se estava a consolidar a estrutura da parte frontal, porque a fachada ameaçava ruir. E informava que, segundo Pereira, ainda iam avançar com os projectos de execução.
Não consegui impedir que a cabeça oscilasse tingida pela estupefacção!
Puxei pelo fio da meada e calcorreei os anos do impasse e cheguei a Janeiro de 2005, o mês do megacartaz: vem ai o Garrett! Era como se gritasse entre duas mãos encurvadas para fazer eco.
A seguir, pouco antes da contenda eleitoral, o cerco à fachada e a investida teatro adentro com picaretas e outros instrumentos de demolição. Uma brigada municipal desmontou dramaticamente as entranhas da casa. A fachada ficou solta. Foi preciso montar um aranhiço para a segurar.
Vem aí o Garrett, era a palavra guerreira dos apressados conquistadores. Já não se sabia bem se Garrett era Almeida ou Vieira. Mas ele vinha aí. E o objectivo da gritaria desenhada no megacartaz acompanhada à percussão pelo bater das picaretas demolidoras ía-se cumprindo como estratégia de arrecadação de votos nas urnas desta democracia imberbe. Vem aí o Garrett, ecoava na nossa mente. O megacartaz encomendado a uma empresa da especialidade, cumprira bem a sua missão e era agora recolhido como vela envergonhada.
Vinha aí o Garrett, mas, ao fim de mais de um ano ninguém o vê.
Andará perdido em viagens na minha terra?
A recuperação do Garrett decorria a bom ritmo, dizia o jornal… Ao ritmo da ilusão trapaceira, qual ente de rapina, ocupado numa obscena voracidade eleitoral
A obra decorre a bom ritmo…completamente parada! A este ritmo bom temos a certeza de que, pelo menos, o edifício não se pisga dali!
Ainda se fazem os desenhos, mesmo sem se conhecer o projecto cultural que vão servir.
E ainda hoje não se sabe donde virão os reais para a construção.
Em Setembro de 2005, Pereira dizia que o Presidente conseguira incluir a intervenção no Cine-Teatro Garrett no plano da zona de jogo e um financiamento de cerca de um milhão e 250 mil euros (250 mil contos).Em Janeiro de 2006, na listagem de obras candidatas aos apoios do Instituto de Apoio ao Turismo o Garrett, divulgada pelo Presidente, não consta das obras candidatadas ou a candidatar!
Do cesto da gávea não se avista terra firme, apenas outra ilusão.