19 novembro 2007

O OVO DE AVESTRUZ

O modelo para a Avenida Mouzinho foi o ovo de Colombo e já meia dúzia de colegas de todo o país me pediram o modelo
Macedo Vieira, A Voz da Póvoa


Exercício de memória: lembram-se do principal argumento de Vieira quando, perante tantas perguntas a que nunca respondeu, precisava de justificar o seu capricho em contra mão com o desenvolvimento sustentável?
Apontava, pois claro, o parque subterrâneo construído sob uma idêntica artéria de Viana do Castelo!

Agora percebe-se que ele espiara a princesa do Lima e copiara dela a solução que, afinal, à altura devia ser virtual… É que manda o destino local, só do pioneiro poveiro – sempre na primeira linha da invenção - poderia surgir o verdadeiro “ovo” de quem nem Colombo se lembraria!

Uma pequena nota sem importância, com o Plano Nacional de Alterações Climáticas e outros cuidados ambientais como pano de ao fundo: já pensaram que se o dito “ovo”, isto é o parque subterrâneo, vier a ser utilizado com a intensidade para que foi pensado, a Av. Mouzinho de Albuquerque vai passar a ser umas das zonas, senão a zona da cidade, com mais concentração de CO2 e de partículas PM10?

O sector dos transportes, com particular incidência nos 6.000.000 de carros particulares que circulam em Portugal (a Póvoa tem um índice de veículos superior a média europeia…), é responsável por elevado consumo de energia. Esta situação torna-se preocupante dado o elevado crescimento que se tem verificado neste sector. Uma vez que a totalidade desta energia provém da combustão de combustíveis fósseis, o sector dos transportes torna-se problemático pelos seus impactos de poluição atmosférica (emissão de gases que provocam o efeito de estufa CO2 e outros poluentes como o monóxido de carbono CO e partículas tóxicas).

Entretanto, continua a faltar uma verdadeira rede de transportes urbanos intermodal e sustentável e a prevalecer a maior confusão de carreiras desconexas. A maioria laranja aprendiz de feiticeira, insiste em não assumir as competências e as obrigações municipais na área da mobilidade urbana, sacudindo para o mercado a resolução de um problema que a experiência local já demonstrou só ter complicado. Nos últimos meses, como se previa, nada de novo e realmente alternativo aconteceu: para a qualidade de vida inaugurou-se apenas a rua da amargura.

10 novembro 2007

VILAR A VALER



1. A páginas tantas, José António Saraiva, Ex-Director do Expresso e actual Director do Sol diz, a propósito da substituição de Mendes por Menezes, que “O PSD é um partido caudilhista” e que a “a história do PSD é, assim, uma história de caudilhos, de tragédias gregas, com finais abruptos. Ora Menezes, não tendo obviamente a dimensão de Cavaco ou Sá Carneiro, tem também essa alma de caudilho e uma indiscutível vocação teatral.”
A seguir, Saraiva explica: “Mas por que é que o PSD tem essa vocação caudilhista? (…) Por uma razão que também já tenho referido: o PSD é um partido sem ideologia, muito interclassista, um verdadeiro albergue espanhol, onde cabe tudo, pelo que precisa de um chefe carismático, audaz, que aponte o rumo e exerça o poder com autoridade.” (1)

2. Por cá, o teatro faz-se em inúmeras frentes e também à mesa do aniversário natalício do Presidente. A prática iniciada por Manuel Vaz foi herdada e intensificada por Macedo Vieira: o “rei” faz anos e os presidentes de junta prestam-lhe vassalagem. O acontecimento biográfico, que devia ser vivido na intimidade familiar e dos amigos, transforma-se num inacreditável e medieval acto político.
Num espaço de caciquismo paroquial e retrógrado, que em nada engrandece os actores, à mesa pode estar um bolo, mas a cereja que lhe põem em cima é a hipocrisia que nasce do medo: quem não for ao festim tem lugar certo na lista negra do Caudilho.

3. Joaquim Vilar, que não tem medo nem é hipócrita, não tem comparecido à jantarada, nem gasto em prendas servis um cêntimo das gentes de Terroso, porque a considera um instrumento que atenta contra a sua emancipação política.
Este ano, terá juntado a esse argumento um protesto pela forma inaceitável como a sua terra e Junta de Freguesia têm sido tratadas pela maioria PSD instalada na Câmara.
Por isso, neste caldo morno e oportunista do “politicamente correcto”, sai mais eloquente a coragem de Joaquim Vilar, um homem simples, que não aliena convicções para apanhar as migalhas que caem ao chão.
É que Vilar sabe o que a sua freguesia tem por direito e não por boa vontade casuística de um qualquer presidente de humores, que cria as condições para que os outros eleitos se curvem diante da sua arbitrariedade.

4. Joaquim Vilar e a equipa que com ele partilha a difícil tarefa de governar Terroso, com poucos meios e diante da hostilidade inacreditável de uma maioria política e um Presidente, que usam o poder municipal de forma enviesada, merecem ser enaltecidos. Os que defendem uma Política com valores têm o dever ético de fazer esta distinção, antes que o desalento e a decepção apontem como único caminho a cedência ao beija-mão.

5. Não compreendo e como é que alguém que, ao celebrar 58 anos, diz ser agora um homem possuidor de “mais sabedoria e calma”, e a seguir reage à ausência de Vilar dizendo que o autarca socialista “não faz cá falta nenhuma, pois tem tido um comportamento partidário”.
Isto é, o pecado de Vilar é não despir a camisola do partido pelo qual foi eleito para vestir a camisola da neutralidade que, na verdade e no actual estado das coisas, mais do que cinzenta, só pode ser cor de laranja!
Contudo, Vilar age com toda a legitimidade política em defesa dos interesses da freguesia para que foi eleito democraticamente. Nessa perspectiva, ele é IGUAL e não INFERIOR ao Presidente da Câmara. Por isso, com coluna vertebral firme, pratica a frontalidade e isso desagrada a quem está habituado à moleza e à bajulice e, sobretudo, tudo faz para as manter e prolongar, tornando os outros mais dependentes.
O comportamento partidário que não se compreende de facto é o de Macedo Vieira e da maioria que lidera!

6. Uma coisa é certa: num jantar que não faz falta (a não ser para alimentar o ego de Vieira, e manter ordeiramente os outros representantes do povo…), ninguém fez falta.
Apenas se percebe a agressão a Vilar, porque este tem valores e princípios e não vende a alma!
Negando-se Vilar às jantaradas da hipocrisia, resta-nos ver agora, como vai o todo-poderoso Vieira tratar da freguesia, igualmente poveira, de Terroso!


(1) JAS, 5/10/!2007 in Uma História de Caudilhos

08 novembro 2007

ALDRABICE, AFINAL QUEIROSIANA

Informação retirada de um blogue local, que pode ser confirmada pela consulta do Processo n.º 590/05.1 TAPVZ



"E associando o meu nome a um polvo laranja, escreveu que o engenheiro Aires Pereira e o Dr. Macedo Vieira iam defender-me em Tribunal, no julgamento em que ele é o autor e eu arguido. Garcia com esta aldrabice quis dizer aos que têm pachorra para ler as suas garatujas, que eu pertenço à laranjada e sou guardado pelo presidente e vice-presidente da Câmara Municipal."

Artur Queirós, in "O Polvo da Capital", A Voz da Póvoa, edição de 2007.11.07


QUESTÃO PERTINENTE

Aldrabice de Garcia, ou afinal queirosiana?

NOTICIA DE ÚLTIMA HORA


O julgamento de ARTUR QUEIRÓS, o Director do jornal A Voz da Póvoa, previsto para o dia 15 de Novembro de 2007, foi adiado para o dia 25 de Fevereiro de 2008!
Entretanto, ele vai-se divertindo ASSIM...

04 novembro 2007

UM PAÍS EM CONTRA-MÃO


Candidato ao Prémio "Exactamente a mesma coisa!" Afirma Pereira ( não o do Tabucchi, claro...):
"Apenas fui condenado a uma pena de multa, tal como a generalidade dos portugueses já o terá sido por excesso de velocidade ou por mau estacionamento. O tribunal não me inibiu de exercer as minhas funções autárquicas nem sequer teceu qualquer consideração sobre isso. Não matei, não roubei, não perdi o meu mandato, nem fui condenado a nenhuma pena de prisão e, nesse sentido, entendo que continuo a reunir todas as condições para exercer a minha actividade."
Aires Pereira em entrevista a Miguel Pinto, PÓVOA SEMANÁRIO, 31 de Outubro de 2007
A história por Joaquim Fidalgo.
“Ele era, dizem, um funcionário exemplar da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Em cerca de dez anos de carreira, nunca faltara ao trabalho. E de repente, sem ninguém contar, dá uma falta injustificada. E logo a seguir outra, e outra... Cinco. Cinco faltas injustificadas. Caso grave! Deu processo disciplinar, ao fim de apenas duas semanas já havia relatório final. Foi o assunto à reunião de câmara e o funcionário recebeu a adequada punição (a segunda mais grave da administração pública, dizia o jornal): compulsivamente mandado para a reforma. E lá foi ele para casa, com uma reformazita de pouco mais de três mil euros mensais - 627 contos, para sermos precisos. Grande castigo, sim senhores!... Prematuramente aposentado, mas ainda cheio de força para trabalhar, bastaram mais duas semanas a este funcionário exemplar para ser convidado para nova função: administrador de uma empresa municipal. De que câmara? Da da Póvoa de Varzim, obviamente... E lá ficou o nosso homem a acumular a reforma antecipada de seiscentos e tal contos mensais com outros tantos centos, não sei quantos, do novo cargo numa administração. Bem vistas as coisas, não lhe correra mal a vida...Mas "Deus é grande", como diz o povo, e justiça havia de ser feita. O caso acabou por ir parar ao tribunal. Havia coisas estranhas na história: um funcionário tão cumpridor a dar, de repente, várias faltas ao serviço, um processo disciplinar rápido como nunca se viu, o funcionário sem esboçar sequer uma contestação, um recurso, uma decisão rapidíssima de passagem à reforma, logo a seguir o convite (do mesmo patrão que o "castigara") para uma função de responsabilidade, tantas coincidências... Acabou por se concluir que aquilo tinha sido tudo bem urdido e mais ou menos combinado. E o juiz condenou o homem por abuso de poder. Bem feito! Qual foi a pena? Uma multa de 4650 euros. Isso mesmo: só uma multa de 4650 euros!...
(...)”

Joaquim Fidalgo, in “Ai Portugal”, Jornalista PUBLICO POL nº 5787 Quinta, 26 de Janeiro de 2006

A notícia do correspondente local.
O juiz considerou que Aires, enquanto instrutor do processo, se deixou levar no "estratagema" de Dourado, que queria chegar à reforma mais cedo e sem perder regalias.”
Ângelo Teixeira Marques, PÚBLICO POL nº 5787 Segunda, 30 de Janeiro de 2006
Para ver no CÁ-70

01 novembro 2007

O QUE DIZ MÓNICA


Na edição de hoje do jornal Público, Maria Filomena Mónica vem em defesa dos professores, nos últimos tempos tão maltratados.
Vale a pena ler "Deixem os professores em paz".

Há, porém, um senão (?): se o seu artigo de opinião fosse publicado por estas bandas, talvez a Escritora e Investigadora, treinada na Língua Portuguesa, pudesse “apanhar com um processo em tribunal”.
É que a páginas tantas afirma: “ (…) Finalmente, a aparição, no dia 8 de Outubro, de polícias à civil na sede do sindicato na Covilhã, de onde levaram documentos relativos a uma anunciada manifestação contra o engenheiro Sócrates é inadmissível. Só um país apático aceita as conclusões idiotas que, após um chamado "inquérito", o Governo tornou públicas.”
A seguir, retoma o tema central do artigo afirmando:
Deixo de lado as paranóias do primeiro-ministro para me centrar no tema deste artigo. Para além de terem de leccionar programas imbecis, de passarem a vida a girar de uma escola para outra, de serem sujeitos a avaliações surrealistas, os professores são obrigados a aturar alunos malcriados.”
(o sublinhado é meu)

Ora, se na opinião de Filomena Mónica, as conclusões do tal inquérito são idiotas, será legítimo concluir-se que ela está a chamar idiota aos Inquiridores e, já agora, ao Governo, que as subscreveu quando as publicou?
E será Sócrates um paranóico, porque Filomena considera que, neste caso, foi uma paranóia ter tornado público as conclusões idiotas de um inquérito?
É bem provável que, à luz de um pensamento primário, provinciano e pacóvio, se possam tirar tais conclusões. Mas, eu duvido que um linguista possa subscrever tal interpretação!
Se esta manhã, Sócrates acordou bem-disposto (coisa que - como esclareceu em audiência pública o outro - não terá acontecido ao Presidente da Câmara na manhã do centésimo sexagésimo nono dia após a publicação do tal artigo que também usou a palavra idiota…)… Se o Primeiro-Ministro sorriu e disse para consigo “Lá está a Mónica outra vez!”, e não lhe apetecer apresentar queixa ao MP, nada nos diz que, mesmo assim, não surja um especialista da experiência poveira a despachar o assunto para o tribunal. É que um tal uso da palavra idiota, agora pela Professora Universitária, começa a fazer escola em Portugal e o culpado é certamente Silva Garcia que teve a ousadia de o fazer em 2004.