26 junho 2011

UMA IDEIA MANHOSA





Está a espalhar-se mais uma ideia perigosa!
Não apenas perigosa, mas manhosa, e com os perigos que sempre levam à mansidão por efeito de manada!
A ideia de que “o êxito ou a desgraça de Passos e de Portas serão o êxito ou a desgraça de Portugal”! Vai daí, toca a desejar-lhes bom trabalho e, pior do que isso, a baixar as orelhas e a obedecer!

Pois é! Jamais me interessa a desgraça do meu país! Mas é precisamente por isso que me preocupa o êxito de Portas e de Passos, nesta saga eufórica de sacrificar Portugal aos interesses da especulação financeira nacional e internacional, porque é isso é que tem sido e continuará a ser a desgraça do país real, por ser a desgraça das pessoas!

Foi por causa das manigâncias do sistema financeiro, e dos magníficos economistas que sustentaram as receitas neo-liberais, que o país chegou à situação difícil em que nos encontramos. Com as medidas mais toikianas que as da própria troika, anunciadas pelo governo mais à direita nestes 37 anos de democracia, não tarda nada que nos vejamos mais gregos que na Grécia, que não serve de lição!
Com a recessão por destino anunciado e ordens para cortar na saúde (exercício saboroso às mãos de um infiltrado Macedo, vindo dos interesses privados do negócio da saúde), na solidariedade, na segurança social e na educação… Com uma desenfreada privatização de tudo o que interessa ao bem comum mas é tratado como simples mercadoria, com tudo o que mexe e poderia dar ao Estado as receitas que interessam ao indispensável estímulo da economia produtiva, à solidariedade e até ao pagamento da parte da dívida legítima (da legítima e não da que resulta do criminoso jogo especulativo)… Com uma obscena cumplicidade com o saque que os sistemas financeiros estão a fazer aos países e a Portugal…acham mesmo que é de lhes desejar boa sorte?

É caso para exclamar Il´s sont fous, ces romains!

25 junho 2011

VIAGENS "SCUT"



Para ir a Bruxelas, o senhor primeiro-ministro terá escolhido ir em Classe Turística em vez de ir em Executiva. Disse-o bem alto para que todos pensássemos que isso era um sinal de austeridade aplicada a si próprio, poupando o dinheiro do povo!


Afinal, as viagens oficiais foram sempre oferecidas pela TAP! São viagens SCUT: não têm custos para os utilizadores, para nenhum ministro, muito menos para o primeiro!




O sinal afinal não passa de um truque, porque a poupança é igual a ZERO!


Sócrates era suficientemente hábil para fazer propaganda tão primária e falaciosa. Mas se o fizesse, caía o Carmo e a Trindade e já os jornais estavam a fazer caricaturas com nariz de Pinóquio!


Este passo de mágica de Passos, não passa de infantilidade. Para quem pediu mil vezes uma politica de verdade, estamos conversados!

23 junho 2011

A MENTIRA CONTINUA

Juros estão acima de 15% e risco de bancarrota galgou os 50% !

Assinaram o acordo que tornou de vez Portugal num protetorado...
Fez-se a clarificação política no país, que fica nas mãos de um partido político que promete mais dureza que os estrangeiros da massa que mandam cá dentro a partir de fora...
O povo está a ser esmurrado, mas permanece manso e obediente...
Com onze ministros à frente das mesmas coisas, dizem-nos que o país poupou umas patacas e alguns acreditam que isso é menos Estado e melhor Estado...como se isso bastasse para resolver o estado das coisas...
Os governadores civis pediram a demissão e, para já, parece que não haverá mais nomeações...Foi preciso a Troika impor o fim da inutilidade que muitos haviam denunciado sem êxito...porque nesta terra é mais fácil fazer o que nos mandam de fora do que por exercício de uma vontade livre...
O primeiro ministro voa em classe económica (sinal de contenção até ver) para ir garantir aos da massa que vai mesmo apertar o cinto aos portugueses, que não se preocupem os donos do casino, porque o jogo vai permancer a favor, quiçá terão mesmo um jocker ...

E mesmo assim os juros sobre a divida soberana continuam a subir e já estão nos 15%?
Apesar do cozido em que nos estão a meter, a ameaça da bancarrota é ainda maior, e ainda há quem acredite que o problema é de Portugal, exclusivamente dos maus hábitos lusos e de uma política a que teimosamente colam o rotulo socialista mas que não foi mais do que a expressão da mesma estratégia neo-liberal que tem desgraçado o resto da Europa, e que se é neo é porque não tem nada de inovador e apenas retoma um modelo com mais de um século que só serve o poder financeiro?

E se confirmassem que o Rato Mickey é mesmo uma personagem de banda desenhada?


19 junho 2011

DIVIDA ODIOSA



Em Portugal foi feita a tão reclamada clarificação da situação política.

O PS sairá do governo. Foi convenientemente apontado para culpado de tudo, por um caldo doido de economistas escolhidos a dedo, comentadores e políticos ambiciosos e ansiosos. Na verdade, foi sobretudo culpado de ser pouco socialista, embarcando muitas vezes na mesma lógica do pensamento dominante que está na origem da crise que assola o mundo inteiro.

Numa estranha contradição, o povo que votou (pouco mais do que ficou em casa) escolheu a Direita que promete as mesmas receitas que estão na base e explicam a crise criada, e que certamente a agravará! A Direita confirmou o seu poder no poder e prepara-se para continuar a impor às pessoas a escravatura à economia. Liderada pelo PSD que viu vantagem na transformação de Portugal num protetorado da Troika, afirmando sem receios que assim lhe seria mais fácil pôr em prática o seu programa político, assumidamente neoliberal. O PSD mais radical e menos socialdemocrata desde a sua fundação; ainda me lembro do programa laranja de 78 que propunha a “socialdemocracia como via reformista para o socialismo”.

Apesar da clarificação política, os juros especulativos da divida soberana continuam a subir a provar que o problema afinal não é só de Portugal!
Os juros sobem na Grécia (onde o desespero se acentua com consequências de dimensão imprevisível), sobem na Irlanda e em Espanha. A França está já na mira dos “mercados”, uma vez mais às mãos das empresas de “rating”!
Ao mesmo tempo, a estrutura pensante que vai magoando o projecto europeu, continua desgraçadamente cúmplice, por omissão e por acção, deste crime contra a humanidade, para usar as palavras de Saramago.

Enquanto no PS se contam espingardas para um lado e para o outro de dois nomes, o que precisamos é de debater um projecto para o país e para a Europa, e soluções para sair deste atoleiro. Isso não se faz com cedências, mas com rupturas! Não é possível ser complacente com quem está a desbaratar o que se construiu durante décadas, com o esforço de muitos, de alguns que deram a própria vida por um contrato social baseado nos princípios da solidariedade. Não é possível ser complacente com quem está a ganhar fortunas com a miséria de todos, num saque insaciável que acabará por fragilizar a Paz.

Como cidadão não me sinto refém da assinatura de um acordo de capitulação aos interesses da especulação financeira, contra o qual me opus por ver nisso uma solução ao contrário!
Na verdade é indispensável fragilizar o lado que está de cócoras a servir os interesses da economia de casino em que nos meteram! Isso começa pela urgência de uma auditoria independente e séria à dívida! A quem que devemos? Quanto devemos de facto? Porque é que devemos? Qual é a legalidade e a legitimidade dessa dívida?
No Equador houve lucidez para o fazer e confirmou que mais de 70% da dívida era falsa ou ilegal! Porque haveria um povo de pagar com uma vida de miséria a factura de um roubo?

12 junho 2011

DISCURSO OU REMORSO NÃO ASSUMIDO?



No 10 de Junho, o rígido Cavaco Silva que nunca se engana e raramente tem dúvidas, descobriu a resiliência e que é indispensável o regresso ao campo!
Inopinadamente, o Professor vem dizer que o país não poderá ser auto-suficiente em matéria alimentar, mas entende que os actuais níveis de produção e os seis mil milhões de euros gastos na importação de bens agrícolas, contra três mil milhões registados nas exportações, são insustentáveis e exigem dos poderes políticos uma actuação determinada para se conseguir inverter esta situação.
E nesta senda descobridora, qual navegador dos tempos modernos, o presidente laranja veio lembrar o progressivo envelhecimento da população agrícola, e propor a criação de estímulos para que os jovens regressem aos campos e ajudem, também, a inverter a actual desertificação do Interior.
Ao que chega a lata.
Cavaco Silva esqueceu-se, ou pratica o esquecimento conveniente. Ontem voltou ao exercício em que demonstra não possuir a dignidade intelectual e política para reconhecer que foi um primeiro-ministro algarvio de nome Aníbal quem mais contribuiu para destruir a agricultura e as pescas de Portugal, impondo-nos os interesses dos produtores da estranja de quem agora dependemos, pagando para abater vinhas e barcos, desertificando o interior do país e criando periferias de pobreza no litoral!
E o que é mais grave é que o algarvio presidente pode dizer coisas novas escondendo as outras porque beneficiar da tradicional memória de peixe do poviléu!
Isto não foi um discurso! Isto foi um remorso não assumido!
Impõe a honestidade cívica que se reconheça que se houve gente que desde o primeiro momento se fartou de alertar para o desmantelamento do sector primário nacional foram os comunistas. Mas, sempre que falavam, os ouvidos ficavam moucos, as mentes turvas e a boca abria-se para resmungar que era a “cassete”!
Pois é! Cavaco reencontrou-se com a cassete no fundo do baú que ele e os seus espelhados convivas ideológicos construíram enquanto, à mesa da última ceia, vendiam a independência alimentar de Portugal em troca de um modelo de económico que, afinal, nos meteu na enrascada em que hoje vivemos.
E cassete nos seus lábios deixou de ser cassete. Passou a ser estratégia de desenvolvimento! Fantástico!
Quem diria que iríamos estar finalmente de acordo?


VER O QUE ESCREVI EM 2005, EM MAIO DE 2010 E EM FEVEREIRO DESTE ANO.

11 junho 2011

INDISPENSÁVEL



Indispensável ler a opinião de Carvalho da Silva na edição de hoje do JN.
Assertivo, fica o desafio essencial contra a tolice ordeira da inevitabilidade da solução única, narrativa perigosa que a toika nacional usa para condicionar o nosso pensamento e nos amansar a um conformismo destrutivo.


Donde vimos, onde estamos?
Bento de Jesus Caraça, nos nebulosos anos 30 do século passado, dizia que a resolução dos problemas que se colocavam à sua geração exigiam "um prévio esforço de pensamento" para "saber, por uma análise fria e raciocinada, quais são esses problemas, quais as soluções que importa dar-lhes - saber donde vimos, onde estamos, para onde vamos".
Como trabalhar as respostas às três dimensões da interrogação?
José Saramago disse um dia que "somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir". Ora, o neoliberalismo abjura o exercício de memória e não quer cidadãos livremente responsabilizados.
Só é possível vender velharias dos séculos XVIII e XIX como modernidades escondendo de que forma se construiu o progresso das sociedades. Por exemplo, o que significou passar a retribuição do trabalho da dimensão de subsídio de subsistência para a de partilha (mesmo que injusta) da riqueza produzida pelo trabalhador(a); o que significou atribuir direitos e factores de estabilidade e segurança ao trabalho e afirmar o direito do trabalho; o que significou universalizar direitos sociais e garanti-los através de valores solidários colectivamente assumidos; o que significou o controlo do tempo de trabalho, fazendo emergir dimensões do não trabalho que tornam o ser humano mais pleno e feliz; o que significou a conquista e a consagração da contratação colectiva, o mais eficaz instrumento de políticas de distribuição da riqueza na 2.ª metade do século XX; o que significou o investimento público em infra-estruturas e serviços básicos.
Vimos somando anos de fraco crescimento económico, de agravamento de desigualdades e do desemprego, mas sabemos com que interesses particulares se destruiu grande parte do sector produtivo, o que se passou com a apropriação indevida de fundos comunitários ou quem lucra escandalosamente com a especulação financeira, conhecemos a doença dos desvios dos orçamentos das obras públicas ou os privilégios dos atingidos pelos vírus do compadrio, da troca de favores e da corrupção, das promiscuidades entre interesses públicos e interesses privados.
Agora onde estamos?
Estamos atolados nos resultados daquelas políticas e práticas, nos impactos dos desastrosos caminhos que a União Europeia (UE) está prosseguindo e prisioneiros do processo de agiotagem que se vem impondo.
Estamos numa situação política delicada em que a Direita atingiu, pela 1.ª vez, o objectivo com que sonhou desde o rescaldo da contra-revolução de ter, simultaneamente, uma maioria, um governo e um presidente. Agora dispõe ainda do acrescento de sermos membros de uma UE sob o comando da Direita (e extrema-Direita), tendo como eurocrata-chefe um português da Direita portuguesa. É urgente que se tome consciência colectiva deste facto político!
Grandes desafios se colocam à Esquerda, ou às esquerdas portuguesas. É tempo de neste(s) campo(s) se encetar, também, uma "análise fria e raciocinada" que propicie aos portugueses identificarem sinais políticos que ajudem à construção da esperança e da confiança no futuro que hão-de sustentar necessárias alternativas. Alguns importantes confrontos a travar estão aí no imediato e é preciso pensar e agir para além do "contexto da crise".
No espaço deste artigo não cabem as necessárias reflexões e propostas responsabilizadoras para caminharmos em bom sentido. Hoje deixo apenas três considerações de partida: (i) a execução das políticas receitadas pela troika, que o futuro Governo se propõe executar com zelo, conduz-nos ao retrocesso, nomeadamente, económico, social e civilizacional; (ii) em democracia as maiorias políticas têm de se sustentar na identidade com os direitos e os anseios dos cidadãos, e as maiorias sociais são indispensáveis para que os projectos políticos tenham êxito; (iii) a insistência nas teses de que não há alternativas, para além de ajudarem ao prosseguimento do roubo, negam a própria democracia.
Em democracia, nunca existe a inevitabilidade de uma escolha única.

MANUEL CARVALHO DA SILVA
publicado a 2011-06-11 às 00:21

10 junho 2011

WE HOPE WE CAN



Em 13 de Fevereiro de 2010 dizia que era necessário “motivar António José Seguro para representar o PS na liderança do governo de Portugal”.
Escrevia então que “o poder económico não pode dirigir o poder político. É ao contrário que tem que ser. E ao contrário faz-se, desse modo, o que é direito, num estado democrático, cada vez mais necessário e, por isso, mais urgente, recusando as caricaturas que dele vem fazendo oportunistamente o bloco central de interesses, levando Portugal e a nossa vida para um pântano que vai generalizando a angústia e promete o desespero”.
Contra esse “bloco central de interesses” que toma conta do país há quase trinta anos, feito de gente empoleirada em cima do muro, contra o esquecimento da génese socialista do PS e tendo caído definitivamente a máscara a José Sócrates e à sua guarda pretoriana, na sequência de inúmeras peripécias que levou o país a perder-lhe o respeito, disse então que não lhe restava alternativa senão sair, levando com ele os que, unha e carne, o ajudaram nessa trapalhada.
Em 13 de Fevereiro de 2010, cheguei a dizer que se não fosse capaz de o fazer por iniciativa própria – como se previa – era preciso que alguém com autoridade moral dentro do PS se lhe dirigisse como fez Kissinger com Nixon no caso Watergate e lhe dissesse: Meu caro José, chega! É tempo de ir embora!
A questão não era apenas política, mas também ética. Mas, tudo ficou na mesma até à derrota eleitoral do passado domingo.
Nesse texto defendi que há, felizmente, no PS muita e boa gente capaz de nos ajudar a recuperar a credibilidade da política e das instituições democráticas. Gente progressista de esquerda capaz de devolver ao PS a ideologia, acabando com esta coisa irreconhecível, para apontar políticas a sério indutoras do desenvolvimento de Portugal, com justiça e coesão social.
Nessa altura, pensava em pessoas como Maria de Belém e Ferro Rodrigues, por exemplo. Mas reconhecia que tinha muita “consistência a ideia de que António José Seguro, pelo seu pensamento, pela postura e pelas atitudes que tem tomado, tem as condições pessoais e políticas para substituir o actual primeiro-ministro e liderar a construção de uma solução válida para a crise de valores que se vive!”

Depois de Sócrates e da derrota eleitoral do PS, num tempo que será protagonizada por figuras que no PSD representam o mais perigoso radicalismo ideológico de direita desde o 25 de Abril, António José Seguro é finalmente candidato à liderança do Partido Socialista.
No essencial propõe-se recolocar o PS à esquerda da indiferença, recuperando os valores da ética republica e do socialismo democrático, e com essas cores provocar um profundo debate sobre o projecto Europeu retomando a construção de uma Europa amiga do Desenvolvimento e da Solidariedade. Com as mesmas cores, propõe-se criar uma nova dinâmica que leve Portugal a sair do atoleiro em que se encontra, valorizando um contrato social assente nos valores do Humanismo.

Por entre os perigos do tempo que aí vem, precisamos de fazer renascer a esperança, na firmeza da luta urgente pelo bem comum!

05 junho 2011

VOTO MARGINAL






Domingo eleitoral.Pouco mais das 10 da manhã.

Já previa a pândega da campanha eleitoral e a sua genética e intrínseca inutilidade. Com excepção de uns poucos, à esquerda da indiferença, ninguém quis discutir com seriedade o que nos espera com o programa de governo ditado de fora, para pôr nos eixos este protectorado em que, desde a maioria cavaquista, transformaram o rectângulo verde e vermelho.

E conheço de antemão e como as minhas mãos os resultados destas eleições. Até à centésima.
Ganham os do convencionado arco do poder, a troika nacional, qual espelho da troika que, em nome dos que induziram disfarçada e manhosamente a fragilidade dos países, veio consolidar o saque sugerindo que vão consolidar as contas públicas; nessa mentira pegada que consiste em esbulhar até ao tutano a riqueza que milhões de pessoas produzem em quotidianos de esforço, não para uma vida digna, mas para alimentar a insaciável e obscena ganância dos donos do casino.

Conheço de antemão e como as minhas mãos os resultados destas eleições. Foi tudo decidido no hotel de Bilderberg. Como lhes convém, ganhará a troika-tintas nacional. Os números de cada um dos três pouco importam. Eles vão entender-se, distribuir lugares para ministros e para gestores nas empresas públicas e nas associadas privadas. A recuperação económica do país real pouco importa. Pouco importa se a agricultura, as pescas, o sector produtivo vão mesmo ser reinventados e revitalizados, reconstruindo o que os bons alunos neo-liberais destruíram paulatinamente durante vinte anos, levando-nos à actual e insustentável dependência. Ouvi-os na sua comum hipocrisia, despidos de memória, como se nada tivessem com isso. Ouvi a gritaria a simular uma nova narrativa, mas não lhes vi uma única medida credível nesse sentido.

O importante é que os bancos voltem aos lucros de milhões. Por isso, quaisquer que sejam os números e seja qual for o rosto do comissário que continuará a ir a Bruxelas prestar contas e receber ordens, aconteça o que acontecer hoje até às oito da noite, os ricos vão continuar ricos e a enriquecer, os pobres vão continuar pobres e a empobrecer! O essencial não mudará porque, mantendo-se ao leme os que o fado marcou com o sinal do arco governativo, manter-se-á o modelo e a submissão aos interesses da especulação desenfreada.

Mesmo assim, nesta farsa democrática de cinco minutos, vou votar. O meu voto poderá pertencer à utopia, mas será a expressão do meu inconformismo.
Por isso vou votar na margem, porque o tempo é de sair do centro, ser excêntrico e marginal, olhando de fora, com espírito crítico, a floresta de enganos. Só desse modo se juntará a energia para um tempo novo!