18 março 2006

LINHA B


Viagem inaugural...etcetera-e-tal...
11,09 horas da manhã. O Eurotram partiu da Senhora da Hora para a viagem inaugural. Póvoa à vista, depois de uma breve paragem em Vila do Conde, para os discursos de circunstância. Na Póvoa, momentos depois, a circunstância também teve discursos.
Debaixo da tenda branca batida por chuva miudinha, confesso que foi medonho ouvir o Major do apito, o outro “dourado” que permanece, com a lata de quem saiu há pouco do bate-chapas, a fingir-se renovado, mas que vai merecendo elogio de Vieira e palmas dos ouvintes. Dos ouvintes que acharam piada à referência ao vermelho da saia e casaco da secretária de estado rosa na inauguração da linha da mesma cor vermelha. E que voltaram a achar piada ao desejo do Rio denunciado pelo Major de ver um dia destes a mesma secretária em estado de casaco e saia laranja a inaugurar o metro em Gondomar, num qualquer futuro de um dia destes.
O Ministro Lino sorria em amarelo diante da falta de tino e eu, em dever de ofício, convidado para a viagem inaugural, com os meus botões, interrogava-me sobre o sentido de estar ali… Valeu-nos a chuva, que limpou o ambiente! E lá se foram embora.

Ficamos com a infra-estrutura do metro ligeiro de superfície. Depois de 4 anos que interromperam ávida, a Póvoa volta a ligar-se ao Porto por duas linhas de ferro paralelas – agora em duplicado -, levando a bagagem a união com outras cidades.

Temos o instrumento. Falta a afinação das cordas sobre as duas linhas.
Nem é motivo para a girândola cor-de-rosa do Presidente da Câmara da Póvoa, nem é razão para ver tudo pelo breu do olhar.

O que torna atractivo o transporte público é a sua potencial eficiência. A eficiência mede-se pelo conforto, pela regularidade, pela pontualidade, pela rapidez e pelo baixo custo ao utilizador. Junto-lhe a integração num sistema de intermodalidade e a utilização de meios energéticos limpos. Só assim teremos uma solução para a mobilidade sustentável, amiga do ambiente e da utilização racional do tempo, num tempo em que é preciso assegurar o direito moderno do acesso aos bens da urbanidade e o direito ao tempo.

A luta, portanto, rompe ainda em madrugada. Falta material circulante que assegure mais conforto aos utentes. Faltam apeadeiros que protejam realmente quem espera. Faltam equipamentos de apoio, parques de estacionamento automóvel e (porque não?) coisas como infantários para que os pais possam deixar os filhos antes de tomar o metro a caminho do emprego. Faltam novos cenários urbanos ao longo da linha. Falta retomar as ligações viárias interrompidas desde S.Brás até à Praça do Almada. E falta aqui um cais à medida da importância da chegada ao centro da Cidade, aberta à Praça, reconvertendo a garagem do Linhares. Falta um sistema de exploração que assegure rapidez de viagem. Falta uma política de preços que não nos derreta ainda mais o parco mealheiro do mês. Falta prolongar os ferros paralelos da linha até Barreiros, onde falta um centro Intermodal e um grande Parque de Estacionamento Periférico. E falta um sistema local de transportes colectivos que traga os outros Poveiros até ao Metro, de Amorim, de Argivai, de Aguçadoura, de Aver-o-Mar…

E falta, por mãos à obra!

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nos anos 60 um " Ditador" hoje esquecido fez uma linha de comboio(Linha do estoril)que faz um percurso muito semelhante quer em quilometros quer em paragens e que demora metade do tempo do metro hoje inaugurado.
Como Cidadão, Lamento 1 coisa:
- A morte do "Ditador"
Olag

19 março, 2006 14:04  
Anonymous Anónimo said...

Esse Ditador não fez linha nenhuma. Quem a fez foram os técnicos que a estudaram e os braços dos que levavam uma vida dura e que tantas vezes foram perseguidos e duramente tratados pelo Ditador que caiu abaixo da cadeira de tanto agarrado ao Poder.
E o que fez ele pelo norte e pelo pelas terras mais peuqenas longe da capital. Já se esqueceu em tempo foi criada a expressão Portugal é Lisboa e o resto é Paisagem?

19 março, 2006 19:25  
Anonymous Anónimo said...

Lamento então a crise de técnicos com estudos que 40 anos passados, ... o melhor que conseguiram foi a linha vermelha, muito util, sem duvida, desajustada ás realidades do quotidiano actual no qual é impossivel perder mais de 2horas por dia só em transportes.
E, ... ... mesmo assim e assim sendo, continuo a lamentar a morte do dito "Ditador"!
Olag

19 março, 2006 21:00  
Blogger Manuel CD Figueiredo said...

18 de Março de 2006.
O Metro do Porto chegou à Póvoa!
Bem ou mal(mais mal que bem), chegou.
Chegou ao fim da linha.
O fim da picada!

Pelo caminho vimos:
-uma luta persistente( e conseguida, no possível)da CULP;
-chamadas de atenção à Câmara, que pouco fez(quase sempre a ver passar os comboios...);
-discussões públicas sobre o Metro(com a notória ausência da Câmara e do PSD);
-apresentação de Moção na Assembleia Municipal, REPROVADA pela maioria PSD);
-muitas ideias confusas(o metro é melhor que o comboio, o metro é bom para a geografia, etc.);
-muitas mentiras: «o Metro VAI chegar em Outubro», garantiu Macedo Vieira antes das autárquicas(comprou quem quis...);
-muitas frases tolas, das quais destaco:«a chegada do metro é tão importante como a chegada do comboio no séc.XIX», como disse Macedo Vieira.

Para além deste primeiro comentário, quero voltar ao assunto, com mais tempo, porque me parece importante contribuir para a discussão aberta, franca e construtiva de tão vital questão.

P.S.-Caro Arq. Silva Garcia:
Parte do seu(magnífico)
texto é um Programa que o
Executivo Camarário podia
adoptar; se ficamos à espera
que dali saia alguma coisa bem
feita, estamos fritos.

19 março, 2006 22:37  
Anonymous Anónimo said...

De facto, meu caro Olag, mais vale a DitaDura que a DItaMole... não é?

M R Sousa

19 março, 2006 22:43  
Blogger renato gomes pereira said...

Ninguém faz verdadeiramente nada afavor do Povo.. é só paleio...o que eles querem é taixos...a alternativa deles era o desemprego...

20 março, 2006 09:26  
Blogger Manuel CD Figueiredo said...

O Metro do Porto chegou à Póvoa. Projecto inacabado: faltam arranjos urbanísticos e falta o prolongamento até ao nó intermodal de Barreiros, que é urgente. Os nossos esforços devem agora ser no sentido de melhorar, em todas as suas vertentes, o que nos foi ofercido. Oxalá haja dos responsáveis a humildade de solicitar colaborações. O Metro existe, fizeram-no assim. Mas talvez valha a pena continuar a reflectir.
1.O Metro, dito de superfície, no caso do Porto, deveria ter como limite a Senhora da Hora. Se este projecto teve que aproveitar fundos comunitários, então o desenho e a funcionalidade da Linha B teria que ser diferente. Bastaria ter adaptado o conceito de transportes públicos existente na Bélgica, há muitos anos, e teríamos agora um projecto eficiente e modelar(há estações que interligam metro, eléctrico, comboio, autocarro, táxi).
2.As ligações à Póvoa e à Trofa seriam servidas por comboio eléctrico, de via dupla, com um esquema de funcionamento semelhante(apetece-me escrever«igual»)ao da Linha de Cascais.
3.Cometeu-se um crime contra a mobilidade das pessoas ao extinguir-se a Linha da Póvoa:a complementariedade dos transportes rodoviário e ferroviário deve ser sempre considerada.
4.O desinteresse das autarquias foi de grande irresponsabilidade por não terem defendido as populações que representam e as regiões em que estão inseridas.
5.É precisa uma permanente discussão sobre este problema crucial da nossa sociedade, de modo a obter-se o melhor possível na área dos transportes públicos.

20 março, 2006 22:53  

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