25 abril 2011

REFERENDO SOBRE A DÍVIDA! JÁ!

Não é inevitável!

Revele-se o rosto de quem está a ganhar com a especulação financeira sobre Portugal?
E faça-se um REFERENDO!

A pergunta:


será que o povo português quer mesmo pagar o serviço da dívida com as taxas especulativas cescentes que apenas beneficiam a ganância obscena dos donos dos fundos financeiros?


Tal como aconteceu na Grécia e na Irlanda, em Portugal o chamado resgate vai ser seguido de ajustamentos brutais, com graves consequências sociais. Longe de remediar os problemas, tornarão pior a situação económica, em especial dos trabalhadores e dos cidadãos mais pobres. A sua implementação tem pouco a ver com a ciência económica. É sobretudo uma acção que resulta de um fanatismo doutrinário que tende a beneficiar as forças económicas e financeiras, nacionais e estrangeiras. Medidas como a das privatizações não podem ter outra finalidade senão passar para mãos privadas negócios muito rentáveis…sobretudo quando colocados sobre uma lógica exclusiva do lucro e anti-contrato social.

24 abril 2011

Mensagem da Islândia para Portugal




Por Nick Dearden

Esta semana foi testemunha de duas reacções muito diferentes no que respeita à dívida Europeia. Num extremo da Europa, os eleitores da Islândia decidiram novamente não aceitar as condições de pagamento dos seus "credores", os governos britânico e holandês, após o colapso dos bancos islandeses em 2008. No outro extremo, Portugal está a ser empurrado para o caminho da terapia de choque por parte da União Europeia, à revelia do seu povo que está a ser empurrado para um processo que mudará radicalmente as suas vidas.

Nem Islândia nem Portugal terão vida fácil nos próximos anos. Mas existe uma enorme de diferença entre a recusa do povo da Islândia "para pagar bancos falidos", nas palavras de seu presidente, e a dolorosa solução a ser imposta sobre Portugal a partir do exterior. À cabeça do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, deixou perfeitamente claro que as negociações sobre o futuro de Portugal "não são certamente para o debate público".

O povo da Islândia não teve uma reacção instintiva. Eles sabem muito bem que a recusa de pagamento é a via menos fácil. Um processo judicial do Reino Unido e dos Países Baixos está iminente, os mercados de crédito reagiram negativamente e ficou ameaçada sua adesão à União Europeia.

Mas para o povo da Islândia a ortodoxia sobre a forma como os países tem lidado com a dívida é profundamente injusta, por ser injusta distribuição de poder e da riqueza dentro da sociedade e entre as nações. Thorgerdun Asgeirsdottir um eleitor islandês de 28 anos disse: "Eu sei que isto provavelmente vai nos ferir a nível internacional, mas vale a pena tomar uma atitude."

Se o povo de um país a quem venderam a ideologia do livre mercado, dos mercados de capitais desregulados e dos empréstimos baratos se pode recusar a pagar pelos crimes dos bancos, então os especuladores que o fizeram tão bem nas décadas do boom financeiro bem podem esperar agora pelo pagamento da divida.

Na Grécia, essa raiva está começando a se transformar em um desafio construtivo para o poder das finanças. Uma comissão de auditoria da dívida tem sido inquirida por centenas de académicos, políticos e activistas. Essa comissão avaliaria as dívidas da Grécia abertas para um concurso público - em confronto directo com a forma como o FMI e a União Europeia têm trabalho: à porta fechada para impor um tratamento forçado e desastroso aos países membros.

Como dizem os activistas gregos: "as pessoas que são chamados a suportar os custos dos programas da UE têm o direito democrático de receber informações completas sobre a dívida pública. Uma Comissão de Auditoria pode começar a corrigir essa deficiência." As decisões dos activistas gregos apoiam-se no movimento-debtocracy que se organizou online e no início do próximo mês activistas da Europa e do mundo em desenvolvimento vão se reunir em Atenas para montar um programa que irá desafiar as políticas do FMI na Grécia.

As ofertas que começam agora a ser marteladas a Portugal já foram impostas na Grécia e na Irlanda. O pacote de resgate 'bail-out "vai beneficiar principalmente os bancos da Europa Ocidental, com 216000000000 € de empréstimos a Portugal, enquanto as pessoas comuns irão suportar um programa de cortes profundos e de redução dos direitos dos trabalhadores ao mesmo tempo que se fará a privatização generalizada do pouco que resta do sector público. O chefe do Banco de Portugal Carregosa disse ao Financial Times: "Não é um exagero usar o termo terapia de choque".

As comparações com os países em desenvolvimento são evidentes. Os mesmos erros que já foram cometidos nos países pobres começam agora a ser repetidos na Europa. Bancos resgatados uma vez após outra e as pessoas cada vez mais pobres sendo empurrados para uma miséria cada vez maior. Hoje, países da Serra Leoa para a Jamaica estão acumulando dívidas cada vez maiores na tempestade criada pelos banqueiros.

É por isso que uma posição deve ser marcada na Europa. Despejar mais dívida em cima de problemas de Portugal não irá reanimar a sua economia. A dívida de Portugal é totalmente insustentável - em grande parte o resultado de empréstimos privados imprudentes feitos na última década. Os responsáveis vão ser resgatados mas o povo irá sofrer a dor. Foi isto que a Islândia se recusou a fazer.

O povo da Islândia levantou-se pela sua soberania. Seu futuro parece consideravelmente mais brilhante do que o da Irlanda ou de Portugal. Os gregos estão apenas começando a sua luta. Os resultados que advirão das reacções dos povos terão um impacto monumental sobre a luta contra a pobreza e a desigualdade em todo o mundo.



Nick Dearden é diretor da Dívida Jubilee Campaign.
http://www.counterpunch.org/dearden04152011.html
Traduzido e publicado no Contramestre
http://comunidade.sol.pt/blogs/contramestre/default.aspx

23 abril 2011

EU TAMBÉM SUBSCREVO ESTE MANIFESTO

Convergência nacional em torno do emprego e da coesão social




Num momento dramático como o que vivemos, a sociedade portuguesa precisa de debate e de convergências democráticas. Precisa também de reconhecer que a crise do liberalismo económico, de que a acção dos programas patrocinados pelo FMI tem sido uma expressão, obriga a reavaliar opiniões e prioridades e a construir soluções novas, assentes em ideias e escolhas claras e num programa explícito, sabendo que na democracia nunca há a inevitabilidade de uma escolha única, porque a democracia procura as melhores soluções da forma mais exigente.

É indiscutível que o estado das finanças públicas, que é em grande medida o resultado da profunda crise económica, exige um conhecimento e avaliação exigentes de todos os compromissos públicos. E que se torna urgente identificar a despesa pública desnecessária, supérflua e geradora de injustiças sociais, distinguindo-a da que é indispensável, colmata problemas sociais graves e qualifica o país.

É também útil que se reconheça a importância do trabalho, dos salários e dos apoios sociais na sociedade portuguesa, se admita a presença de carências profundas, sob a forma de pobreza e de desigualdades crescentes, e se considere que os progressos alcançados na nossa sociedade são o resultado da presença de mecanismos de negociação colectiva e de solidariedade cujo desmantelamento pode significar uma regressão socioeconómica que debilitará o país por muito tempo.

Qualquer solução para os nossos problemas tem de partir de uma constatação realista: até agora as intervenções externas foram a expressão de uma União Europeia incapaz de perceber que a alternativa à solidariedade, traduzida em cooperação económica e integração sem condicionalidade recessiva, é o enfraquecimento das periferias sob pressão da especulação e de cúmplices agências de notação. A zona euro paga o preço de não ter mecanismos decentes para travar a especulação em torno da dívida soberana e para promover políticas de investimento produtivo que permitam superar a crise. As periferias pagam o preço da sua desunião política, única forma de colocar o centro europeu, principal responsável por este arranjo, perante as suas responsabilidades.

No momento em que se vão iniciar negociações entre o Governo e a troika FMI-BCE-CE, sabe-se que a austeridade provoca recessão económica e gera fracturas profundas, de que o desemprego elevado é a melhor expressão. As experiências grega e irlandesa exigem uma revisão das condições associadas aos mecanismos de financiamento em vigor. De facto, devido à austeridade intensa dos últimos dois anos, a economia irlandesa contraiu-se mais de 11% e a recessão grega atingiu 6,5% só entre o último trimestre de 2009 e o último de 2010. O desemprego ultrapassa já os 13% nestes dois países. A este ritmo, e apesar dos cortes orçamentais intensos, nenhum deles conseguirá reduzir a sua dívida. Isso só acontecerá com crescimento económico e com uma noção clara de que não é nos salários e no trabalho, mas antes na escassa inovação e na fraqueza organizacional de grande parte das empresas portuguesas, que residem os problemas de competitividade. Portugal não pode ser um laboratório para repetir as mesmas experiências fracassadas, e corremos o risco de uma recessão ainda mais prolongada, se tomarmos em consideração as previsões do próprio FMI.

Por tudo isto, considera-se necessário um apelo a um compromisso sob a forma de um programa de salvaguarda da coesão social em Portugal, de manutenção e reforço das capacidades produtivas do país para gerar emprego, com atenção às pessoas, evitando sacrifícios desnecessários. Os pontos essenciais de tal compromisso são os seguintes:

1. Garantir que em todas as decisões económicas e financeiras se coloca o objectivo de promoção exigente do crescimento e do emprego, reconhecendo que a sociedade portuguesa não comporta níveis de desemprego que outras sociedades registam, dada a fragilidade da estrutura de rendimentos e a insuficiência dos mecanismos de protecção social. A presença, já sugerida, da OIT nas negociações entre o Governo e a troika FMI-BCE-CE seria um sinal construtivo muito importante, colocando a questão do trabalho digno.

2. Desencadear um escrutínio rigoroso da despesa pública, auditando a dívida do país, sobretudo a externa, identificando com rigor as necessidades reais e os desperdícios da administração pública e salientando a necessidade de concentrar os recursos na esfera essencial das políticas públicas que combatem a exclusão social e a desigualdade, qualificam as pessoas e promovem a actividade produtiva, a competitividade e o crescimento da economia.

3. Afirmar que a educação, a saúde e a segurança social, bem como outros bens públicos essenciais como os correios, não podem ser objecto de privatização, fazendo da lógica lucrativa um mecanismo de regulação nestes domínios, visto que tal solução seria cara e insustentável financeiramente, levaria à exclusão de muitos e generalizaria injustiças sociais e regionais.

4. Recusar qualquer diminuição do papel do Estado no sector financeiro, sublinhando que a Caixa Geral de Depósitos deve permanecer integralmente pública e com uma missão renovada e que a regulação do sector terá mesmo de ser reforçada para evitar novos abusos.

Os signatários entendem que um compromisso deste tipo viabiliza as acções necessárias ao momento presente, capacita a sociedade para enfrentar positivamente as dificuldades e tem como objectivo tornar claro que, em circunstâncias graves, há direitos associados à dignidade do trabalho, ao respeito pelas pessoas e à garantia da coesão social que não podem ser postos em causa, sob pena de fragilizar gravemente o país e de eliminar qualquer capacidade própria de superar a situação dramática em que nos encontramos.




Albano da Silva Pereira, Fotógrafo, Director do Centro de Artes Visuais de Coimbra; Alexandre Alves Costa, Arquitecto; Anália Torres, Socióloga, Professora do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa; António Arnaut, Advogado; António Chora, Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa; António Manuel Hespanha, Professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa; António Pinho Vargas, Compositor; António Romão, Economista, Professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa; Augusto M. Seabra, Crítico de cinema, literatura e música; Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo, Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Carlos Fortuna, Sociólogo, Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Cristina Andrade, Activista do FERVE - Fartos/as d'Estes Recibos Verdes; Daniel Oliveira, Jornalista; Eduardo Paz Ferreira, Advogado, Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; Elísio Estanque, Sociólogo, Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Eugénio Fonseca, Presidente da Caritas Portuguesa; Fernanda Rollo, Historiadora, Professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Fernando Catroga, Historiador, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; Fernando Roque de Oliveira, Economista, Presidente do Observatório sobre a Produção, o Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras; Helena Roseta, Arquitecta; Isabel Allegro, Professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; João Abel Freitas, Economista; João Cravinho, Militante socialista; João Ferrão, Geógrafo, Investigador do Instituto de Ciência Sociais da Universidade de Lisboa; João Ferreira de Almeida, Sociólogo, Professor do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa; João Ferreira do Amaral, Economista, Professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa; João Proença, Sindicalista; João de Deus, Sindicalista; João Rodrigues, Economista, Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Jorge Vala, Psicólogo Social, Investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; José de Faria Costa, Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; José Luís Pio Abreu, Médico Psiquiatra; José Maria Brandão de Brito, Economista, Professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa; José Maria Castro Caldas, Economista, Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; José Reis, Economista, Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Luís Moita, Professor da Universidade Autónoma de Lisboa; Manuel Alegre, Escritor, militante socialista; Manuel Carlos Silva, Sociólogo, Professor da Universidade do Minho; Manuel Carvalho da Silva, Sindicalista; Manuela Silva, Economista, Professora do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa; Manuel Brandão Alves, Economista, Professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa; Maria Eduarda Gonçalves, Jurista, Professora do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa; Mário Murteira, Economista, Professor do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa; Mário Ruivo, Biólogo, Oceanógrafo; Miguel Henriques, Músico; Octávio Teixeira, Economista; Paula Gil, Activista da Geração à Rasca; Paulo Areosa Feio, Geógrafo, IGOT - Universidade de Lisboa; Pedro Hespanha, Sociólogo, Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Ricardo Paes Mamede, Economista, Professor do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa; Rui Namorado, Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Rui Tavares, Historiador e Eurodeputado; Sandra Monteiro, Directora do Le Monde diplomatique - edição portuguesa; Sandro Mendonça, Economista, Professor do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa; Sérgio Azevedo, Compositor; Tiago Gillot, Activista dos Precários Inflexíveis; Vasco Lourenço, Associação 25 de Abril

14 abril 2011

UF! Afinal sempre tínhamos razão!

Robert Fishman é professor de sociologia na Universidade americana de Notre Dame. Na terça-feira, publicou um artigo de opinião no "The New York Times" onde afirmava que Portugal não precisava de ajuda externa. Ontem, numa entrevista exclusiva ao Expresso, explicou porquê. «Os culpados estão fora de Portugal» advoga Fishman. Desde 2002 que Robert Fishman visita Portugal, no âmbito das suas investigações como sociólogo.Ele não tem dúvidas de que os políticos portugueses não são os culpados da atual crise. "Os culpados estão fora de Portugal". Eles são: "Os especuladores, as agências de rating e também o Banco Central Europeu". Na longa entrevista, que o Expresso publica na edição deste sábado, o professor universitário diz que o país foi vítima de uma espécie de aposta dos especuladores internacionais, que investiram milhões contra Portugal na ânsia de ganharem dinheiro com a crise. Fishman acusa o Banco Central Europeu de não ter feito o suficiente para ajudar Portugal. "A política monetária europeia serve os interesses alemães mas não os dos países periféricos". E vai mais longe: "Nesta altura diria que o euro é um problema para Portugal".

12 abril 2011

ATÉ QUE ENFIM, A CLARIVIDÊNCIA

ATÉ QUE ENFIM! A minha gratidão cidadã a José Reis e José Manuel Pureza, da Universidade de Coimbra, e a Manuel Brandão e Maria Manuela Silva, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Contra a golpada dos que continuam a vender-nos a mentira da inevitabilidade de nos rendermos ao FMI e aos interesses que representa, estes Economistas entregam queixa na PGR contra agências de rating, pedindo a abertura de um inquérito pelo “crime de manipulação do mercado”. Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s são as agências visadas; dominam mais de 90% do mercado internacional e duas delas – a Moody’s e Standard & Poor’s – têm um “mesmo fundo de investimento como proprietário”. As decisões que tomam influenciam as taxas de juro e têm um impacto significativo no endividamento dos países, “podendo afectar a sua estabilidade” financeira e económica.

Até que enfim! Quatro Economistas com coragem fizeram o que os governos já deviam ter feito e continuam sem fazer, preferindo uma estranha e incompreensível passividade, uma estática postura de cócoras perante os especuladores…que afinal têm rosto, mesmo que seja através do rosto dos seus cúmplices. Esta é uma pedra no charco infecto onde se movimentam os comentadores de serviço (“ecomamistas”, politiquezes e jornaleteiros sem dimensão ética), mercenários assumidos e mercenários por efeito de manada, que contaminam a opinião pública com o pensamento dominante. Esse pensamento que nos impõe pagar tudo o que esses criminosos querem sem reagir, como se fosse uma fatalidade incontornável. Claro que, apesar da acção fundamental dos 4 Economistas com coragem, os outros vão continuar com um ar muito sério, fazendo o marketing dos que enriquecem de forma despudorada e obscena à custa da distruição da qualidade de vida de milhões de pessoas em Portugal e na Europa, papagueando todos o mesmo, numa repetição até à exaustão da mentira que reconstrói a realidade segundo os seus interesses!

Valha-nos Deus!

06 abril 2011

APRENDA-SE COM A ISLÂNDIA

Um amigo enviou-me este texto que não resisto a divulgar. Mesmo porque ou se faz em Portugal algo de semelhante - e eu não creio que o povo queira de tão manipulado que gosta de andar... - ou as próximas eleições não servirão de nada...


Porque silenciam a ISLÂNDIA? "Estamos neste estado lamentável por causa da corrupção interna - pública e privada com incidência no sector bancário - e pelos juros usurários que a Banca Europeia nos cobra. Sócrates foi dizer à Sra. Merkle - a chanceler do Euro - que já tínhamos tapado os buracos das fraudes e que, se fosse preciso, nos punha a pão e água para pagar os juros ao valor que ela quisesse. Por isso, acho que era altura de falar na Islândia, na forma como este país deu a volta à bancarrota, e porque não interessa a certa gente que se fale dele) Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno país perdido no meio do mar, deu a volta à crise. Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar. Em 2007 a Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se afogou num oceano de crédito mal parado. Exactamente os mesmo motivos que tombaram com a Grécia, a Irlanda e Portugal. A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas "macaquices" bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal detinha o 40º lugar). País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até levar o país à miséria. Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura deste organismo não teve comiseração, e a tal "ajuda" ir-se-ia traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para cima), que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das famílias islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de 350 Euros / mês ao FMI. Parte desta ajuda seria para "tapar" o buraco do principal Banco islandês. Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos accionistas dos Bancos e seus credores. E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora aguentar com os seus próprios prejuízos. O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo, tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má gestão bancária e a pactuar com as imposições avaras do FMI. Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização de novas eleições. Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63 deputados da Assembleia). O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha. Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo: aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa em favor de outra produtiva e exportadora, e tratar de ingressar na UE e no Euro logo que o país estivesse em condições de o fazer, pois numa fase daquelas, ter moeda própria (coroa finlandesa) e ter o poder de a desvalorizar para implementar as exportações, era fundamental. Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa. Os cortes na despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não "estragar" os serviços públicos tendo-se o cuidado de separar o que o era de facto, de outro tipo de serviços que haviam sido criados ao longo dos anos apenas para serem amamentados pelo Estado. As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e conseguiram os tais empréstimos que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da crise sem estender a mão à Banca internacional. Um exemplo perigoso demais. Graças a esta política de não pactuar com os interesses descabidos do neo-liberalismo instalado na Banca, e de não pactuar com o formato do actual capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma política interna onde os islandeses faziam sacrifícios, mas sabiam porque os faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios, sair da recessão já no 3º Trimestre de 2010. O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias melhores. Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas. Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial, pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações. Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social básica, não foi tocado. Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos. Não tardarão meia dúzia de anos, que a Islândia retome o seu lugar nos países mais desenvolvidos do mundo. O actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos. Está a cumprir, de A a Z, com as promessas que fez. Se isto servir para esclarecer uma única pessoa que seja deste pobre país aqui plantado no fundo da Europa, que por cá anda sem eira nem beira ao sabor dos acordos milionários que os seus governantes acertam com o capital internacional, e onde os seus cidadãos passam fome para que as contas dos corruptos se encham até abarrotar, já posso dar por bem empregue o tempo que levei a escrever este artigo. "