01 março 2006

IMPÁVIDO DESPERDÍCIO

foto deVasco Oliveira

Vejamos por cá o que se vai passando.
A Câmara da Póvoa comprou à empresa Águas do Cavado, SA. as seguintes quantidades de água potável:
. em 2001 - 5.083.159 m3;
. em 2002 - 5.298.850 m3;
. em 2003 - 5.319.433 m3;
. em 2004 - 5.692.536 m3.

No mesmo período, a Câmara da Póvoa vendeu aos Poveiros:
. em 2001 - 2.851.908 m3;
. em 2002 - 2.924.414 m3;
. em 2003 - 3.003.611 m3;
. em 2004 - 3.111.493 m3;

Conclusão: Nestes 4 anos, a Câmara da Póvoa comprou 21.393.978 m3 de água (uma média de 5.384.495 m3 por ano) e vendeu 11.891.426 m3 (uma média de 2.972.857 m3 por ano)!
A diferença entre o que comprou e o que vendeu é avassaladora: 9.502.552 m3!
Um quase mississipi!
O que aconteceu à água que não foi vendida?
O que acontece todos os anos a cerca 2.000.000 m3 de água?

Uma coisa é certa, a Câmara da Póvoa pagou por cada m3 de água:
. em 2001 - 0,32 €;
. em 2002 - 0,35 €;
. em 2003 - 0,36 €;
. em 2004 - 0,38 €.

E nós, os consumidores residentes no concelho da Póvoa de Varzim, para além dos outros Impostos, pagamos à Câmara da Póvoa por cada m3 de água (sem contar com o IVA e sem referir as tarifas associadas):
. em 2001 - 0,85 €;
. em 2002 - 0,92 €;
. em 2003 - 0,95 €;
. em 2004 - 1,00 €.

Em todos estes anos, os Poveiros pagaram por cada metro cúbico de água 2,6 vezes o que custou à Câmara.
De facto, os Poveiros pagam toda a água, a que consomem na sua vida privada e empresarial e a que é consumida pela Câmara. O que os Poveiros pagam dá para liquidar a factura total da água, ou seja, os 5.000.000 m3 e ainda sobra quase 1.000.000 € por ano!

A tendência mantém-se em 2005 e manter-se-á em 2006 se nada se fizer para a inverter.

Esta situação é incomportável, em termos económicos, sociais e ambientais.
Podemos continuar a lançar fugazmente um olhar angelical sobre este desperdício iníquo. Há quem o faça impavidamente, sem dor…
Eu entendo que é preciso rasgar o conformismo atávico e que há uma utilidade urgente na elaboração de um Plano de Gestão Racional da Água que, em síntese, discipline os consumos públicos, evite ligações fraudulentas à rede e diminua as excessivas perdas ao longo dos traçados na rede municipal.



7 Comments:

Blogger Pacheco Ferreira said...

Excelente apresentação

Diáriamente são gastos muitos m3 de água na lavagem do pavimento do mercado municipal sem qualquer controlo ou cuidado.

É só um exemplo do desgoverno no nosso concelho.

Já agora, alguém controla os m3 à entrada?

É tudo gente de confiança.

E as torneiras que estão nas entradas da praia?

Servem para as familias mais pobres da zona sul encherem os seus garrafões.

É só perdas e dúvidas.

P.S. Tenho fotos da lavagem do mercado e do abastecimento de água ao final da tarde nas torneiras junto ao Hit.
Em breve vou públicar.

02 março, 2006 21:39  
Anonymous Anónimo said...

Em resposta a Pacheco Ferreira:
A agua desperdiçada no mercado municipal, nas torneiras do Passeio Alegre, etc. etc, penso eu que deve ser paga pelos respectivos organismos que a tutelam. O que eu penso ser dito aqui é que Á UM DESVIO MUITO GRANDE DE ÁGUA QUE NÃO É COBRADA E QUE TEM QUE PASSAR A SER.
Penso eu que a agua de rega dos jardins municipais, mercado, etec, etc., deve ser toda facturada á camara ou ao orgão que a tutela. E que alem disso ainda á uma fuga enorme.
Ou estarei errado?
Se for o caso peço um esclarecimento
Obrigado
Olag

03 março, 2006 14:17  
Blogger renato gomes pereira said...

Aquestão cruxial da água, do gaz,da luz dos telefones e do saneamento básico e lixos domésticos é a mesma...

O DIREITO ADMINISTRATIVO NASCEUS PARA REGULAMENTAR A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

A FUNÇÂO ADMINISTRATIVA DO ESTADO traduz a actividade desenvolvida pelo estado no sentido de satisfazer os interesses da colectividade

A Administração Pública visa a prossecução do Interesse Publico

Essas necessidades colectivas são satisfeitas por bens e por serviços:

1Hospitais
2BOMBEIROS
3 Transportes públicos
4correios ecomunicações
5 agua
6 electricidade
7 segurança publica
8-gaz -
9 -saneamento
10- habitação
11- emprego
12- justiça
São necessidade básicas e colectivas...

È entendimento da legislação comunitária que os sectores de prestação de serviços colectivos dixem de ser estaduais para passarem aser privatizados...

Um dos casos é o da àgua..

será que isso é bom? Pessoalmente entendemos que não...E ná é por existireem empresas com as águas de Portugal esuar congeneres reginais que melhorou a qualidade ou baixou o custo para o consumidor..
antes pelo contrário...

com Inamb ou sem ele tudo na mesma no reino de portugal!

03 março, 2006 15:21  
Anonymous Anónimo said...

Pelos vistos alguém já reparou onde se gasta muita água no mercado
http://velha-guarda.blogspot.com/2005/08/lavagem-automtica.html

03 março, 2006 19:07  
Anonymous Anónimo said...

Amigo 1 poveiro

Se tem carteira de jornalista porque não denuncia no seu jornal?

03 março, 2006 22:16  
Blogger CÁ 70 said...

Para quem é pergunta caro João Pinto?
J.J.Silva Garcia

03 março, 2006 23:24  
Blogger renato gomes pereira said...

Pela mesma forma que acho que a Agua é um bem essencial e deve ser barata (quer se esbanje ou não)...Deve-se gastar quanta for necessária ou até mais do que necessária...a Água , o Ar, a Terra e o Fogo são dádivas de DEUS...Lembrem-se que quando Deus criou o mundo não havia conservatórias de registo e por isso ele não as quis criar e não registou nem patentes de invenção, nem marcas ( na hora ou das outras)nem Imóveis, nem direitos de autor, etc. etc...
Virem empresas, sejam elas municipais, privadas, publicas ou liberais, querer obter mais valias à custa da água isso é que não...
Admito que o Poder Local, gaste dinheiro a mais em projectos megalónemos como os correntes de escrita ( que até abafam e colonizam a produção nacional e local) e não tenha condições de substituir arede de abastecimento de água ( tubagens, e demais acessórios)mas o preço do aluguer já é dinheiro suficiente.. o que nãopode é com a águaprocurar ter dinheiro para outras "coisas"...e mais não digo!

04 março, 2006 12:34  

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