04 março 2006

À MINGUA

foto de Luís Zilhão



1. Em 2005, a Câmara comprou a água à Empresa Águas do Cavado, SA. ao preço de 0,40€/m3 e vendeu-a aos Poveiros a 1,05€/m3, ou seja, 1,6 vezes mais cara!
Para 2006, o custo da água no fornecedor passou para 0,43€/m3.
No início de Novembro passado, o Presidente da Câmara anunciou que, para 2006, iria aumentar 7,5 % o preço da água e das tarifas associadas. Ou seja, passaria a vendê-la aos Poveiros a 1,13€/m3!

2. Os Vereadores socialistas usaram os números do retrato da gestão municipal da água (referidos no Post anterior) para exprimir a necessidade de se elaborar um Plano de Gestão Racional da Água.
Esses números também serviram como argumento político para garantir, na reunião da Câmara de 28 de Novembro de 2005, que o preço da água em 2006 apenas fosse aumentado 2,3% (valor da inflação) e não 7,5%, e que a Tarifa de Salubridade fosse congelada, não sofrendo qualquer aumento.

3. Também serviram para que a Maioria PSD assumisse o compromisso de, durante o ano, ser estudado um novo Regulamento de modo a rever o tarifário e a trazer mais justiça social para o sistema.

4. Neste contexto, e numa perspectiva solidária com um dos grupos sociais mais frágeis, os idosos, os Vereadores socialistas fizeram uma proposta com o objectivo de fazer o fornecimento gratuito de água aos pensionistas mais carenciados.
Na nossa sociedade o processo de envelhecimento é uma realidade, tanto nos tecidos urbanos como nos rurais e o crescente número de idosos arrasta consigo uma maior vulnerabilidade dos mesmos. Assim, sendo os idosos uma das camadas populacionais mais desprotegidas socialmente, pelo isolamento, pela perda de autonomia, por uma maior e, por vezes, total dependência, pela diminuição das capacidades físicas e cognitivas, pela diminuição dos rendimentos e pelo aumento das despesas, nomeadamente com medicação, torna-se necessário promover a dignificação e melhoria das suas condições de vida.”
É de toda a justiça que se tomem medidas de âmbito social que atenuem os encargos fixos das famílias mais carenciadas. E justifica-se que o Município se dispense da obtenção de lucro com a prestação de alguns serviços, quando os utilizadores desses serviços sejam pessoas que vivem com extremas dificuldades, perto do limiar da pobreza. O benefício que se propôs destinava-se a pessoas que, por força da idade avançada ou da incapacidade física, deixaram de reunir condições para obter o seu sustento.
Feitas as contas, este esforço da Autarquia teria um custo anual de cerca de 25.800,00 €!

Esta proposta foi absolutamente chumbada pela Maioria no poder!
Os eleitos pelo PSD justificaram o chumbo acusando os Vereadores Socialistas de ânsia de protagonismo, oportunismo, demagogia populista e da utilização dos carenciados como arma de arremesso político!

Mas, por causa do preconceito que troca o essencial pela barganha politiqueira,
os carenciados continuam à míngua!