AGITAÇÃO PATÉTICA
Numa agitação patética, o linguarejar iníquo, indigno de um responsável institucional, ocupou quase completamente os sessenta minutos da entrevista, não deixando minuto que fosse nem serenidade que pudesse ser, para falar do que interessa verdadeiramente aos Poveiros.
Entremeou o parlatório com um fingido desabafo. "Não vou gastar cera com fraco defunto", atirou uma vez, repetiu a seguir e disse-o de novo. De cada vez que o dizia, traía-se de imediato, regressando ao jogo de atirar pedras aos que lhe apetecia que fossem defuntos, mas que, por ironia da vida, não o são. Obcessivo, gastou colmeias de cera, incontroladamente...
É por isso que se torna útil este exercício simples: porque andará o Caudilho tão nervoso e tão agressivo com os Socialistas?
O arquétipo da política paroquial GOSTARIA de impedir os Socialistas de fazerem propostas e recomendações, porque, no seu entender, é ELE quem manda, foi ELE quem ganhou as eleições e não os outros!
Limitações de natureza incógnita impedem-no de perceber a vantagem em ouvir os outros, em aproveitar deles o entusiasmo e a sua vontade de colaborar na construção soluções!
Com esta birra de maioritário complexo (de inferioridade?) arrecada o efémero de umas libras de poder, por troca de obrigar a Póvoa a perder a vantagem que nasce de juntar sinergias!
Caudilho, à moda antiga, envenenado por irreprimíveis e sanguíneas tendências autoritárias, GOSTARIA também de impedir os Socialistas de conhecer o que se passa nos bastidores da Casa Grande!
Há coisas que lhe não convém que se saibam: por exemplo, quem recebe, verdadeiramente, as milionárias horas extraordinárias e porquê. Por isso se enerva tanto com os Requerimentos e os pedidos de Informação.
Veja-se outro exemplo. Há algum tempo atrás, quando instado a revelar quanto ganhava na Varzim Lazer, o Caudilho dizia que nada recebia. Os Poveiros acreditaram. Depois foi dizendo que eram apenas umas senhas de presença. Os Poveiros voltaram a acreditar. Os Socialistas fizeram um Requerimento, pediram informação por escrito. O próprio e a empresa municipal tentaram uma fuga em dó menor. A Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos obrigou-os a cumprir a Lei e a responder. Ficamos a saber que, afinal, por cada reunião o Caudilho recebia uma senha de presença de 249,00 € (quase um ordenado mínimo nacional!), e que somou alguns milhares de contos de senhas de presença! Peanuts!
Ninguém gosta que lhe descubram a careca!
O Caudilho é como toda a gente!
Além disso, não está habituado a contrariedades, ao confronto olhos nos olhos, com firmeza. Por isso, agride quem ousa discordar e quem ousa denunciar a nudez que lhe revela as misérias políticas!
Mas, se os Socialistas não podem propor soluções para a Póvoa, porque não ganharam as eleições e se não podem fiscalizar os actos do Executivo, como decorre dos seus legítimos direitos e deveres políticos, o que esperaria o Caudilho da Oposição?
Sem tergiversações, aqui fica a minha resposta: nem que chovam picaretas!