26 maio 2006

A QUINTA




Em 6 anos, os funcionários das autarquias aumentaram 51%, passando de 83.873 para 126.590 no final de 2005!
No mesmo dia que o Diário Económico revela a obesidade do funcionalismo público nas autarquias, outros jornais dão conta da oportuna conferência de imprensa realizada pelo Partido Socialista que, ontem, denunciou a existência de contratações na Câmara da Póvoa onde, segundo Renato Matos, “saltam à vista os compadrios, o amiguismo, quer por razões familiares, quer por filiações partidárias”.

Os mais recentes contemplados foram, desta vez: “uma familiar do Presidente da Câmara, uma familiar directa do Mandatário da Candidatura do PSD nas últimas eleições autárquicas, a filha de um funcionário da Câmara bastante influente na estrutura do PSD local e casada com um membro da Comissão Política Concelhia do PSD da Póvoa, a esposa de um funcionário da Câmara também ele membro do PSD local e secretário de uma Junta de Freguesia do PSD no concelho e um militante do PSD local e ex-presidente da JSD local”, lê-se na edição do Público de hoje.

Vejamos: do ponto de vista estritamente formal, os relatórios do Júri dos Concursos Públicos realizados veiculam informações tão genéricas que dificilmente podem ser reprovados.
No entanto, é no conteúdo do concurso e sobretudo no método de avaliação das competências utilizado, que reside uma das questões principais. Por um lado, na prova escrita os temas abordados são muitas vezes completamente irrelevantes e noutras nada têm que ver com a especificidade das funções para que se pretende contratar alguém. Por outro lado, da entrevista não há a menor informação que possa ser apreciada pela Vereação: é um exercício à porta fechada, sem transparência, que fica entre o Candidato e o Júri e este valoriza o que quer, sem deixar justificação ou registo escrito, quer das perguntas e da sua eventual pertinência, quer das respostas.
Como consequência, não raras vezes, o resultado final do candidato e a decisão do Júri sobre a escolha resulta sobretudo da nota obtida na entrevista que, assim, surge como determinante. Neste contexto é fácil dar preferência a quem se quer, sem que se possa por em causa a decisão do Júri por falta de elementos…para uma coisa, ou para outra, é certo!

Esta é, por isso, uma situação eticamente insustentável, sobretudo quando ainda se verifica que, a maioria dos candidatos vencedores (por causa de entrevistas vitoriosas) “já recebiam dinheiro da Câmara, através de vínculos laborais de natureza pouco clara”, afirma Renato Matos. “Contratam-se pessoas a prazo, que estão na Câmara um, dois e três anos e depois abre-se o concurso. Assim, as pessoas já preenchem um dos factores de preferência que é terem experiência na função”. “Os concursos são abertos para a pessoa e não contrário”, acentuou Renato Matos.

Mas, antes do processo de recrutamento que deve ser revisto e melhorado em nome dos princípios da igualdade, da neutralidade, da isenção e da transparência, é indispensável agir com prudência na definição das necessidades e na caracterização dos perfis.
Para isso seria indispensável a institucionalização de um processo de planeamento anual das necessidades de recursos humanos. Isto implica a criação de um Departamento de Recursos Humanos tecnicamente apetrechado que faça, em cada momento, a leitura global e integrada do funcionamento dos diversos sectores municipais (necessidades, excedentes, mobilidade…) e desenvolva o processo anual de planeamento dos recursos atendendo às vocações disponíveis ou a contratar.
O mesmo é dizer que não se deve contratar avulsamente, mas de acordo com uma estratégia a médio e longo prazo.
Isto o disseram na Câmara os Vereadores socialistas, em 21 de Novembro de 2005.
Em vão…
...enquanto a Câmara da Póvoa se colesteriza e se confirma como a “empresa” que emprega mais gente no concelho!
Daí a surgirem atitudes de caciquismo, o passo é de anão!

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Proteger os correlegionários e empregar os familiares.É este o tipo de causas a que se referia o presidente do PSD local?? DESTAS CAUSAS O PS NÃO TEM.
Percebe-se agora porque razão o PSD chumbou uma proposta de Código de Ética que os Vereradores do PS propuseram há tempos.
Com o dinheiro dos contribuintes querem gerir a Câmara como se fosse sua propriedade.

26 maio, 2006 16:54  
Anonymous Anónimo said...

...neste momento vem-me à memória as figurinhas tristes de tantos funcionários da CMPV que durante a campanha eleitoral andavam a rodear o Macedo Vieira, a gritar PSD...
é um sinal de pobreza de espirito e pequenez mental essa gente sujeitar-se a tudo para conseguir um emprego... e obviamente q depois há q pagar promessas...
Porque n falou o Diamantino do Filho do Macedo Vieira??

26 maio, 2006 18:12  
Blogger renato gomes pereira said...

De facto as estatisticas revelam uma falha lacunar nos estudos de probabilidade na função publica...A regra seria que o funcionário x é mais ou menos familiar do funcionário Y numa variancia de quanto?

26 maio, 2006 18:56  
Anonymous Anónimo said...

O que veio a público ontem, não é novidade para nenhum municipe poveiro, desde que não ande com "palas".

Desde o filho do Sr. Presidente, e aqui não está em causa a pessoa, mas sim a competência para o desenpenho da função, até à família Adélio, de cuja "comunidade familiar", rara é a vivalma que não pertence aos quadros da autarquia, e tantos outros casos.

Sr. Dr. Macedo Vieira, serve a Câmara ou serve-se dela?

27 maio, 2006 13:14  
Blogger renato gomes pereira said...

Não sei o que anda afazer o Instituto Nacional de Estatistica...

è fundamental que responda á seguinte questão:
QUAIS SÂO AS PROBABILIDADES DE UM FUNCIONÀRIO PUBLICO SER FAMILIAR DIRECTO DO OUTRO FUNCIONÀRIO PUBLICO?


E verificada a resposta é pertinente a questão desta feita aos Sociólogos, por exemplo aos Dr Boaventura SS:

Porque é que isto é assim? e Porque severifica mais nas autarquias locais do que na Justiça?

27 maio, 2006 13:55  
Anonymous Anónimo said...

Uma das cenas mais tristes a que assisti na sequência deste "caso", foi a demagogia política (do mais baixo que se pode imaginar) criada pelo Sr. Diamantino, quando diz que também existem familiares de políticos do PS na Câmara.

O que os responsáveis do PS denunciam é um concurso de admissão de quadros que está totalmente (conta)minado e podre.

Não, Sr. Diamantino, ninguém acusa o PSD de ter familiares na Câmara a trabalhar (com o mesmo nível de demagogia que utilizou, poderíamos dizer que são estupidamente mais os do PSD que os do PS...). O que está em causa é um favorecimento descarado e sem escrúpulos que só uma mente verdadeiramente perversa é incapaz de assumir.

Andam a gozar connosco e nós apenas podemos assistir.

cidadão anónimo

27 maio, 2006 16:51  
Anonymous Anónimo said...

Este é um problema de fundo.

Veja-se aqui ao lado em Vila do Conde. Aí, sim, a situação é mesmo crítica: famílias e famílias de xuxas ao serviço de sua majestade, o D. Careca.

Os xuxas que não venham para aqui atirar pedras, pois também têm telhados de vidro.

29 maio, 2006 10:40  
Anonymous Anónimo said...

Ó esperto, porque é que tentas escamotear o que se passa na Póvoa trazendo outros casos à colação?
De certo que fazes parte da comandita, não é?
É que o erro tanto o é numa terra como noutra! Não é uma questão de partidos, mas de gente oportunista, desonesta, que se seve dos lugares para benefício próprio e dos amigalhaços!
Mas, está-se a falar da Póvoa...e não das outras terras!
Não queres ser um poucochinho honesto para reconheceres que na Póvoa há demasiados casos de irregularidades, de oportunismo, de sacanagem?

29 maio, 2006 15:00  
Anonymous Anónimo said...

Ao anónimo das 29 Maio, 2006 15:00

Concordo plenamente contigo: isto não é uma questão política. Se o PSD é mau o PS é medíocre; e vice versa.

Neste aspecto das cunhas, PS e PSD é tudo a mesma corja.

Não percebo é a lata deste arquitectozeco de meia tijela ter a lata de fazer comentários destes.

...é mais um tiro no pé!

30 maio, 2006 11:31  

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