Quando por toda a Europa se expande um movimento abrangente que propõe um novo paradigma de mobilidade como base do desenvolvimento sustentável…
Quando, em Portugal, o Instituto do Ambiente desenvolve um Programa para a elaboração de Planos Municipais de Mobilidade Sustentável, a que se candidataram 124 autarquias – a Póvoa, claro, assobiou para o lado... -, das quais, as 40 seleccionadas para a 1.ª fase estão a trabalhar em velocidade de cruzeiro…
Quando, nesse âmbito, se organizaram diversos Centros Universitários distribuídos pelo país, para auxiliar as Câmaras Municipais a compor os seus próprios modelos de mobilidade…
Quando cidades portuguesas de média dimensão desenvolvem experiências de sucesso na criação de serviços de transportes públicos urbanos e na qualificação do espaço de encontro e de contacto, como são os casos de Vila Real e de Évora entre tantas…, pelos quais se demonstra que basta haver entendimento e vontade politica para que tudo seja possível…
Quando é cada vez mais assumida pela vanguarda do pensamento da gestão urbanística que a mobilidade é um tema relevante e premente, que envolve toda a sociedade, num tempo em que o crescimento das cidades lançam importantes questões a governantes, empresas e instituições…
Quando outras cidades querem avançar com a mobilidade para todos, e vão estudando as suas especificidades locais, enquanto organizam oportunidades de informação, sensibilização, reflexão e debate, como aconteceu recentemente em Santa Maria da Feira e acontecera no próximo dia 24 em Ílhavo e, entre nós com o PROJECTO BOLINA, por iniciativa dos Vereadores do Partido Socialista na C.M. da Póvoa de Varzim, com o apoio do Grupo de Urbanismo e Mobilidade do PS…
Quando o PROJECTO BOLINA, pelo seu conteúdo e pela sua oportunidade, é valorizado e enaltecido por especialistas de reconhecido mérito, que têm liderado importantes projectos de mobilidade e de transportes, como é o caso do Professor Catedrático do IST e membro da Federação Internacional da Habitação e Urbanismo, Fernando Nunes da Silva, ou do Professor da UTAD e membro da equipa do Projecto Europeu de Investigação Científica “VIRIATUS – Veihicle Impacte Reduction Initiative Adapting Transportation – Management in Urban System”, Adriano Pinto de Sousa, ou da Chefe da Divisão de Estratégias para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do Instituto do Ambiente, Dra. Regina Vilão ou, ainda, pelo Administrador Executivo da SITEE-EM e Vice-Presidente da Assembleia-Geral da Associação Portuguesa das Empresas Municipais, Eng.º António Quenino …
Quando tantos “quandos” fazem o quando inevitável de um quotidiano que une na mesma causa comum a Universidade, arquitectos e urbanistas, organismos dos Estados e organizações cívicas e não governamentais vocacionadas para a defesa do ambiente e da qualidade de vida, e exige de nós uma tomada de consciência e uma mudança radical de comportamentos na nossa relação com a cidade, com as actividades e com o modo como nos movemos…
Eis que chega, atrasado, montado na última onda hertziana, o Arquitecto do Rei para dizer que o Projecto Bolina é uma utopia! Não é mau, é uma coisinha simpática, mas que ninguém precisa e ainda por cima impossível de pôr em prática, uma utopia!
Esquece o Arquitecto do Rei que “Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos; é porque não ousamos que elas são difíceis.”
Sabe-se que a falta de rasgo há muito faz parte da rotina real. Talvez por o saber também, o Arquitecto do Rei se refira ao Projecto Bolina como uma utopia na exacta medida da falta de vontade política de quem detém o poder!
Dizer que a Póvoa não precisa de mobilidade sustentável e não reconhecer todas as fragilidades e constrangimentos existentes (um simples inquérito on-line, organizado pelo Póvoa Semanário registou que os transportes existentes são maus para 80% das pessoas que responderam), é o mesmo que insistir que é o Sol que gira em volta da Terra.
O Arquitecto do Rei e os seus alter-egos - o docente e o político – têm um denominador comum: a responsabilidade social. E a responsabilidade social implica esclarecer e não obscurecer! Tanto mais que maior responsabilidade tem, por estar ao lado da mão que segura o ceptro.
Talvez permaneça lá pelos séculos idos e só uma máquina de viajar no tempo lhe permitiria estar por cá. Mas se, pelo menos, se deixasse invadir por um pouco de curiosidade e de interesse, e tivesse estado há oito dias na conferência sobre Planos de Mobilidade Sustentável, e anteontem naquela em que ouvimos falar de soluções de transporte urbano com sucesso, talvez percebesse como atrasa a Historia com a sua hesitação mesquinha de desprezo por um trabalho de muitos meses, que outros fizeram com entusiasmo, apesar dos parcos meios de que dispõem.
O Ciclo de Conferências organizado no âmbito do PROJECTO BOLINA tem trazido à Póvoa de Varzim técnicos altamente especializados para nos dar a conhecer as experiências em curso, todos elas resultantes de processos de vontade política, em exercícios dinâmicos de pensamento e criatividade e, por isso, com êxito.
Nas duas Conferências realizadas, na sala esteve muita gente, e muitos dos presentes vieram de outras terras, de distâncias muito maiores que as que separam a Biblioteca da Praça do Almada.
A Comunicação Social, local e regional, percebeu a importância do tema e a sua utilidade pública, e tem coberto a iniciativa com boas reportagens…
Mesmo correndo o risco de ser utópico, fica um desafio: leia o Projecto Bolina, apareça às Conferências que ainda faltam, ouça, como nós ouvimos, o que os que já fizeram têm a dizer. Vamos aprender todos juntos e vamos transformar a Póvoa para melhor!
E, já agora, em vez de dizer ao Rei o que o acha que o Rei gosta de ouvir, porque não ajuda o Rei, e já agora o Povo, mostrando ao Rei os verdadeiros caminhos da contemporaneidade, aqueles que nos chegam da Europa civilizada, mas, sobretudo, do Portugal que vai mais à frente?
O PROJECTO BOLINA não é utópico… porque já esta a marcar a agenda política, centrando o debate num tema essencial: a Mobilidade Sustentável.