CELEBRAR ABRIL





Num tempo em que, na agenda politica, prevalece o efémero e o acessório sobre o que é essencial e exige perenidade, há que reafirmar a ideia base que emana do sonho proposto, escancaradas as portas que Abril abriu: é preciso sempre mais Democracia, como seiva do Desenvolvimento que só é possível com Justiça Social.
As pessoas têm que ser os destinatários principais da acção política e da economia. A nossa causa - do Estado, das Autarquias, das organizações cívicas e de cada um de nós – tem de ser assegurar o direito à Felicidade a todos os cidadãos, homens e mulheres, novos e velhos!
O diagnóstico é conhecido e partilhado por todos há muito. Neste Portugal radicalmente transformado e incomparavelmente melhor do que nas horas dos dias de breu da ditadura fascista, há progresso e modernidade. Mas permanece por resolver a exclusão e com isso fica incompleta a cidadania e se atrasa a História. Centenas de milhares de desempregados e dois milhões de portugueses no limiar da pobreza…Cada vez mais pobres e cada mais ricos os ricos. O país europeu onde existe o maior fosso entre os que têm tudo e até demais, e aqueles que pouco têm ou quase nada.
É preciso passar do diagnóstico a uma resposta firme, efectiva e eficaz.
No país e na nossa vizinhança. Na Póvoa, em Aver-o-Mar, Balasar e na Estela, e noutros recantos distraídos da nossa terra, não é possível ficar indiferente à margem onde a vida se esqueceu de muitos dos nossos concidadãos e nem a palavra esperança consta do dicionário do quotidiano.
O 25 de Abril é o lugar onde regressamos para ver tudo mais claro. O que quer que façamos a seguir é o resultado da escolha. Hoje, de novo, importa que a escolha seja o sonho de um mundo mais justo e um caminho determinado pela vontade e não apenas mais uma ressaca depois da festa.
Duas notas em rodapé : no Marco de Canaveses pós o impossível Ferreira Torres, pela primeira vez comemora-se o Dia da Liberdade.
Na Madeira, o Al-berto fechou a ilha às comemorações do 25 de Abril, o mesmo dia que está na génese da autonomia insular e sem o qual, João Jardim, o Al-fechado, não seria livre, até para insultar a nossa história colectiva e os nossos valores.