14 abril 2006

AO CONTRÁRIO

Foto de Paulo César

Ele veste a sombra do pecado, faz escolhas vespertinas e viperinas quando agarra os momentos de ausência de quem quer crucificar publicamente.
Com uma fina linha de seiva encarnada, que estica os caninos até ao queixo, cumpre a mais crua e despudorada cobardia, depois de morder os que lhe descobrem a convexidade calva.
Sempre que lhe fazem perguntas sobre isto ou aquilo, quando quer que isto e aquilo permaneçam no sossego dos seus arquivos, ele troca a face de cera por um nervosismo agressivo.
Nesses espasmos de raiva tenta fulminar o perguntador que acusa de desconfiar.
Mas, por causa do sabão mal imitado, cada vez mais se justifica ao perguntador a cartesiana dúvida metódica… na esperança fugaz de que as verdades oficiais possam um dia coincidir com a Verdade!