12 junho 2011

DISCURSO OU REMORSO NÃO ASSUMIDO?



No 10 de Junho, o rígido Cavaco Silva que nunca se engana e raramente tem dúvidas, descobriu a resiliência e que é indispensável o regresso ao campo!
Inopinadamente, o Professor vem dizer que o país não poderá ser auto-suficiente em matéria alimentar, mas entende que os actuais níveis de produção e os seis mil milhões de euros gastos na importação de bens agrícolas, contra três mil milhões registados nas exportações, são insustentáveis e exigem dos poderes políticos uma actuação determinada para se conseguir inverter esta situação.
E nesta senda descobridora, qual navegador dos tempos modernos, o presidente laranja veio lembrar o progressivo envelhecimento da população agrícola, e propor a criação de estímulos para que os jovens regressem aos campos e ajudem, também, a inverter a actual desertificação do Interior.
Ao que chega a lata.
Cavaco Silva esqueceu-se, ou pratica o esquecimento conveniente. Ontem voltou ao exercício em que demonstra não possuir a dignidade intelectual e política para reconhecer que foi um primeiro-ministro algarvio de nome Aníbal quem mais contribuiu para destruir a agricultura e as pescas de Portugal, impondo-nos os interesses dos produtores da estranja de quem agora dependemos, pagando para abater vinhas e barcos, desertificando o interior do país e criando periferias de pobreza no litoral!
E o que é mais grave é que o algarvio presidente pode dizer coisas novas escondendo as outras porque beneficiar da tradicional memória de peixe do poviléu!
Isto não foi um discurso! Isto foi um remorso não assumido!
Impõe a honestidade cívica que se reconheça que se houve gente que desde o primeiro momento se fartou de alertar para o desmantelamento do sector primário nacional foram os comunistas. Mas, sempre que falavam, os ouvidos ficavam moucos, as mentes turvas e a boca abria-se para resmungar que era a “cassete”!
Pois é! Cavaco reencontrou-se com a cassete no fundo do baú que ele e os seus espelhados convivas ideológicos construíram enquanto, à mesa da última ceia, vendiam a independência alimentar de Portugal em troca de um modelo de económico que, afinal, nos meteu na enrascada em que hoje vivemos.
E cassete nos seus lábios deixou de ser cassete. Passou a ser estratégia de desenvolvimento! Fantástico!
Quem diria que iríamos estar finalmente de acordo?


VER O QUE ESCREVI EM 2005, EM MAIO DE 2010 E EM FEVEREIRO DESTE ANO.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

VER COMO CAVACO SILVA REPRIMIA OS AGRICULTORES QUE EM 1992 QUERIAM PRODUZIR...

http://5dias.net/2011/06/12/emprenhar-pelos-ouvidos-com-a-agricultura-nacional/

12 junho, 2011 18:14  
Blogger Manuel CD Figueiredo said...

Nunca será demais relembrar o que foi a governação de Cavaco Silva, enquanto PM deste país que ajudou a desgraçar(pois estamos desgraçados...).
E será bom não ir esquecendo a fraca actuação do mesmo senhor, enquanto PR, que nada de francamente positivo, e concreto, tem oferecido aos portugueses.
Mas não é apenas conveniente não esquecer; é preciso ir, amiúde, lembrando.
Eu, em plena consciência, não retiraria uma vírgula a este texto.

13 junho, 2011 20:39  

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