MASDAR, A ECOPOLIS ÁRABE



Para essa gente, que prefere apoiar o desperdício de três milhões de contos na construção de um mega-parque subterrâneo que eternizará o excesso de carros no centro da cidade e que ainda está convencida de que uma cidade sem carros é um absurdo, utópico e completamente impossível, fica o exemplo árabe de Masdar.
Pouco depois de mais uma “Semana Sem Carros”, e ao mesmo tempo que se prepara o Congresso da Arquitectura Sustentável, a realizar na Universidade de Aveiro no próximo fim-de-semana, onde espero estar, regresso aos finais de 2007 por causa de Masdar, quando estavam prestes a começar os trabalhos de construção da primeira cidade sem carbono do Mundo.
O projecto, saído do atelier do britânico Norman Foster, implica um investimento de 10 mil milhões de euros. A cidade “verde” ficará instalada junto do aeroporto de Abu Dhabi, sobre 700 hectares de deserto.
Não se conhece ao certo qual a expectativa de duração das reservas de petróleo dos Emirados Árabes Unidos. Não obstante, em entrevista ao Público publicada em Janeiro de 2008, Sultan-al-Jaber, administrador do projecto, disse: “Como grandes produtores de petróleo, não somos contra as energias renováveis. Na verdade, a mistura pode ajudar a estender a vida das nossas reservas de petróleo e gás natural”.
Diz quem a visitou que, a cidade de Abu Dhabi – capital dos Emirados Árabes Unidos, possui os sinais clássicos da opulência do petróleo. Tem avenidas largas e auto-estradas impecáveis. A frota automóvel é nova, numerosa a não poupa em cilindradas. Edifícios altos e arranha-céus abrigam hotéis, escritórios, grandes empresas. É um oásis ocidental no deserto. Pode soar contraditório, mas o Abu Dhabi, com as quintas maiores reservas petrolíferas do mundo - quer ser o campeão global das renováveis. E está a construir a primeira cidade completamente sustentável do mundo, cuja vida será garantida com recurso exclusivo a energias renováveis. Curiosamente, em Masdar – que em árabe significa “a fonte” – o petróleo será inútil para os seus 40.000 residentes e para os 50.000 trabalhadores que aí acorrerão diariamente.
Uma cidade com zero emissões de carbono, sem desperdícios, sem lixo e sem agressões ao ozono. Masdar será o modelo do desenvolvimento sustentável do futuro. Com seis milhões de metros quadrados, os princípios conceptuais, diz Norman Foster, são os de uma cidade energeticamente eficiente, a ser construída em duas fases. Primeiro, garante-se a instalação de uma enorme fábrica de energia fotovoltaica. Depois, passa-se a um crescimento urbano cuidadoso, evitando a dispersão dos habitantes e uma baixa densidade populacional. Evitando o que venho apelidando de “urbanismo de salto de rã”, que tem consumindo de forma irracional o território à volta das nossas cidades.
O país tem 12 horas de sol por dia: a energia solar vai ser a mais utilizada. Para as habitações, o atelier de Norman Foster projectou edifícios baixos com painéis solares no telhado. Além disso é indispensável evitar meios de transporte poluentes. Não haverá carros na cidade da Masdar Initiative. Qualquer transporte, loja, entidade ou instituição estará a uma distância máxima de 200 metros. Para isso foi projectada “uma rede compacta de ruas” com zonas constantes de sombra como a melhor forma de encorajar as pessoas a andar, protegendo-as das condições climatéricas extremas – ou seja, o calor infernal próprio da região – a que o Abu Dhabi está exposto. Além disso, a rede de transportes é rápida e pode ser personalizada. Na cidade sem carros, os habitantes deslocar-se-ão através de um metro ligeiro de superfície e de um sistema de transporte individual, subterrâneo, em pequenos veículos eléctricos.
Segundo a Foster + Partners, a densidade constante será de 296 pessoas por hectare, a viver e a trabalhar. Se contarmos apenas os habitantes nos limites da cidade, o número desce para 136 pessoas por hectare. Os edifícios terão um máximo de 40 metros de altura e entre quatro a seis andares.
Entre as áreas recreativas, zonas desportivas e centros para turistas, a cidade estará totalmente equipada com as instalações necessárias para ser auto-suficiente. Haverá centros de reciclagem, centrais para tratamento de resíduos, centrais para tratamento da água e ainda três plantações de espécies diversas para a produção de bens alimentares e de biocombustíveis.
Segundo a Foster + Partners, a densidade constante será de 296 pessoas por hectare, a viver e a trabalhar. Se contarmos apenas os habitantes nos limites da cidade, o número desce para 136 pessoas por hectare. Os edifícios terão um máximo de 40 metros de altura e entre quatro a seis andares.
Entre as áreas recreativas, zonas desportivas e centros para turistas, a cidade estará totalmente equipada com as instalações necessárias para ser auto-suficiente. Haverá centros de reciclagem, centrais para tratamento de resíduos, centrais para tratamento da água e ainda três plantações de espécies diversas para a produção de bens alimentares e de biocombustíveis.
“A expansão está cuidadosamente planeada”, garante o atelier de Norman Foster, acrescentando que o horizonte da cidade irá também ser preenchido com ‘clusters’ de energia eólica e fotovoltaica.Por fim, não faltará uma universidade, a sede da Abu Dhabi Future Energy Company, um centro de inovação e zonas económicas especiais – livre de impostos, onde se pretende atrair até 1500 empresas com um pacote interessante de incentivos.
Masdar, pronta em 2013, tirará partido da brisa do mar e terá uma “muralha” que a protegerá do calor do deserto e do barulho provocado pelo funcionamento do aeroporto.
Fora dos muros, o Abu Dhabi vai apostar numa central de produção de hidrogénio, a partir do gás natural, que será utilizado para alimentar uma central eléctrica.
Num dos países que mais tem sido beneficiado com a ditadura do automóvel, nasce uma cidade de 40 mil habitantes absolutamente sem carros. Em Abu Dhabi está a ser construída MASDAR, a primeira cidade livre de carros, apenas com um sistema de metro ligeiro.
É inevitável recordar o PROJECTO BOLINA e as suas propostas para uma mobilidade sustentável, mas também a forma arrogante e absurda como foi “chumabado” por uma maioria política anacrónica, ignorante e irresponsável perante o presente e sobretudo, perante o futuro.
Para essa gente, que prefere apoiar o desperdício de três milhões de contos na construção de um mega-parque subterrâneo que eternizará o excesso de carros no centro da cidade e que ainda está convencida de que uma cidade sem carros é um absurdo, utópico e completamente impossível, fica o exemplo árabe de Masdar.
Masdar, pronta em 2013, tirará partido da brisa do mar e terá uma “muralha” que a protegerá do calor do deserto e do barulho provocado pelo funcionamento do aeroporto.
Fora dos muros, o Abu Dhabi vai apostar numa central de produção de hidrogénio, a partir do gás natural, que será utilizado para alimentar uma central eléctrica.
Num dos países que mais tem sido beneficiado com a ditadura do automóvel, nasce uma cidade de 40 mil habitantes absolutamente sem carros. Em Abu Dhabi está a ser construída MASDAR, a primeira cidade livre de carros, apenas com um sistema de metro ligeiro.
É inevitável recordar o PROJECTO BOLINA e as suas propostas para uma mobilidade sustentável, mas também a forma arrogante e absurda como foi “chumabado” por uma maioria política anacrónica, ignorante e irresponsável perante o presente e sobretudo, perante o futuro.
Para essa gente, que prefere apoiar o desperdício de três milhões de contos na construção de um mega-parque subterrâneo que eternizará o excesso de carros no centro da cidade e que ainda está convencida de que uma cidade sem carros é um absurdo, utópico e completamente impossível, fica o exemplo árabe de Masdar.