ATÉ UM BIFE MAL PASSADO PRECISA DE TEMPO
Sempre que me é pedido um trabalho em tempo impossível, argumento que o excesso de rapidez é inimigo da qualidade, porque até um bife mal passado precisa de tempo.
O tempo é indispensável para fazer Arquitectura, confirma Eduardo Souto de Moura na entrevista que concedeu ao Expresso esta semana.
O tempo é indispensável para fazer Arquitectura, confirma Eduardo Souto de Moura na entrevista que concedeu ao Expresso esta semana.
Diz ele: (…) “O problema número um para mudar; não se pode continuar a fazer projectos com os prazos que os clientes impõem. Não é que não se consiga, o que se faz é mau. Copia-se tudo lá de fora, porque não se copia isso? Por exemplo, um projecto importante, num sítio importante, onde vão todos viver durante anos, que vai afectar muita gente, que custa mito dinheiro, e cá dão-nos um prazo de três ou quatro meses? Tudo atabalhoado. Depois diz-se: a obra resvalou. Uma mentira. O Estado e os clientes gostam de mentir a eles próprios. O português gosta de ser o “chico esperto”. A arquitectura é uma arte social que desenha espaços, mas a coisa mais importante para desenhar espaços é o tempo. É mais importante o tempo na arquitectura que o espaço. E lá fora, os projectos demoram o que for preciso, um ano, dois. E, se forem coisas complicadas em sítios públicos muito importantes, levam três anos, porque há um período de debate com maquetas, todas as câmaras têm um “stand” com os novos projectos, as pessoas fazem sugestões, vêm os partidos, as juntas de freguesia e o arquitecto vai anotando e mudando. E ando está tudo decidido, a construção é muito cara e então todo é detalhado ao milímetro e ninguém pode falar, nem o arquitecto pode ir à obra para não baralhar tudo. E a obra tem de andar muito rapidamente, seis ou sete meses. Aqui é contrário. Ou há eleições, ou porque vai chover no Inverno e é preciso começar no Verão, ou porque vamos perder averba da EU, os projectos são mal feitos. E como são mal feitos, têm pouca informação, levam o dobro do tempo. Depois há improvisos e isto dá um dispêndio de energia e financeiro brutal.” (…)
4 Comments:
Este post é mesmo chouriço para encher!!!!,
Não faltam temas interessantes para abordar.
por isso se fez a descolonização ás pressas...
eh! eh!
e o Infante D. henrique demorou muitos anos aplanear os descobrimentos...
moral da estória:
desastres em cima de desastres e quem paga são os Povos da Terra
caro amigo dei por mim a ler esta acta que se calhar o faria falar, http://www.cm-pvarzim.pt/municipio/camara-municipal/reunioes-e-deliberacoes/actas-de-2008/15%20Reuniao%20de%204%20de%20Agosto.pdf/view
Os bifes, excessivamente bem passados... podem provocar cancro...
No meio termo está a virtude.
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