21 setembro 2008

O EXEMPLO DE EANES


1.300.000 euros é muito dinheiro. Diz Fernando Madrinha e eu concordo.

Pois… Ramalho Eanes tinha direito a essa quantia e prescindiu de a receber!

Eanes tinha direito a receber os retroactivos de uma reforma que não foi paga durante décadas. Colocado perante a questão de a receber ou não o que lhe era devido por direito, Eanes disse que não a dinheiro que vinha do Estado. E, como também lembra Madrinha, o dinheiro do Estado, sendo dinheiro de todos, é muitas vezes encarado como dinheiro de ninguém, assim se condescendendo ou desculpando os abusos.
Eanes tinha direito a receber o que não era propriamente uma bagatela…e disse que não!
Eis um exemplo de cidadania e de grande elevação, a confirmar que, muito para além da Ética, ainda há lugar para a generosidade!

Perante tal exemplo de desprendimento, num país com inúmeros problemas, é impossível não fazer a comparação com o assalto aos lugares rendíveis das empresas púbicas, do estado e dos municípios, da acumulação de funções, tantas vezes simuladas, que rendem milhões aos seus praticantes… É impossível não olhar em volta e constatar que, mas, mais grave ainda, é existirem casos de abusos demonstrados, com os prevaricadores na mais impávida das impunidades políticas e legais!
Por cá, no lado oposto de Eanes, o lider da maioria absoluta que governa a Póvoa de Varzim dá um exemplo diferente.
Em 29 de Setembro de 2005, o Inspector Superior Principal da IGAT, na sequência da investigação solicitada pelo Partido Socialista propôs, em síntese, os seguintes procedimentos:
- levar ao conhecimento do Gabinete de Sua Excelência o Senhor Conselheiro Procurador-Geral da República, a matéria constante da informação produzida bem como os autos, atendendo aos antecedentes do processo e para os fins tidos por convenientes;
- remeter a mesma informação ao Sr. Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, para efeitos de, entre outras coisas, proceder às devidas e legais reposições a favor dos cofres da Autarquia.
Esta informação, respeitante ao Processo n.º S.P.131300-3/2004, foi comunicada ao Presidente da Câmara em 17 de Outubro de 2005 (ref.07759), como consta da Certidão da Informação n.º 278/2005 passada pelo IGAT em 20.12.2005.
Há quase um ano, questionado sobre se já havia devolvido aos cofres do Município que governa as verbas que, segundo a IGAT foram recebidas indevidamente, esconde-se na mudez e uma mudez assim é comprometedora!


Entretanto, a terra gira sobre si própria, dia após dia, distraída pela indiferença generalizada.
Silêncio atrás de silêncio, se um dia destes, alguém arranjar uma qualquer habilidade jurídica para passar a borracha sobre este abuso, não ficarei surpreendido!
Contudo, o exemplo radical de Eanes não precisa de ser seguido à letra…
Já seria bom cumprir o dever de devolver o que não nos pertence!

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Meu amigo, não se pode comparar água com vinho, e neste caso vinho de boa cepa,

Eanes é um miliar de carreira, desde muito cedo lhe foram incutidos valores de cidadania e de serviço á pátria, o dinheiro nada representa para quem se valoriza com estes principios,

Depois de reformado, Eanes ainda foi capaz de se doutorar com distinção, mais um valor que, no seu caso, é valorização pessoal e mais valia intelectual sem procura de retorno económico.

No meio castrense é normal encontar gente assim, não foi por acaso que, cedo, os profissionais da politica trataram de os encurralar nos quarteis.

Portugal ainda tem muitas dívidas por pagar a estes homens com H grande.

Não me parece nada digno para Eanes compará-lo com Macedo Vieira, eu diria mesmo que é abusivo fazê-lo, uma grande indignidade...

21 setembro, 2008 14:02  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

21 setembro, 2008 14:45  
Blogger CÁ 70 said...

Meu caro anónimo...
Ora aí está uma coisa que Eanes não faria: dar uma opinião como anónimo!

De qualquer modo, não indignidade em comparar o gesto elevadíssimo de Eanes com a falta de nível de outros.
Na, verdade é até pedagógico, por separa o trigo do joio.
A falta de diginidade, pelo contrário, está é nessa falta de nível, que pretendi denunciar.

J.J.Silva Garcia

21 setembro, 2008 17:53  
Blogger José Leite said...

Exemplo a seguir em muitos lados!

Tiro-lhe respeitosamente o meu chapéu!

22 setembro, 2008 09:32  
Anonymous Anónimo said...

“Meu amigo, não se pode comparar água com vinho, e neste caso vinho de boa cepa”

Contradição logo no começo apesar de estar de acordo com os dois, ambos tem a sua razão, como tal vou fazer a minha comparação baseada na dos dois:

Não se pode comparar água inquinada com Salmonelas, Legionellas e outros venenos com um vinho de boa cepa. A falta de dignidade, pelo contrário, está é nessa falta de nível, seria bom cumprir o dever de devolver o que não nos pertence!

22 setembro, 2008 13:22  
Anonymous Anónimo said...

Á muitos anos que comparo muitas vezes os actuais políticos aos imperadores romanos, ... estão acima de tudo e tudo podem e esqueceram o que está certo e o que está errado.
Tambem nós cidadãos esquecemos de os julgar em praça publica mas continuamos a fazê-lo com os drogados, os alcoolicos, os tolos, as prostitutas,etc.
Embora estes se arruinem e a gente observa isso no dia-a-dia, os politicos ARRUINAM-NOS.
Por exemplo: O dr. Dourado não fez mais do que um Ladrão. O dr. Macedo igual ou pior pois podia dar alguma dignidade ao erro cometido e devolver os €€€€.

16 outubro, 2008 12:23  

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