27 janeiro 2007
24 janeiro 2007
OS SEGREDOS NÃO SÃO ETERNOS

O Parlamento Europeu quer saber o que se passa e em Portugal varre-se para debaixo do tapete!
Ana Gomes não desiste e tem pedido que se esclareça o "conteúdo" dos voos da CIA em território português.
José Lello, embuído da mais tranquila consciência e com uma incontrolada delicadeza, disse que "no PS já não temos paciência para aturar essa senhora".
Lelo é um adjectivo designativo de "rapaz leviano, presunçoso, vaidoso". Mas não é, como José pretende, o apelido de Ana.
Vicente Jorge Silva pergunta: «Se quem não deve não teme, o Governo, o PS e os partidos da direita parecem ter muitas razões para dever e, por isso, para temer. Mas temer o quê? Que se confirme o servilismo político dos Governos anteriores em relação à Administração Bush? E que se conclua que o Governo socialista se deixou aprisionar no enredo tecido por Durão Barroso na cimeira das Lajes? Se Ana Gomes e a comissão de inquérito do Parlamento Europeu fossem apenas lunáticos perigosos e irresponsáveis, nada deveria impedir as autoridades de demonstrá-lo. Ora, ao não o fazerem, limitam-se a avolumar as suspeitas de encobrimento de um escândalo que pode provocar danos irreparáveis na imagem de credibilidade e dignidade do Estado português.»
(in Diário de Notícias)
No JN de hoje lê-se que "O Procurador Geral da República pediu ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) que investigasse o caso dos voos da CIA que alegadamente terão passado por território nacional, transportando para a base norte-americana de Guantánamo prisioneiros da guerra contra o terrorismo. Pinto Monteiro tomou a decisão no final da última semana, depois de, na quinta-feira, ter recebido em audiência um jornalista da "Visão", que tinha a informação de que algumas testemunhas desses alegados actos estariam em perigo."
O Procurador Geral da República acaba por atribuir relevância aos dados a que teve acesso. A entrega do caso ao DCIAP, encarregado de coordenar a direcção da investigação de crimes contra a paz e a humanidade e contra a segurança do Estado, mostra essa relevância.
Na próxima sexta-feira, Pinto Monteiro vai receber Ana Gomes!
Fica por fazer uma investigação ao José Lello, para tentar perceber a sua hostilidade contra a vontade de trazer luz a um caso tão grave!
Afinal, já não tenho é paciência para a agressividade de José, o Lello, sempre que alguém no PS vai contra a corrente!
Uma coisa é certa, o que quer que se tenha passado, há-se saber-se um dia!
Os segredos não são eternos!
20 janeiro 2007
TERRA DA TERRA

Sendo ambas as obras uma opção da Autarquia a desenvolver em continuidade, a boa prática de planear recomendaria que se garantisse que as terras retiradas de um lado fossem deslocadas para o outro, mantendo-se propriedade municipal. Deste modo, ficaria facilitada a tarefa do construtor da primeira obra quanto ao depósito dos materiais retirados da Avenida (num local onde a curta distância não pesasse na conta dos encargos), e ganharia a Autarquia ao ver reduzido o custo da outra obra que beneficiaria de terras “gratuitas” para cumprir um dos objectivos cujo impacto nos custos é significativo: a construção das colinas e ondulações da paisagem idealizada pelo Prof. Sidónio Pardal.
Tal coordenação de acções não aconteceu. Por isso, no âmbito do concurso público para a adjudicação da obra da 2ª. Fase do Parque Nascente faz parte da encomenda o fornecimento de um imenso volume de terras para aterro. Desta falta de planeamento resulta para o erário público uma perda que poderia ter sido evitada se os responsáveis pela planificação das obras municipais tivessem tido a preocupação atrás descrita.
Entretanto, verifica-se que as terras e outros materiais, que estão a ser retirados do subsolo da Mouzinho de Albuquerque, estão ser depositados nos terrenos destinados à nova obra do Parque Nascente. Este facto, a manter-se nas actuais condições e sem a introdução de correcções, pode vir a criar constrangimentos à Autarquia, o que é de todo indispensável evitar.
Na verdade, estando a decorrer o concurso público para essa empreitada, o facto altera um dos pressupostos básicos da consulta de preços: a quantidade de terras a fornecer prevista no Mapa de Quantidades. É óbvio que as terras já colocadas e aquelas que aí vierem a ser depositadas, diminuem as necessidades antes medidas da nova obra. Esse facto permite, a quem o conhecer, trabalhar com melhor estratégia os seus preços unitários, uma vez que, à partida, sabe que, para a materialização do projecto, não será necessário fornecer tanto material de aterro. Aproveitando a previsível redução de custos resultante da circunstância entretanto criada, pode preparar uma proposta com um preço global potencialmente vencedor.
Involuntariamente, uma tal situação pode constituir argumento suficiente para a impugnação da decisão que vier a sair do trabalho da Comissão de Apreciação de Propostas no âmbito do concurso de empreitada em curso. Por isso, é indispensável agir no sentido de repor condições de equidade no processo de consulta de preços.
Ao expor esta preocupação, procurou-se assegurar um ambiente de transparência e equidade no âmbito do concurso público para a execução da 2ª.Fase do Parque Nascente e evitar situações de constrangimento para a Câmara Municipal.
Confrontado com este alerta, o Vereador do Pelouro das Obras Municipais informou o colectivo que – por via do contrato firmado - as terras retiradas da obra da Av. Mouzinho de Albuquerque são pertença do respectivo Adjudicatário, estando este a utilizar os terrenos do futuro Parque da Cidade como depósito a título de empréstimo, uma vez que, atendendo à pequena distância que o separa do obra da Avenida, o local lhe é favorável; um vazadouro em local necessariamente mais distante, acarretar-lhe-ia maiores custos.
A explicação, todavia, reforça as preocupações atrás apontadas. É que, além do que lhe pode proporcionar a informação privilegiada que resulta do conhecimento da transferência e depósito de materiais que interessam à nova obra no seu local de execução, o proprietário dessas terras, no caso de vir a concorrer e a ser preterido em sede de concurso, poderá negociá-las com quem o vier a ganhar.
Ocorrendo tudo isto sem que a Autarquia possa beneficiar do que quer que seja, seria ajustado que a Câmara cobrasse uma importância pelo empréstimo do espaço onde estão a ser colocados os referidos materiais. Desse modo, na prática acabaria por fazer a sua apropriação gratuita, diminuindo as necessidades de aquisição no âmbito do novo Concurso. Tudo ficaria mais claro, bastando apenas completar tal iniciativa com a promoção da correspondente correcção das peças patenteadas a Concurso da empreitada para a 2ª.Fase do Parque Nascente.
O assunto foi exposto pelo Vereador da Oposição que, pela primeira vez, foi ouvido com serenidade pela Maioria. O Presidente reconheceu a pertinência da exposição e mostrou-se sensível à resolução do problema.
Manda o rigor e a honestidade intelectual que, do mesmo modo que em outras ocasiões foi criticado, hoje seja saudado pelo Vereador da Oposição.
Por isso, faço-o com sinceridade!
15 janeiro 2007
MARTIN LUTHER KING
MARTIN LUTHER KING nasceu em 15 de Janeiro de 1929, em Atlanta, na Georgia, EUA.
14 janeiro 2007
LIBERDADE DO ÍNTIMO
O debate hoje não incide sobre o valor indiscutível da vida intra-uterina.
Os defensores do NÃO querem manter a lei actual. Ao fazê-lo aceitam como boas as excepções que a lei hoje define e, desse modo relativizam afinal um valor que dizem não dever ser relativizado.
Na verdade, se estivesse em causa a vida de uma criança, quem aceitaria o infanticídio de deficientes profundos ou de filhos de violadores?
O debate hoje incide sobre o alargamento das razões em que não se condena a mulher em tribunal
É nisso que deve centrar-se a reflexão e o diálogo, que devem acontecer em ambiente de serenidade e seriedade intelectual.
Não foi o que se passou com a mensagem que um movimento pelo NÃO me enviou por e-mail. A mensagem tinha uma frase e uma imagem. A frase dizia: “Vota NÃO para que não haja mais imagens destas!”. A imagem representava um minúsculo feto ensanguentado numa mão!
A poeira demagógica atinge assim o efeito de um acto terrorista que nenhuma serenidade pode tolerar.
É que, além do mais, a actual lei não evitou nem evita um único aborto. É cúmplice da clandestinidade e só os torna mais perigosos, mais traumáticos e humilhantes.
Mas há,ainda, uma hipocrisia a denunciar e a combater: a que assenta na ideia bacoca de que a IVG deve manter-se como crime, mas que as mulheres que a pratiquem não devem ser submetidas a julgamento!
E há outra hipocrisia igualmente nauseabunda: a que, tomando-a como crime, assenta na prática de apenas condenar a mulher, quando não raro é o homem que, por não querer assumir a sua responsabilidade, cria as condições que impõem à mulher a interrupção da gravidez.
Pressinto que a maioria das mulheres está numa posição privilegiada para lidar com todos os processos éticos que a decisão implica, e são raríssimas as que fazem um aborto de ânimo leve, e muito menos as que, num universo de soluções que, não sendo infalíveis, permitem esse objectivo de forma mais segura, cómoda e, porque não dizê-lo, económica, o utilizam como sistemático instrumento de controlo da natalidade.
Das muitas razões que podem existir para uma mulher decidir interromper a gravidez, haverá as que são aceitáveis e que as podemos considerar incompreensíveis. Mas, a nossa incapacidade moral para as compreender deve passar a letra de lei com punição e prisão? É óbvio que não!
Há muito ruído em volta desta questão.
É preciso que regresse o silêncio, aquele mesmo que existe numa decisão que deve ser tomada no mais íntimo de quem tem que escolher e que não faz a escolha sem sofrimento.
06 janeiro 2007
QUEM TEM DIREITO AOS DIREITOS HUMANOS?
01 janeiro 2007
GLOBALIZAÇÃO DE ROSTO HUMANO
"The economy should work for people, and not the other way around."- Economic Justice for All
Cem por cento arábica, da Colômbia, “este café foi cultivado por mestres cafezeiros de cooperativas que trabalham segundo os critérios de Comércio Justo e respeitando o Meio Ambiente”, lê-se na embalagem assinada pela IDEAS – Inciativas de Economia Alternativa Y Solidária, com sede em Córdova.
Tomei o primeiro cimbalino de 2007 enquanto lia o caderno de Economia do Expresso. Na décima sexta página, a leitura ainda sabia mais a café! Uma infografia sintetizava uma das conclusões de um relatório da Catholic Relief Services, comparando as cadeias de comercialização do café no comércio tradicional e no Comércio Justo. Na primeira, inspirada pelo modelo da economia neo-liberal, os produtores em pequena escala e os trabalhadores das plantações recebem menos de 2% do preço de venda ao público do café que cultivam. Na cadeia do comércio justo, os custos permanecem os mesmos, mas a sua distribuição é diferente e mais equitativa. O jornalista Alexandre Coutinho explica que os produtores recebem um significativo aumento na remuneração do seu trabalho: 15 a 30% do preço de venda ao público, dependendo dos produtos. O restante reverte a favor das cooperativas e das lojas de comércio justo, para pagar custos de transporte, de aluguer de instalações, salários de funcionários e a promoção dos produtos. Ao contrário de muitos importadores comerciais, que pagam aos fornecedores a 60 ou 90 dias, as organizações de Comércio Justo asseguram pagamentos adiantados aos produtores, por forma a cobrir desde logo os custos com matérias primas e os custos básicos de produção.
Este novo sistema, alternativo às tradicionais regras capitalistas, comprova que é possível criar riqueza com maior justiça económica e social. E que é possível fazê-lo de forma sustentável e numa perspectiva ecológica. Que a utopia é, afinal, onde se chegará mais cedo ou mais tarde, quando se trata de cumprir a Natureza de que o Homem é parte.
No fundo, o Comércio Justo estabelece uma parceria inteligente entre produtores e consumidores que trabalham para ultrapassar as dificuldades enfrentadas pelos primeiros, para aumentar o seu acesso ao mercado e para promover o processo de desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o Comércio Justo não se rege apenas por critérios economicistas, mas tem em conta valores éticos, sociais e ecológicos. A sua missão é promover a equidade social, a protecção do ambiente e a segurança económica dos produtores mais desfavorecidos. Com esta parceria ficam garantidas as despesas básicas de alimentação, habitação condigna, educação e cuidados de saúde. Nela cabem a oferta de pré-financiamentos, de adiantamentos e de acesso ao microcrédito. Garantem-se condições de igualdade no emprego para homens e mulheres, recusando a exploração do trabalho infantil ou escravo. Apoiam-se os agricultores na melhoria dos seus métodos de produção, produtos, embalagens e no impacte ambiental, favorecendo a agricultura biológica.
Neste mundo que segue a sua trajectória numa rua diferente da estrada capitalista, a preocupação e o respeito pelas pessoas e pelo ambiente é colocado acima do lucro. Há abertura e transparência quanto à estrutura das organizações e todos os aspectos da sua actividade, e há informação partilhada entre todos os intervenientes na cadeia comercial sobre os seus produtos e métodos de comercialização. Há participação e envolvimento dos produtores, voluntários e empregados nas tomadas de decisão que os afectam. Há protecção dos direitos humanos, nomeadamente das mulheres, das crianças e dos povos indígenas. Há oportunidade para uma economia sustentável, um meio para combater a pobreza e até um modo de evitar que os pequenos agricultores da América Latina se dediquem à produção de droga como único recurso de sobrevivência.
Em 2006, o Comércio Justo cresceu 37% no mundo. Em Portugal existem já 12 lojas.
Assim se constrói a globalização com rosto humano, como gosta de desejar Mário Soares, e que confirma o erro de Fukyama: afinal, a História continua e o Capitalismo selvagem não triunfou.
Sorvido o primeiro cimbalino do ano, revisitar o movimento do Comércio Justo deixa uma energia renovada para continuar com paixão o Tempo, nesta corrida que começa a contar-se pela bimilesimasétima vez depois do Nascimento do Verbo.





