30 novembro 2006

TRANSPARÊNCIA ILUDIDA

foto de Frederico Dionísio



Ontem aconteceu de novo.

O Vereador da Oposição foi à Câmara. Pretendia consultar o processo de uma obra em curso que lhe suscita dúvidas. O seu objectivo era simples e óbvio: esclarecer-se!

O Vereador foi tratado com diligência pela funcionária que o atendeu e se dispôs a proporcionar-lhe os elementos solicitados para o dia seguinte.

Ontem, pela manhã, um telefonema informou-o de que estava tudo preparado. A consulta ficou marcada para as 15h00.

À hora marcada o Vereador da Oposição, já no novo e bonito espaço de atendimento ao público, foi informado de que a funcionária tinha recebido instruções para não lhe facultar a consulta do processo, e que, querendo fazê-lo, teria que o solicitar por escrito ao senhor Presidente da Câmara.

Ontem aconteceu de novo.
O Vereador da Oposição lá preencheu mais um Requerimento e preparou-se para mais uma espera ao sabor do humor de um despacho que atrasa a história por complexo de superioridade.

Durante a manhã, num outro lugar do mundo e da vida, vestido de cidadão comum, ouviu sete vezes uma expressão elucidativa de um vendedor de banha da cobra que vendia frases: “Ó meu senhor, eu sou um livro aberto”.
Foi tanta a insistência, que o Vereador decidiu comprar a versão setenta e sete da frase para a colecção de ditos universal! A aquisição foi-lhe útil. Depois de mais uma facada política contra a Democracia, só essa frase lhe ocorreu e outra conclusão se fez óbvia: “A Câmara é um livro aberto!”






28 novembro 2006

RESISTÊNCIA

foto de José Lopes



Li algures duas frases que se encontram no mesmo cruzamento da resistência.
Arthur Schopenhauer diz que “toda a verdade passa por três fases: primeiro é ridicularizada, depois é violentamente contrariada e por fim é aceite como sendo evidente”.
Mahatma Gandhi confirma que " primeiro ignoram-te, depois riem-se de ti, a seguir tentam combater-te, até que por fim tu vences!

É preciso tomar partido! Contra a mentira e a mordaça!
Elie Wiesel diria de um dos lados da barricada, por certo do lado do inconformismo e da ânsia de justiça que "a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado."
É preciso resistir!

24 novembro 2006

SÍNDROMA DO MADEIREIRO

o massacre dos plátanos do hospital

"Não é raro vermos numa praça pública abater-se sem protesto uma árvore. É até vulgar!... Quando a árvore começa a ser bela, esgalhada e enorme, cheia de ruídos e de sombra - surge o vereador e corta-a, sem imaginar sequer que mais vale um simples e humilde plátano do que um conselheiro de Estado. O político é inútil. Faz mais diferença à natureza o assassinato de uma grande árvore, que dá sombra e frescura, do que a morte de meia dúzia de conselheiros de Estado gravíssimos e calvos. Perdoem-me!"
in "Maio", de Raul Brandão, 1901
O que verificámos no Largo das Dores deixou-nos estupefactos!
Assistimos ao abate de praticamente todos os plátanos desse largo. Plátanos saudáveis, vetustos, de porte magnífico.
O que demorou anos e anos a crescer caiu por terra em tempo recorde.
Em vez de cirurgia plástica que melhora o conjunto partindo do que existe e se deve manter, optou-se pela decapitação cruel e fria.
Foi a vitória da moto-serra sobre o bisturi, numa expressão assassina do síndroma do madeireiro!
As árvores já lá estavam. Quem chegou foi o parque subterâneo. Num urbanismo inteligente, quem chega deve adaptar-se, valorizar e não destruir. Se tivesse existido o mínimo de respeito pelas vetustas e sadias árvores na concepção do parque subterrâneo, ter-se-íam procurado alternativas minimizadoras de impactos negativos para o ambiente, adaptando-se a forma à pré-existência.
A história do desenho urbano está cheia de exemplos positivos.
Se assim tivesse sido, por certo que os plátanos continuariam de pé, frente ao Hospital, “árvores cheias de ruídos e de sombra”.

19 novembro 2006

DEVOLVO À PULGA A COMICHÃO



Ouvi um chinfrim surdo, com cheiro a tipografia, numa página perdida de um suplemento mediático. Vinha bem lá de baixo, mesmo abaixo do solo, do subterrâneo vermeteiro.
O som anárquico, como o de qualquer ruído que ameaça a saúde pública, esticava-se acima da própria frequência, num hertziano esforço de ocupar um lugar na vida, por efémero que fosse.
A vida, complacente, cansada da insistência deu-lhe um minuto de atenção.
Exclamei: Outra vez, Vianez?
Ainda troquei palavras com a vida. Disse-lhe que não valia a pena ligar ao que é pequeno, quase invisível.A vida foi insistindo com o argumento de que até as pulgas merecem atenção por uma vez, nem que seja para lhes devolver a comichão.
Por isso, exclamei com paciência de chinês: Outra vez, Vianez?
Às duas por três, lá vem ele, soez, o novo cão de guarda da sordidez reinante!
Às duas por três dá-lhe o apagão. Apaga-se a frágil lucidez, indefesa perante o voluntarismo cúmplice das trevas medonhas.
Às duas por três, como um lobisomem em fase de lua-cheia, lá arreganha os dentes da mentira para agradar aos chefes e atira-se em passos adamastores à estrada da ignomínia. A mentira não é mais do que um expediente dos fracos e dos atrapalhados, um instrumento ao serviço de mais uma tentativa de assassinar politicamente os incómodos.
Compreende-se essa pouca origininalidade que o faz extensão e prolongamento escravo daquilo que já fizeram os seus deuses do momento. Cada um é como é, e faz as piruetas que a coluna vertebral lhe permite!
Mas, outra vez, Vianez?
Não achas demasiado grande essa minúscula pequenez
Daí de cima ,desse banquinho cego, com as mãos a impor surdez à mente, afinal o que vês?
Mas, sobretudo, como te vês?
Como na Bíblia, apontas a poeira nos olhos dos outros. Já a tranca que te turva a visão, essa não vês, não é Vianez?
Que exercício fizeste tu afinal senão o da reles maldicência, sem fundamento, mas prenhe de desonestidade intelectual, típica dos cães de guarda mais pavlovianos do mundo?
Chamado a reflectir sobre a expressão “Sou mediático, logo existo”, não perdeste um segundo, vencido pela imparável sineta que te desperta os instintos agressores contra os inconformados e os que não vão por aí!
Portaste-te à altura do tripé de onde espreitas, zé-ninguém que nada acrescenta, a não ser atrasos à civilização.
Ora, como não tenho medo da estupidez, nem nunca tive medo da canalha, publico aqui as tuas palavras, o pensamento obtuso de quem quis ser mediático mas não conseguiu disfarçar a viscosidade intelectual.
“(…) sou mediático, logo…existo. Vejamos a este propósito, aquilo que se passa na nossa terra com o líder da oposição no executivo, Arq. Silva Garcia, que utilizando o tabuleiro “blogueiro” ( é um meio de comunicação como outro qualquer), serve ou pensa que serve a comunidade Poveira com um conjunto de opiniões descabidas em relação a tudo o que mexa, ao bom jeito de “Eu-sei-de-tudo-e-sobre-tudo” e em tom de “Acima-de-mim-só-Deus”.
(…) Todos sabemos que quando o Arq. Silva Garcia é chamado a decidir numa situação verdadeiramente séria, tende a repetir um comportamento de inviabilização à partida, fazendo disso um objectivo de atitude política normalmente seguida de verdadeiros “lençóis” com a respectiva justificação de voto. (…)
(…) Este fenómeno é conhecido e tratado por especialistas da psicologia, dentro do capítulo da “Racionalidade de Ricochete”. A consequência deste comportamento, é que este tipo de políticos baseiam em razões e critérios completamente desajustados à realidade, a sua convicção sobre a melhor opção.(…)”
In A opinião que se publica, Joaquim Vianez – Póvoa Semanário, suplemento da edição de 2006.11.15
Depois da leitura deste exercício pinoquez, confirma-se que, ao contrário do que afirma sobre Silva Garcia, Vianez está convencido de que não é deste tipo de políticos: não tem opiniões descabidas, não tem o jeito de “Eu-sei-de-tudo-e-sobre-tudo”, nem o tom de “Acima-de-mim-só-Deus”. Não escreve nos lençóis os votos que não declara, nem cria factos e acontecimentos sem sustentação. Não utiliza a crueldade grosseira do tipo mal-dizer, nem fomenta as chamadas “Não-notícias”! Muito menos precisa de consultas de psicologia.
Vianez, perdido no poder da mentira, também não é uma Não-notícia!
Com Deus apenas acima de mim, concluo sem mais quês: o pensamento em viela de má fama do Joaquim, autodenominado falcão, do bando das aves de rapina, as da "politica real", nem sequer é VIA para NEZ (à francesa)! É poluição, é traição… faz mal à respiração!
Nota final.Procurei na enciclopédia a palavra vianez. Encontrei vianês (com ésse): significa vianense, natural de Viana. Mas, como o Falcão prefere o zê e não consta do Livro dos Assentamentos da Princesa do Lima, afinal não existe, ou não passa de um equívoco!
Se não existe, não pode ser mediático. Será, quando muito, um pesadelo medieval.

12 novembro 2006

FOTO MEMÓRIA



" Com a excepção teimosa de alguns colunistas portugueses, verifica-se um consenso global – tanto na América como fora dela – sobre o peso determinante da guerra do Iraque nas recentes eleições intercalares nos EUA. O próprio Presidente Bush retirou as devidas consequências dos resultados eleitorais, aceitando prontamente a demissão do Secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Note-se que esta decisão foi anunciada logo após o discurso de vitória da nova Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que exigiu uma reorientação da política norte-americana no Iraque e a demissão do Secretário da Defesa. Aznar, Blair e agora Bush não escaparam ao castigo político face às consequências catastróficas da invasão do Iraque. O então Primeiro-Ministro português, Durão Barroso, anfitrião dessa famigerada Cimeira das Lajes, tudo fez para aparecer na fotografia dos líderes presentes nessa reunião, que ficou internacionalmente conhecida como a Cimeira da Guerra. Para sorte nossa – dos portugueses -, os mais reputados jornais internacionais cortaram Barroso da fotografia que ele tanto ambicionava. Hoje, com o sentido de oportunidade e instinto de sobrevivência que lhe são reconhecidos, o actual Presidente da Comissão Europeia deve estar a pensar que, por vezes, nestas coisas das fotografias de cimeiras, há males que vêm por bem. Mas há quem não esqueça. Contra a impunidade política neste país de brandos costumes, aqui fica uma foto para recordar uma das páginas mais negras da história da política externa de Portugal
."
in MIC
O Partido Democrata norte-americano venceu as eleições para o Senado em Montana. Com esta vitória, os democratas conseguem 50 lugares no Senado, contra 49 dos republicanos, faltando conhecer ainda os resultados na Virgínia, que serão decisivos para se saber se os democratas alcançam ou não a maioria.

09 novembro 2006

DIGA LÁ



VOCÊ SABE O QUE É O SÍNDROMA DE EXTRAPOLAÇÃO-PARA-O-INFINITO?

06 novembro 2006

UTILIZADOR-PAGADOR

foto de António Manuel Pinto da Silva



Deste desta maré de impostos que empobrecem a classe média, da invenção de princípios que só se aplicam na medida das necessidades, que novas soluções para continuar a esgravatar dinheiro para o Orçamento de Estado?
Quem taxaremos? Como taxaremos? O que taxaremos? Eis o desafio…” desde que a Banca permaneça à margem e alguns possam continuar a beneficiar de off-shore!

O Comendador Marques de Correia, no Expresso, diz ter uma ideia fantástica: “a taxa sobre a respiração. Penso não ser a primeira vez que alguém se lembra disso, mas vem muito a propósito. E é ecologista, uma vez que do ar (oxigénio e azoto) que inspiramos, expiramos uma porcaria irrespirável que é o CO2 ou dióxido de carbono. Por isso, a transformação de ar puro em CO2 deve ser taxada. É o princípio do utilizador-pagador!
Uma taxa normal para pessoas normais, uma taxa agravada para asmáticos e sobretaxa de soluço, que é uma forma egoísta e privilegiada de inspirar mais ar do que aquele que é necessário.”