25 abril 2010

O QUE NÃO FAZ FALTA...



Esta é uma análise exclusivamente política, indispensável neste 25 de Abril de 2010.

O recurso à distorção do que é objectivo é a arma e a névoa que serve a quem não quer ver e não quer que se veja!
Por isso, por mais que me movam apenas valores e princípios, sei que vou ser mal interpretado.
Mas o assunto não é de natureza pessoal, e interessa a todos. Por isso prossigo!
Adiante.

Soubemos pelo Público do dia vinte, que a administração do Hospital de São João, alargou a sua gestão a este Hospital, dando o primeiro passo com vista à criação de um novo centro hospitalar.
“ Para além de António Ferreira, a nova administração do Hospital de Valongo conta com a enfermeira directora do Hospital de São João, Euridice Portela, e o advogado Renato Garrido Matos, que nas últimas eleições autárquicas defrontou Macedo Vieira (PSD) na Câmara da Póvoa de Varzim, alcançando o melhor resultado de sempre para o PS naquele concelho”, lê-se no PÚBLICO.

Renato Matos, líder do PS da Póvoa até há poucos dias e actual Vereador da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, eleito nas listas do Partido Socialista, foi nomeado para a Administração do Hospital de Valongo, sector assaz complexo que, provavelmente, exige o domínio de conhecimentos e sensibilidades específicas e experiência. E não apenas experiência política. Mesmo que a falta de formação específica e de experiência comprovada seja cada vez menos relevante nos tempos que correm, quando vale muito mais a utilidade política e há quem saiba fazer-se útil. Se assim não fosse, Rui Pedro Soares não teria sido nomeado para a PT.

Renato já esteve no Governo Civil do Porto, onde a nomeação terá sido mesmo por causa de proximidades e para funções políticas. Independentemente de qualquer mérito profissional, pelo menos isso tinha algum sentido.
Agora, tudo leva a crer que também foi nomeado na mesma lógica político-partidária. Neste caso, ao sê-lo para a administração de uma empresa do Estado, que exige mais do que um rosto num cartaz, num sector tão sensível como o da saúde, e, sobretudo, ao aceitar a nomeação, é dar um tiro no pé que desconstrói e arrasa as denúncias que vem justamente fazendo na Póvoa de Varzim, quanto à forma como a maioria PSD vai incorporando pessoas próximas do partido na estrutura orgânica municipal.

Ainda me lembro da conferência de imprensa realizada em
Maio de 2006 pelo Partido Socialista a denunciar a existência de contratações na Câmara da Póvoa onde, segundo Renato Matos, “saltam à vista os compadrios, o amiguismo, quer por razões familiares, quer por filiações partidárias”. Os contemplados teriam sido, dessa vez: “uma familiar do Presidente da Câmara, uma familiar directa do Mandatário da Candidatura do PSD nas últimas eleições autárquicas, a filha de um funcionário da Câmara bastante influente na estrutura do PSD local e casada com um membro da Comissão Política Concelhia do PSD da Póvoa, a esposa de um funcionário da Câmara também ele membro do PSD local e secretário de uma Junta de Freguesia do PSD no concelho e um militante do PSD local e ex-presidente da JSD local”, lia-se à época numa edição do Público.
Por cá todos sabemos que o PSD fomenta clientelas políticas e que vai agravando a despesa municipal com contratações por justificar, beneficiando pessoas próximas do aparelho partidário. Denunciamos isso mesmo e Renato agora consegue comprovar que, a outro nível, a cumplicidade partidária compensa.
Mas, a sua nomeação para a administração do Hospital de Valongo repete apenas o que se passa no país! Assim vai a nossa Democracia, e assim continuam a enviesar-se os caminhos dentro do Partido Socialista.
Digo o que vai na mente de muitos e de alguns que não têm coragem de o dizer deste modo. Não havendo evidentemente nada de pessoal nisto, move-me perplexidade e o facto de estar à esquerda da indiferença.
De qualquer modo, é provável que serei desancado pelos indefectíveis de serviço.
Um dia ouvia alguém afirmar num programa de rádio que eu era muito honesto e tecnicamente competente, mas que não era político! Nesse dia ficou definitivamente confirmado que o tal político que precisavam não era para resolver questões concretas dos cidadãos, mas para mover-se serpenteando habilmente nos jogos do poder. Foi por essas e por outras que, pelos meus próprios pés, acabei por renunciar ao mandato de Vereador e, por vontade própria, faço ainda a travessia do deserto.
Pelos valores em que acredito e pela coerência com o conteúdo das lutas que travei em nome de um projecto socialista para a sociedade portuguesa e para a Póvoa, continuo a estar indisponível para os jogos palacianos!
E não contem comigo para pactuar com um sistema que suporta um selecto grupo de gente indispensabilíssima devido àquela coisa obscena das “quotas político partidárias” que distribui lugares nas empresas públicas ou nas empresas privadas com ligações privilegiadas ao poder político!

Cumprimentei Renato Matos com gosto, pelo recente êxito nas eleições autárquicas!
Este não é, de todo, um momento para lhe dar parabéns
!



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O QUE FAZ FALTA


cartaz de Vieira da Silva

Ver FREEZONE

O QUE FAZ FALTA
Zeca Afonso

Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pão que comes sabe a merda
O que faz falta

O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta

Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta

Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta

Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta

Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta

O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta

Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta

O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é dar poder a malta
O que faz falta

22 abril 2010

DESGRAÇADO IMPOSTO ENCAPOTADO




Hoje soubemos que o Governo aprovou as portagens nas SCUT e que a medida entra em vigor no início do Verão.
A portagem na A28 é uma nova modalidade de imposto com que o Governo agrava ainda mais a vida das famílias e das empresas.
É um absurdo, um paradoxo quando se enche a boca com o desenvolvimento sustentável, um disparate contra a mobilidade e um acto contra a segurança e a qualidade ambiental dos centros urbanos que se alinham ao longo desta via.
E é um manifesto de indiferença arrogante, um gesto de vil desprezo pelos apelos de milhares de cidadãos, tanto mais intolerável quanto nem sequer se esforça por compreender as suas razões, razões de sobra que ignora para lavar a consciência.
Ser militante socialista neste momento, é experimentar, por isso mesmo, uma mágoa agravada!
Diante da surdez insensata e irritante do Governo, resta deixar que se instale o caos no centro das cidades e se potencia a raiva capaz de mobilizar, não apenas os automobilistas, mas todos os cidadãos contra esta agressão que o Governo faz ao nosso quotidiano, ao inventar-nos um novo imposto…encapotado.

11 abril 2010

É PRECISO MEXER COM ISTO!





Pelos vistos António mexia-se bem! Mexeu-se bem com Cavaco, Durão, Santana e, pelos vistos também se vai mexendo bem com Sócrates. Em 2009 recebeu 3.100.000 euros! Como ele há outros mais: um selecto grupo de gente indispensabilíssima que vive afogado em luxo devido àquela coisa manhosa e execrável das “quotas político partidárias” que distribui lugares nas empresas públicas ou nas empresas privadas com ligações privilegiadas ao poder político.

Mexia é um nome de futuro apressado. Na verdade, António devia chamar-se antes Mexe-se, apelido que fica bem a tantos como ele e que, hipocritamente, tentam passar ao lado da culpa por um sistema que os premeia de forma tão generosa.
Enquanto isso, o custo desmesurado da energia - a eléctrica e, de forma obscena, a dos combustíveis mexe com a nossa vida e não deixa mexer normalmente quem quer viver e trabalhar dignamente.
Prémios por conseguir lucros a gerir uma empresa que funciona em monopólio, vendendo um bem essencial que todos precisamos, e que não temos outro remédio senão pagar o preço que nos impuser? Resultados desta maneira até o Moedinhas do Passeio Alegre conseguia, apesar de não ter sequer a quarta classe e dever bastante às mais básicas funções de raciocínio!

Esta é uma questão ética e não se pode continuar sem mexer uma palha diante da iniquidade que tomou conta deste país!
É preciso mexer com isto de vez!
Mais do que repudiar, é inadiável arredar os mexias que se mexem bem à Direita e à Esquerda, e que, nesse baile insano, enchem despudoradamente a bolsa à custa de nos mexerem no bolso!

Manuel Alegre tem carradas de razão: é preciso um tecto máximo para os ordenados dessa horda que faz lucros à custa de todos e do país.

A situação é intolerável em qualquer circunstância de uma sociedade equilibrada. Mas torna-se escandalosa e pornográfica neste tempo português com mais de 500.000 pessoas no desemprego!

Se há um ordenado mínimo, é preciso que o ordenado máximo seja eticamente razoável! Que país é este que tolera que alguém ganhe 400 VEZES o ordenado mínimo?!
E quem é esse homem 400 vezes mais importante e com 400 vezes mais necessidades que um qualquer cidadão que ganha 100 contos por mês?