20 dezembro 2007

A ÁGUA E O CAPOTE III


ARGUMENTO IDIOSSÍNCRÁTICO (*) (**)

"O presidente da Câmara, Macedo Vieira, lembrou aos moradores que a construção dos depósitos, que vão substituir os de Alto de Pega (Vila do Conde), estava "projectada para aquele local há 20 anos".

Ao fundo da sala, uma voz feminina, com a força da evidência, fez a pergunta mais que perfeita:
“Então porque é que deixaram fazer as casas naquele lugar?”

Os ouvidos que já eram surdos ficaram moucos… Ao mesmo tempo, um serviçal, mais papista que o papa, mordia a língua e contorcia-se na cadeira mais do que o próprio sobrolho, irado, roído pela impossibilidade de viajar ao tempo da sala hitleriana onde sonhou espezinhar qualquer atrevimento de cidadania…

É absolutamente incompreensível que se instale um equipamento pesado paredes meias com um núcleo habitacional...
Por isso, fica aqui a oportunidade para cada um escolher a palavra que classifique o argumento, que revela bem a ideia que eles têm das pessoas e como se ordena o território:

I…NSTANTÂNEO?
I...RASCÍVEL?
I...NGÉNUO?
I...NTERESSANTE?
I...LUMINADO?
I…DILICO ?
I…DEAL ?
I…NTELIGENTE ?
I…NEDITO ?
I…RRACIONAL ?
I…MPOSSIVEL ?
I…NIMAGINAVEL ?
Ou simplesmente I…?


(*) IDI(O) – elemento de formação de palavras, de origem grega, que exprime a ideia de próprio, de si mesmo (Do grego ídios, “próprio”)
(**) IDIOSSINCRASIA – conjunto das disposições fisiológicas de cada individuo, que dão as suas associações um carácter subjectivo; temperamento peculiar de cada indivíduo. (Do grego idiosygkrasia, “constituição própria”)

19 dezembro 2007

A AGUA E O CAPOTE II

Quanto à presença dos moradores na reunião pública, (MACEDO VIEIRA) deixou o aviso "Eu não funciono sobre pressão!".
in JN, edição de 2007 12 19



Veja-se agora a pressão da água e como actuaram os moradores:

"EXPOSIÇÃO À CÂMARA MUNICIPAL DA PÓVOA DE VARZIM - 17.12..2007"
1.
Em 4 de Outubro de 2007, em Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara:
- alertámos para a profunda alteração da topografia do terreno que confina com as nossas casa a nascente (aterro com cerca de 4 m acima da cota do suporte natural ), com vista à implantação de depósitos de água da Aguas do Cávado, SA ;
- solicitámos informações quanto à legalidade desta intervenção;
2.
Em 20 de Novembro de 2007, em Requerimento ao Sr. Presidente da Câmara voltamos a pedir esclarecimentos quanto à legalidade da construção de vários depósitos de armazenamento de água, alertando de novo para o impacto negativo desta intervenção sobre a zona habitacional onde se insere.
3.
Em 15 de Novembro de 2007, solicitámos uma audiência ao Vereador com Competências Delegadas no âmbito da Divisão das Obras Particulares. No dia 19 de Novembro fomos contactados telefonicamente para nos informar que não nos receberia e que esperássemos pela recepção do seu despacho a propósito.
4.
Em 27 de Novembro de 2007, a resposta ao Requerimento de 4 de Outubro chegou-nos do Vereador com Competências Delegadas no âmbito da Divisão das Obras Particulares, na sequência do seu Despacho do dia 19 do mesmo mês.
A resposta não nos convenceu!
5.
Em 3 de Dezembro de 2007, entregámos ao Sr. Presidente da Câmara cópias dos quatros processos individuais desenvolvidos sobre este assunto e solicitámos uma audiência, com vista a expor-lhe pessoalmente as nossas preocupações, o nosso ponto de vista e a solicitar a sua intervenção no sentido de se suspender os trabalhos em curso e de se reformular a estratégia de localização e materialização dos referidos depósitos.
Em 12 de Dezembro de 2007, o Sr. Presidente da Câmara comunicou telefonicamente a um dos moradores a sua indisponibilidade para nos receber e ouvir!
6.
Na qualidade de munícipes poveiros, residentes na Rua Arminda Martins, em Beiriz, dirigimo-nos agora à Câmara Municipal – ao órgão colectivo -, para manifestar a nossa insatisfação e solicitar uma inequívoca e rápida intervenção com vista a evitar a consumação de um grave dano ao nosso quadro de vida.
(...) "

15 dezembro 2007

A ÁGUA E O CAPOTE


Imaginem que, para fazer um prédio circular, com 6 metros de altura e à roda de 400 m2 de implantação, um cidadão comum – daqueles bem comuns… - pedia à Câmara autorização para fazer um aterro artificial com 4 metros de altura, praticamente paredes meias com os anexos das casas dos vizinhos?
Imaginem que, além disso, aproximava a barriga do circular edifício dos limites da propriedade tanto, tanto, que dificilmente cumpria os planos, mas se impunha ameaçador aos quintais da vizinhança?
E imaginem que, dentro do edifício redondo, se guardava água, muita água - tanta quanta a que leva certas decisões políticas...-, que, em caso de ruptura, poderia inundar instantaneamente as casas do lado?
Será que a o DGUA assinava o parecer autorizador? E será que o Vereador com Competências Delegadas no Âmbito da Divisão assinaria o parecer assinado pelo DGUA?

Não, eles não assinariam tal dislate!

Mas, então o que aconteceu em Beiriz, quando, a “Administração Pública” (nas palavras dos serviços técnicos) decidiu construir duas novas células barrigudas para ampliação do reservatório para abastecimento de água da freguesia?

Numa resposta curiosa deu-se a entender que “em conformidade com o definido no n.º 2 do mesmo artigo – o 7.º do DL 555/99 de 16/12, diziam antes – a sua execução fica sujeita a parecer prévio não vinculativo da Câmara Municipal, parecer esse que foi solicitado e emitido.”

Adivinha-se que o tal parecer tenha ido na linha de uma resposta peculiar em que se diz que não se afigura que a implantação do reservatório "possa afectar negativamente as áreas envolventes, quer do ponto de vista paisagístico, quer da sua utilização”.

Pois… Se taparmos os olhos e não quisermos ver, há uma hipótese de terem razão!
Mas, não estamos habituados a fingir cegueiras convenientes e fomos ver. No sítio, já se percebe como o aterro destruiu o cenario e o ambiente e já se adivinha o perfil do mamarracho a escurecer o skyline.

Ao Presidente a tempo inteiro na autarquia foram dirigidos dois requerimentos. O Presidente, que tambem tem lugar não executivo na Adminstração da Águas do Cavado SA, sabe disto e assobia para o lado. Consta mesmo que não se disponibiliza a ouvir os cidadãos prejudicados pela barbaridade!

Entretanto, em 2 de Julho de 2004, o reservatório que se localiza a 200 m terá sofrido uma ruptura. Como consequência, os anexos das habitações sofreram infiltrações e danos diversos. Nessa altura, a água que se libertou do reservatório tinha à sua disposição uma imensa área de terreno que funcionou como manta de amortecimento ao seu impacto.
Agora, com a intervenção em curso, depois do aterro ter consumido mais de dois terços da área de amortecimento antes existente, qualquer ruptura num dos novos reservatórios terá, inevitavelmente, consequências mais graves: em parte divido à proximidade das habitações, e em parte devido à escassez de espaço de recepção e absorção das águas de fuga.
Em caso de ruptura, qual é o Plano de Emergência que será accionado para salvaguardar a segurança de pessoas e bens materiais?
Resta saber se os assinantes dos pareceres e os da sacudidela da água do capote gostariam de, inopinadamente, passar a viver de nariz esborrachado num barrigudo reservatório de água que se lhes plantasse na paisagem de um dia para o outro!!!
O capote é grande e transborda de sacudildelas irresponsáveis!
Uma coisa se impõe: que se suspenda imediatamente a barbárie e se encontre uma solução alternativa.
É indispensavel respeitar os direitos ao lugar dos residentes e isso faz-se com atenção e através de um ordenamento do território inteligente!

09 dezembro 2007

NÃO OLHE TANTO PARA O UMBIGO


Do blogue "A Lei do Funil" (larga para alguns - poucos-, estreita para todos os outros!) recuperei uma informação que conheço desde o período de investigação que fiz para o Projecto Bolina.

É sempre bom conhecer o que outros, noutros lugares, vão experimentando para, de uma só cajadada, ajudar a resolver o problema do congestionamento de trânsito nas cidades, reduzir a produção de CO2 e melhorar a condição física das pessoas.

Em Lyon estão a conseguir isso mesmo. O município criou um sistema de aluguer de bicicletas que põe à disposição dos cidadãos, 24h/24horas, 7 dias na semana, para fazerem as suas deslocações no interior da cidade.
Actualmente há 2000 bicicletas disponíveis e, brevemente, passará a haver 4000.

Para utilizar este serviço, os cidadãos fazem uma inscrição prévia, sendo-lhes atribuido um cartão electrónico, que serve para os identificar os utentes e debitar os custos da utilização das bicicletas.
Há bicicletas disponíveis em estações de distribuição que distam entre si não mais de 300 m. Para alugar uma bicicleta, existe em cada estação uma máquina onde se introduz o cartão e a senha de validação. Depois basta retirar uma das bicicletas disponíveis e usá-la. Se o tempo de utilização até à entrega noutra estação não ultrapassar 30 minutos o custo do aluguer é nulo! Se ultrapassar esse tempo e for menos de 1h30 pode custar entre 0,5 € e 1€ dependente do tipo de "contrato" que tiver feito com o município. Mas se tiver um passe de transportes públicos então a primeira hora é gratuita.

Claro que, na Póvoa, com uma Maioria cítrica tão displicente e treinada a sacudir a água do capote, tera de ser o mercado a criar algo de parecido...se for capaz!