01 dezembro 2008

ESTACA ZERO


1. O Plano Director Municipal da Póvoa de Varzim entrou em vigor em Agosto de 1995, cerca de um ano após a tomada de posse de Macedo Vieira no seu primeiro mandato como Presidente da Câmara. Era Primeiro-Ministro, Cavaco Silva.
2. Um ano de mandato decorrido não foi suficiente para elaborar um tão importante quanto complexo instrumento de gestão urbanística. Na verdade, os trabalhos que estão na sua génese foram iniciados no último mandato de Manuel Vaz.
A dupla Aires/Macedo, para além dos projectos e dos milhões herdados do seu antecessor, também herdou o PDM praticamente concluído, e ter-se-á limitado a fazer-lhe acertos de pormenor.
3. O prazo máximo de vigência do PDM é de 10 anos, a contar da sua entrada em vigor, devendo a revisão, de acordo com a lei ser realizada antes de decorrido esse prazo.
4. Isto é, em Agosto de 2005 o PDM da Póvoa anunciava o fim dos seus dias!
Se a dupla Aires/Macedo fosse realmente competente, teria já em curso, nessa altura, todos os estudos e trabalhos necessários à sua revisão.
E se fosse realmente democrática, o que implica ter uma visão e uma prática objectiva no sentido do estímulo à participação dos cidadãos (afinal os destinatários dos efeitos do PDM), também teria organizado sessões informativas e debates, envolvendo o maior número possível de pessoas e organizações locais num espaço amplo de reflexão e discussão sobre o futuro do Concelho.
5. Como não é, nem uma coisa nem outra, quando o novo Executivo, saído das Eleições de Outubro, tomou posse, a única estaca que se conhecia tinha o número zero.
6. Citando o Prof. Costa Lobo, é minha convicção que “o PDM tem que ser um serviço para optimizar soluções dos problemas do território, tem que ser uma festa, mas exige a colaboração de todos, a tal exigência social e moral a que todos nos obrigamos como seres humanos conscientes e bem formados.”
7. Por isso, em
22 de Novembro de 2005, considerando que o PDM da Póvoa é um instrumento demasiado importante para permanecer desconhecido e inactivo, apresentámos uma proposta no sentido de, tão breve quanto possível, ser feito um Ponto de Situação do processo de revisão do PDM em reunião do Executivo Municipal, e de ser elaborado e concretizado um programa de acções constituído por exposições e conferências temáticas (entre outras, habitação, mobilidade, equipamentos, ambiente e paisagem, sinalética), bem como a criação e divulgação de um sistema amigável de recolha de comentários e sugestões dos Munícipes.
8. Com a habitual e intricada arrogância que lhe vai na alma, a maioria PSD liderada pela dupla Aires/Macedo chumbou a proposta.
9. Mais de três anos depois, tudo permanecia na mesma: os trabalhos de revisão do PDM, se é que estavam realmente em curso, continuavam a ser desenvolvidos no mais completo segredo, afastado do conhecimento dos Vereadores da Oposição, da Assembleia Municipal e da população em geral. Consta que forneceram umas plantas aos presidentes de junta, não sei se a todos. Mas, a análise das consequências do PDM de primeira geração, cuja validade se esfumara antes, e o debate sobre o modelo de desenvolvimento, sobre os objectivos futuros e os instrumentos e medidas a implementar para os próximos dez anos, continuavam por fazer com a transparência e a participação que o nosso futuro comum exige!
10. Por isso, na última reunião de Câmara em que participei,
a 17 de Março de 2008, não podia deixar de voltar a propor tal desiderato. Os meus camaradas, tal como antes, subscreveram a renovada proposta.
11. Com a habitual e intricada arrogância que lhe vai na alma, a maioria PSD liderada pela dupla Aires/Macedo voltou a chumbar a proposta.
12. Que se saiba, só a maioria PSD e quem a dupla Aires/Macedo ela entende informar, conhece as propostas de revisão do PDM! Os vereadores da Oposição, a Assembleia Municipal e os cidadãos em geral vão sendo mantidos à margem, na mais completa ignorância!
Transparência? Não! Águas turvas...
Informação? Não! Porque havemos de saber tanto como eles?
Participação? Não, que isso, nas palavras do formidável presidente, seria excesso de Democracia…
13. Não é crível que a Maioria PSD conclua a revisão do PDM neste mandato! Aliás, aproximando-se novo ciclo eleitoral, é mesmo improvável que se disponha a qualquer debate que lhe possa trazer dificuldades e quiçá, a perda de votos.
O debate político está marcado pelo fatalismo, pela política do «tem que ser», do «não pode ser de outra maneira». Por isso tem sido fácil manter o debate urbanístico num nível incipiente. As soluções sobre política urbanística são servidas aos cidadãos já «prontas», poupando-lhes o incómodo da participação.
A dupla Aires/Macedo é perita nesta forma de actuar.
O mais certo é que, numa farsa semelhante à das outras vezes, venha a fazer uma ou duas grandes sessões… numa discussão pública nos mínimos que a lei exige, para simular democracia…mas, só depois de terem tudo arranjado e decidido!
Tenho quase a certeza de que isso só acontecerá durante o próximo mandato!
Entretanto, o resultado é quatro anos perdidos por manifesta incompetência e irresponsabilidade políticas!

A questão é: quando é que as Oposições exigem de forma veemente uma outra atitude, mais amiga da cidadania, da cidade e dos cidadãos?


EM RODAPÉ
1 de Dezembro de 2008. Dia da Restauração da Independência. Dia em que se celebra a recuperação da essência da portugalidade face ao jugo invasor de Espanha. Dia que gostaria que fosse, também, o da independência em relação à mediocridade e à arrogância que engana a Democracia.
Num dia igual ao de hoje, num fundo preto para evidenciar melhor todas as cores, abri na blogosfera o meu espaço de liberdade de expressão, um espaço para tentativas de reflexão e de escrita, num tempo em que, noutras esferas comunicacionais, o pluralismo e a liberdade são politicamente incorrectos.
No Cá-70, cá continuarei tentando…

4 Comments:

Blogger povoaonline said...

Será que vale a pena gastar cera com defuntos?

Eh eh eh!

01 dezembro, 2008 14:57  
Anonymous Anónimo said...

Caro Garcia é verdade o que o Peliteiro fala dos prémios que ganhou, O Prémio INH (desde 2006: Prémio INH/IHRU) é uma prêmiação de arquitectura portuguesa concebido anualmente desde 1989 a promotores, arquitectos e construtores portugueses pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU, antigo Instituto Nacional de Habitação, INH). O Prémio INH é um dos mais prestigiantes prémios de arquitectura a nível nacional?
Se é desde já os meus parabéns, já agora conhece uns terrenos em Beiriz herdados pelo Macedo Vieira onde foram construídas uma porrada enorme de vivendas, e quem foi o arquitecto sabe? Tem ou poderá ter acesso à informação se esses terrenos estavam em zona de reserva agrícola ou de outro tipo? Espero não ser levado a tribunal com perguntas inocentes, são só perguntas que me fizeram a mim um morador ao lado desses terrenos e que afirma que nem um galinheiro pode fazer mas logo ao lado nos ditos terrenos tudo se construiu!
Se por acaso souber de algo apite que muita gente gostava de saber e não é só pessoal de Beiriz!

01 dezembro, 2008 19:24  
Anonymous Anónimo said...

caro amigo Silva Garcia o PDM esta no segredo dos deuses e digo que muita gente que esta a espera de poder construir no seu terreno das varias freguesias estão completamente enganas pelos presidentes de junta, e quando ele sair vão se ver enganados por estas pessoas. não há debate devido as posições de alguns proprietários.
tenho quase a certeza que ele vai sair depois das próximas eleições.

03 dezembro, 2008 20:19  
Anonymous Anónimo said...

http://www.radiomar.com/newsbanner.php?idn=2550
e cá vai mais um empréstimo para a câmara municipal

03 dezembro, 2008 20:23  

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