18 dezembro 2008

A CRISE E OS MILHÕES



O que Mário Soares nos diz, e diz para quem quizer ouvir...
"A crise aprofunda-se e generaliza-se. Os Estados desviam milhões, que vêm directamente dos bolsos dos contribuintes, para evitar as falências de bancos mal geridos ou que se meteram em escandalosas negociatas. Será necessário. Mas o povo pergunta: e as roubalheiras, ficam impunes? E o sistema que as permitiu - os paraísos fiscais -, os chorudos vencimentos (multimilionários) de gestores incompetentes e pouco sérios, ficam na mesma? E os auditores que fecharam os olhos - ou não os abriram suficientemente - e os dirigentes políticos que se acomodaram ao sistema, não agiram e nem sequer alertaram, continuam nos mesmos lugares cimeiros, limitando-se a pedir, agora, mais intervenções do Estado, com a mesma desfaçatez com que antes reclamavam "menos Estado" e mais e mais privatizações?Pedem-se e pediram-se sacrifícios para cumprir as metas do défice, impostas por Bruxelas. Mas, ao mesmo tempo, os multimilionários engordaram - os mesmos que agora emagreceram na roleta russa das economias de casino - e os responsáveis políticos (os mesmos, por quase toda a Europa) não pensam em mudar o paradigma ou não anunciam essa intenção e não explicam sequer aos eleitores comuns, os eternos sacrificados, como vão gastar o dinheiro que utilizam para salvar os bancos e as grandes empresas da falência, aparentemente deixando tudo na mesma? E querem depois o voto desses mesmos eleitores, sem os informar seriamente nem esclarecer? É demais! É sabido: quem semeia ventos colhe tempestades...(...)"

in "A CRISE E OS MILHÕES", DN, edição de 2008.12.16


1 Comments:

Blogger uivomania said...

O chamado "povo", está cheio dos piores surdos, dos piores cegos...
Sacodem a água do capote para cima dos políticos e, seguem inexoráveis a marcha do individualismo.
Esta situação a que Mário Soares se refere, só é possível, porque o vulgar cidadão se destituiu dos seus deveres de cidadania e, na sua marcha individual para encontrar terras de leite e mel, alienado, chega a zombar de ideais como a fraternidade.

10 junho, 2009 13:13  

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