07 junho 2008

LAGARTIXAS E JACARÉS - parte I



2008, 26 de Maio
Tendo por referência a notícia sob o título “Silva Garcia regressou para pedir explicações”, e o comentário “Bandeira Amarela” publicados na edição de 21 de Maio de 2008 do jornal “Póvoa Semanário”, dirigi-me à Directora desse periódico, solicitando que, ao abrigo do Direito de Resposta, publicasse com o mesmo destaque o texto "Acta, actos e factos", que lhe remeti junto.

2008, 27 de Maio
A Directora do “Póvoa Semanário” recusa-se a publicar o meu texto, alegando que ele não cumpre os requisitos do “direito de resposta”. Segundo Catarina Pessanha, o meu texto alegadamente “excede e muito a parte do texto a que se refere”, e além disso faço comentários “à actuação do jornalista e a outros factos passados que em momento algum constam do texto publicado a 21 de Maio”.

2008, 28 de Maio
(dia em que muitos ainda celebram, na acção ou apenas no íntimo, o início da escuridão salazarenta…)
O “Póvoa Semanário” não publica, de facto, o texto que eu havia enviado para esclarecer algumas afirmações veiculadas e, obviamente, no âmbito da liberdade de pensamento e de expressão, comentar certos modos de fazer jornalismo.

No mesmo dia, voltei a dirigir-me à Directora do jornal, esclarecendo que, quando invoquei o Direito de Resposta, me referi não a um, mas a dois artigos publicados na mesma edição, sobre o mesmo tema: "Silva Garcia regressou para pedir explicações" (4.688 caracteres), e "Bandeira Amarela" (379 caracteres), que ocupam um espaço total de 5.067 caracteres. O meu texto é composto por 4.910 caracteres. Ou seja, na verdade, em dimensão não excede os textos a que me refiro.
E, quanto à segunda questão, fiz-lhe um desafio: “Poderá não enquadrar o meu texto no âmbito do Direito de Resposta, se quizer... mas poderá publicá-lo, de qualquer modo, fazendo-o noutro âmbito e demonstrando assim que, efectivamente, cumpre os valores que diz defender no Estatuto Editorial desse jornal”, escrevi.

Também lhe disse, que reconhecia que poderia ser incómodo publicar um relato (que várias pessoas podem testemunhar...) sobre os procedimentos jornalísticos de um dos seus funcionários, e o próprio comportamento do Jornal que dirige, em relação aos factos que refiro no meu texto. Que reconhecia que não é agradável, consequentemente, ser criticado por tais comportamentos. Mas, de forma positiva, procurei mostrar-lhe que se publicasse a minha resposta, diluiria as dúvidas que eu, e que tantos outros como eu, têm vindo a consolidar sobre o alegado profissionalismo e independência com que dizem que produzem os seus trabalhos. Terminei renovando o pedido de publicação do texto "ACTA, ACTOS E FACTOS".

2008, 4 de Junho
Nova edição do jornal. Ao silêncio sobre a minha última mensagem, sucedeu o silêncio ainda mais pesado da não publicação do meu texto.
O que deixa a qualquer um a possibilidade de concluir que a não publicação desse texto - indispensável ao esclarecimento público, também quanto ao modo como às vezes são feitas as notícias e produzidos os comentários - constitui um acto de censura e vem confirmar as críticas que tenho feito ao modo como o jornalismo tem vindo a praticar-se na Póvoa de Varzim. Confirma o corporativismo e o sentimento de intocabilidade que parece caracterizar as acções de alguns jornalistas e de alguns jornais, prejudicando uma informação séria, isenta e de valores, que em nada serve os cidadãos e a Democracia!

2008, 7 de Junho
Neste tempo de hipocrisia e de ambiguidades que nos magoa a sensibilidade e a razão, resta-me a blogosfera como espaço de liberdade.
Por isso, publico a seguir o texto que Catarina Pessanha, directora de um jornal que é fruto dos tempos, se recusou a divulgar! Porquê? Talvez a leitura das minhas palavras ajude à resposta e deixe espaço para a compreensão do resto.



Excertos que, entretanto, vale a pena conferir:

3. (…) não combatemos pessoas, mas defendemos e discutimos ideias. Não nos enfeudamos a qualquer partido politico, mas não nos colocamos de fora dos problemas e das soluções politicas.
4. Somos abertos ao pluralismo de expressão como fonte de salvaguarda da liberdade e da dignidade humanas (…)
7. No Póvoa Semanário está sempre salvaguardada a garantia da livre expressão e o confronto de correntes de opinião, desde que isso não signifique violar os Direitos Fundamentais e Morais subjacentes à Constituição da Republica Portuguesa e ao Código Deontológico e Ética Jornalística. Assumimos o compromisso de respeitar os princípios deontológicos da imprensa e a ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação.

In Estatuto Editorial