26 abril 2008

A ILUSÃO DA INTOCABILIDADE


Durante meses, houve jornais que se alimentaram, alimentando um circo mediático em volta do conhecido “Caso Idiota”, construído sobre vários equívocos, repetidamente mantidos apesar dos esclarecimentos que fiz!
Mas, enquanto se misturam meias verdades e suspeitas, coisas importantes e minudências, para destruir impunemente reputações laboriosamente construídas, escolhe-se o silêncio conveniente para proteger pessoas sem escrúpulos.

Alguém nos explica porque é que nenhum semanário poveiro noticiou com idêntico relevo a recente sentença do Tribunal de Esposende (26 de Fevereiro de 2008) que condenou o jornalista e ex-director do jornal A Voz da Póvoa, Artur Queiroz, a 300 dias de multa, como autor material de um crime de difamação agravada?

Que o jornalista condenado e o seu jornal o não façam, não me surpreende; está-lhes no sangue! Mas, quando os outros se deixam contaminar pela mesma mudez, algo vai mal no reino da Dinamarca.
No entanto, não é plausível que os jornais desconheçam um facto que muito ajudaria à compreensão de certas atitudes e do real valor de opiniões que se publicam para condicionar as opiniões dos outros. É pouco plausível, porque, a notícia já passou pela blogosfera, que se impõe cada vez mais como o espaço de participação que todos navegam – mesmo que, num absurdo preconceito, alguns procurem denegrir, por lhes ser insuportável pressentir nesse espaço a liberdade que, tristemente, nem sempre existe no espaço informativo convencional…

É confrangedor o estado da Ética quando se evita publicar uma notícia, apenas porque atinge negativamente um dos seus! Um tal sentimento corporativo, que se sobrepõe ao interesse público de informar, vem dar mais pertinência à análise que fiz na Declaração Política de 17 de Março, seguindo o que vem sendo a intervenção a propósito de tanta gente e de instituições como a SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (ver Tomada de Posição de 21 de Fevereiro de 2008).

Lá fora, com denúncias como as que são feitas pelo jornalista no Le Monde Diplomatique, Serge Halimi, em “Os Novos Cães de Guarda”, como cá dentro, com as intervenções de reconhecidos profissionais, como Joaquim Fidalgo, ou do filósofo e político, M. M. Carrilho, torna-se um imperativo incontornável a realização de uma profunda reflexão sobre o papel da Comunicação Social no actual contexto da nossa vida democrática, no limiar do século vinte e um.

1 Comments:

Blogger Manuel CD Figueiredo said...

Foi louvável a atitude de "O Comércio da Póvoa" ao abrir as suas páginas, há poucas semanas, à apresentação do seu posicionamento e à recolha de opiniões dos restantes órgãos de comunicação poveiros, relativamente às referências feitas pelo ex-vereador Arquitecto Silva Garcia.
Uma posição que só dignifica o jornal, no seguimento da linha editorial que sempre o orientou.
Parece ter sido, no entanto, sol de pouca dura: depois daquele bom exemplo, o mesmo "Comércio" também não noticiou o caso da aludida sentença. Incompreensivelmente, baixou a "fasquia" e preferiu o alinhamento pelos restantes colegas.

01 maio, 2008 22:48  

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