26 maio 2007

LEITURAS DO DIA VINTE E SEIS



PRIMEIRA LEITURA DO DIA
O título: Será “descaramento” se PS for à inauguração da Avenida.
O conteúdo: “Mas o presidente da Câmara não resistiu e, no final da visita, disse que, e caso o PS decida aparecer na inauguração daquela remodelação, que vai acontecer em Junho de 2008, "será descaramento" porque os socialistas puseram-se à "margem daquele projecto, criticando-o". Macedo Viera lembra que o PS queria apenas "fazer a requalificação superficial mudando apenas a estética" e, sublinhou, "o maior partido da oposição sempre teve uma postura retrógrada e negativa" em relação a este assunto. Por isso, o autarca espera que os elementos da oposição "não tenham o descaramento de aparecer na inauguração da obra". (…)”
In “Será “descaramento” se PS for à inauguração da Avenida ”, Márcia Vara, Póvoa Semanário, edição de 23.05.2007

Dou comigo a pensar com os meus botões: já que nos impede a inauguração do tiroliroló, a do subterrâneo, será que o simpático e distinto Macedo Vieira nos autoriza, pelo menos, a ir à inauguração da parte de cima, à da requalificação estética?

SEGUNDA LEITURA NO MESMO DIA
Deixei o jornal e regressei ao magnífico livro que estou a ler.
Dizia, por fim Merceditas: ”(…)A gente sempre é muito má!
Don Anacleto mantinha-se calado, com o olhar baixo.(…)”

Fermin, de Carlos Ruiz Zafón – personagem que deixa um rasto de clone do João da Ega, do nosso Eça – objectava: “(…)Má, não. Imbecil, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e um certo pensamento. O imbecil ou bruto não pára para pensar nem para raciocinar. Age por instinto, como animal de estábulo, convencido de que está a fazer o bem, de que tem sempre razão, e orgulhoso por andar a lixar, com vossa licença, todo aquele que se lhe afigura diferente dele próprio, seja na cor, na crença, no idioma, na nacionalidade ou, como no caso de don Federico, nos hábitos de lazer. O que é preciso no mundo é mais gente verdadeiramente má e menos casmurros limítrofes.”
In “A sombra do Vento”, de Carlos Ruiz Zafón, Prémio Correntes d’Escrita 2006

Perplexos, os meus botões lembram-me outra passagem da Sombra do Vento, quando (…)“o catedrático abanava dissimuladamente a cabeça. – É como a maré, sabe? – dizia, absorto. – A barbárie, quero eu dizer. Vai-se e a pessoa julga-se a salvo, mas volta sempre, volta sempre… e afoga-nos. Eu vejo isso todos os dias no instituto. Valha-me Deus. Símios, é o que me aparece nas aulas. Darwin era um sonhador, garanto-lhe. Nem evolução nem coisa que se pareça. Por cada um que raciocina, tenho que lidar com nove orangotangos.” (…)

6 Comments:

Blogger José Leite said...

Há já algum tempo critiquei no blogue "boticário de Província" um ataque pessoal em que se chamava "feio, porco e mau" a um líder político local (eram dois, por sinal...), considerando eu que era um ataque pessoal. Mantenho que apreciações estéticas são descabidas e pouco dignificantes.

Agora, ao ler este comentário de Macedo Vieira a toda a oposição PS
(parece que o CDS/PP se transformou em dócil muleta, passe o eufemismo...), fico perplexo!

Então a "crítica" é sinónimo de estar "à margem"?!!!

A crítica é uma presença bem-vinda em qualquer democracia! só os ditadores anseiam ausência de críticas, o unanimismo estulto e servil, só os tiranos ostracizam quem se lhes opõe nas ideias...

Criticar é estar presente! é contribuír construtiva e democraticamente para o interesse da pólis! Uma crítica é um tijolo para o edifício democrático!

Quem acha a crítica sinónimo de ausência ou "marginalização" tem um conceito democrático assaz abastardado.

Enfim, quando alguém do PS sugeriu umas aberturas no "bunker", para a zona do "ferro de engomar" (Garrett) e/ou para a zona do mercado - foi logo apodado de querer "colar-se" ao projecto!!!

Isto é ridículo e digno de anedota!

Por esta "lógica" o PS ao perder as eleições deveria abster-se de qualquer intervenção na câmara pois poderia ser acusado de estar a "colar-se" ao "projecto-vencedor", ou seja, as oposições deveriam limitar-se a assistir ao cortejo de disparates que o PSD pretendesse impôr!!!!

Se o ridículo matasse estes pseudodemocratas enchiam o novo cemitério!!!

Enfim, como diria um amigo meu, "a Póvoa vive um regime autocrático muito especial: a asnocracia!"

26 maio, 2007 18:26  
Anonymous Anónimo said...

Acho Importante dizer o seguinte:
a Obra não é do Macedo Vieira e sim dos Poveiros, logo ele é o nosso representante mas não o Dono.
Assim, Caro Arquitecto acho que o PS deve ir á inauguração pois tambem foram eleitos pelos Poveiros.
A Oposição tambem Governa, isto é, ajuda a não se Desgovernar tanto.
Em relação ao dr. Macedo, ... acho que o comentário é mais
" de um moço de escola "
do que de um autarca que sabe os seus limites!!!
José Tinoco

26 maio, 2007 20:19  
Anonymous Anónimo said...

Amigos:
O dr Macedo Vieira anda preocupado. Ele sabe que a Póvoa sabe aquilo que dantes não se sabia, só se suspeitava...

Por isso procura desancar a oposição (só há uma oposição, o PS, pois o PP fugiu ao combate, veja-se o encosto ao poder...) para denegrir os dignos e verticais vereadores do PS.

É triste verificar como se desce tão baixo. O insulto é a arma dos cobardes e dos medíocres.

Quando se descobrir o "resto" então é que vai ser...

27 maio, 2007 08:53  
Blogger Manuel CD Figueiredo said...

Gostaria que os poveiros fossem capazes de dar provas claras e prontas do seu repúdio por esta atitude lamentável do presidente da nossa Câmara, a qual não o dignifica a ele nem a nossa Cidade.
A propósito, e para uma reflexão séria , tanto dos eleitos como dos eleitores (e que muita falta faz), transcrevo duas passagens do livro "A Transformação da Política" de Daniel Innerarity:
1. As situações fáceis -como uma maioria absoluta- convidam a políticas de curto alcance, a não limitar o próprio poder, a desprezar o adversário.
2. Perder não é deixar de ter razão, pois também ter vencido a ninguém garante possuí-la.
Ter razão não depende de ter a maioria (e é uma estupidez, típica das maiorias, que é querer ter, além da maioria, a razão).

27 maio, 2007 15:40  
Blogger renato gomes pereira said...

"FEIOS, PORCOS E MAUS" E "DIA D", São marcas por mim inventadas e tornadas publicas na Academia de Coimbra, tendo em vista a angariação de fundops para a instalaçõa de telefone e televisão na sala de estar do Bloco D da Residência Universitária JoÃo Jacinto em Coimbra, já lá vão cerca de vinte e cinco anos... O boticário tem tal como eu e muitos mais poveiros antigos Estudantes de Coimbra de usar essa "Expressão", que nos pertence.. e cujo significado é bem diferente do se sentido literal...è necessáro ter sido residente estudantil ou estar imbuido do seu real espirito para compreender o seu mais amplo significado...Tem a ver com marginalização, dificuldades, perigos..lutas, anseios, vitórias e derrotas...

27 maio, 2007 20:59  
Blogger José Leite said...

Caro Cá Fico:

Não quis ofender o "boticário de Províncio" com a minha observação e sei bem que também ele fez apenas em tom jocoso um comentário mais ou menos irónico.

O que quis dizer é que Macedo Vieira tem que ter uma postura mais responsável e respeitável se quiser ser respeitado igualmente. Ele não é dono da Póvoa, nem das obras executadas na Póvoa, nem se deve outorgar o direito de "vetar" presenças de pares seus (são edis de pleno direito) em actos públicos! Seria de um ridículo patético e hilariante!

O QUE ELE INSINUOU, É FEIO, MUITO FEIO, em termos de democracia, de cidadania, de cultura em sentido lato. Querer marginalizar alguém por ter ideias diferentes e não comungar dos seus apetites obreiros é de lamentar, pois é de uma pobreza de espírito confrangedora.

Imagine-se, à luz deste princípio, Mário de Almeida dizer ao vereador da oposição (PSD) Pedro Brás Marques:

- Você, que está sempre a criticar a forma como foi executada a requalificação da marginal, não devia lá por os pés, aquilo é obra nossa!

Diz o povo: "Se queres conhecer o vilão, põe-lhe o pau na mão!"

O "pau" é o poder, como é óbvio...

"Feio, porco e mau" é o que há mais no pedestal do poder local!...

29 maio, 2007 09:28  

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