19 junho 2007

PARA QUANDO?

foto de Miguel Pereira

Recebi-o do Luiz Gonzaga Martins.
O texto é, de facto, uma oportunidade instrumental para a reflexão e, se possível, para uma mudança de modelo, de paradigma do exercício da cidadania.
Aqui fica!


Para quando .... Portugal ... ?

"Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez."
"A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros."
"É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica."
"Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar.
E, já agora, os políticos. Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofende quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos.
Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes."
"Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade.
Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa."
"Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.
Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social. Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas, para os vermos, precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios.
É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós. Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

OS PATOS BRAVOS...
futebol-construção civil-poder autárquico...

20 junho, 2007 02:39  
Blogger Manuel CD Figueiredo said...

Este fenómeno - um estado de alma tipicamente português - tenho-o observado desde há décadas. É mais visível nos políticos.
Assisti, durante duas comissões de serviço em Bruxelas, a situações de bradar aos céus, de tão incríveis. Dava para uma conversa demorada, sobre um assunto que, afinal, se eterniza e nos cobre de ridículo.

21 junho, 2007 18:18  
Blogger José António Torres said...

Conte....eu gostava de ler.

Cumprimentos....

22 junho, 2007 11:44  
Anonymous Anónimo said...

Bem, bem... eles tem petróleo!

Ah! E os empresários, esses malandrecos! E os políticos? Nem se fala! Só falta rebocarem o rectangulo para a escandinávia e pintarmos o cabelo de louro.

O grande mal é não conformar com o que somos. Somos o que somos! Podem ser assim mas norueguês só fala-se na Noruega. Já o português...
Todos temos nossa hora, e a nossa vai chegar.

22 junho, 2007 19:45  
Anonymous Anónimo said...

Aqui não se fazx nada de jeito, os horarios são uma estopada e ninguem tem pachorra para alterar isto. Vamos sendo engolidos por esta pasmaceira em que dominam sempre os mesmos: os sponsors, da finança, do futebol, das obras públicas e os políticos todos sob o chicote do grupo Bildeberg e mainada. É sempre a mesma trampaq. E não vai mudart tao cedo. Aqui na povoa manda os do monte e os padres continuam a influenciar o poder politico de forma descarada. Desde que escorra algum eles lá estão sempre a lamber o traseiro aos mandoes é sempre assim, depois chega o periodo das eleiçoes fazxem uns jantares monstros e tudo continua a dizer que o povo gosta deles que são os maiores que nao ha alternativas que sao crediveis democratas enfim ninguem fala nbas coirrupçoes degradantes nos jogos por baixo da mesa na mafia que controla tudo até quem deveria ser isento e neutral.

22 junho, 2007 21:31  
Blogger José Leite said...

Caro arquitecto S. Garcia:

Há que levar em conta que os dias começam muito mais cedo (5 horas) e terminam também mais cedo...

Não é só uma questão de voluntarismo. Há que ter em conta esta realidade imutável.

23 junho, 2007 07:29  
Anonymous Anónimo said...

Somos mesmo atrasados atºe na gestao do tempo e do espaco.

Lºa fora ºe que sao espertos serºa culpa das salmonelas?

24 junho, 2007 09:10  

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