10 dezembro 2006

O EXTREMO DA HIPOCRISIA

Bombardeamento do palácio presidencial La Moneda, a 11 de Setembro de 1973
Enquanto um tribunal no Iraque pretende condenar à morte um outro execrável ditador, a morte salvou Augusto Pinochet de um julgamento indispensável, de um julgamento sempre adiado, mesmo depois de 2004 o Supremo Tribunal chileno ter decidido retirar-lhe a imunidade.
Augusto Pinochet é considerado responsável do desaparecimento de três mil prisioneiros políticos, pelo encarceramento e tortura de dezenas de milhar de dissidentes, pelo exílio de mais de 30 mil chilenos. Por estes crimes, o antigo ditador acumula cerca de 300 acusações de assassínio e sequestro tanto no Chile como noutros países, mas crimes pelos quais não chegou a ser julgado.
Num extremo de hipocrisia e ofensa, há algum tempo atrás, numa carta lida pela sua mulher a apoiantes, Pinochet disse: “Não guardo rancor a ninguém”.

Nesta tarde de domingo, também a morte se deixou subornar pelos amigos do caudilho, antes que se fizesse justiça. E, o rol de testemunhas abonatórias, que contava com Lady Thatcher e Henry Kissinger – duas referências morais acima de qualquer suspeita -, não precisa de se expor mais!

Morreu Pinochet.
A morte deu-lhe a mão num Chile de novo Democrático.
A Democracia tolerou um intolerante!
De que valeu tanta dor infligida a não ser o interesse imediato e efémero de alguns sem preconceitos?
A alegria que hoje dá cor às Praças de Santiago do Chile, não é bem alegria, porque a memória do sofrimento não se apaga.
Curvo-me perante os que lutaram por valores e pela Democracia. Curvo-me diante de Salvador Allende, morto no seu posto, das mulheres e dos homens, torturados e esmagados pelas armas assassinas dos que às ordens da ignomínia nunca se questionaram no seu íntimo e, pelo contrário, acederam a ser parte da máquina repressora de um demente que, definitivamente, não estava sozinho.

15 Comments:

Blogger renato gomes pereira said...

e FIDEL CASTRO ? QUEM VAI jULGAR?

10 dezembro, 2006 22:23  
Anonymous Anónimo said...

Que ao menos a memória do sofrimento do povo chileno sirva para que a América Latina não mais seja palco de carrascos armados em salvadores de pátrias, como Pinochet, Vilela e quejandos.
E que, se por desgraça, algum mais vier a haver, que a democracia não leve tão longe a sua tolerância que o venha a nomear senador vitalício.

10 dezembro, 2006 23:45  
Anonymous Anónimo said...

A morte não era a penalidade que o mundo civilizado pretendia.
O Chile devia ter julgado todos os crimes cometidos, na ausência do Chile, o TPI devia assumir o julgamento.
A História não perdorá mais um sanguinário sem o devido julgamento por tribunais livres e democráticos.

11 dezembro, 2006 11:07  
Anonymous Anónimo said...

OS NUMEROS DO TERROR

No Cemitério Geral de Santiago há um muro com os nomes de 4 mil vítimas da ditadura militar chilena. É o Muro da Memória. Uns têm datas, outros não, porque os seus corpos nunca foram encontrados - são os desaparecidos. No fim, um longo espaço deixado em branco pelo cinzelador, deixa claro que há muitos mais.
O primeiro balanço dos chilenos mortos ou desaparecidos durante o regime de Pinochet foi feito logo após o regresso da democracia ao país, era Presidente Patricio Aylwin, assinado pela Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, chefiada por Raúl Rettig Guissen. Segundo o levantamento, entre 11 de Setembro e 11 de Março de 1990 foram mortas 1068 pessoas, às mãos do Exército, Marinha, Força Aérea e Carabineiros, e 90 por particulares agindo sob pretextos políticos, um subtotal de 1158 vítimas. Acrescentando a este número 164 pessoas mortas na sequência de violências políticas, o total do terror passa para 1322.
Se a esta soma acrescentarmos agora 957 desaparecidos, na sua maior parte pessoas detidas e que não voltaram para junto dos seus, o total de vítimas da ditadura segundo a equipa de Rettig é de 2279.
Os assassinados ou nunca mais vistos pertenciam a 16 nacionalidades, as suas idades situavam-se na sua maioria entre os 21 e os 45 anos, de todos os partidos, principalmente o socialista, o MIR, o comunista e o MAPU.
A comissão estudou ainda 641 outros casos, sobre os quais não conseguiu formar uma opinião, pelo que tecnicamente não podem ser integrados no balanço. O mesmo se diga de 508 que pôs de lado por não estarem dentro do seu mandato e 449 sobre os quais não conseguiu reunir elementos suficientes para os considerar vítimas.
Em 1996, durante o mandato de Eduardo Frei, a Corporação Nacional de Reparação e Reconciliação, entidade encarregada de analisar e tentar fazer alguma justiça aos familiares das vítimas, investigou e acrescentou mais 899 casos à lista da Comissão Nacional para a Verdade e Reconciliação, entre mortos e desaparecidos, pelo que o total das vítimas de Augusto Pinochet será de pelo menos 3148.
Mas o balanço de mortos e desaparecidos será seguramente muito maior. O escritor chileno de ascendência argentina Ariel Dorfman tentou saber junto da comunidade indígena mapuche do Sul do país quantos elementos seus morreram (Para além do medo. O longo adeus de Pinochet, Campo das Letras, Novembro, 2004). Porém a idosa com quem falou recusou-se a dar a informação. "Os soldados vão voltar um dia. Os soldados vão-se vingar, pode crer!" - afirmou. Assim, "esses nomes e os de tantos outros vão continuar escondidos para sempre nas brumas do medo e do esquecimento".
Existe uma queixa sobre o desaparecimento de 92 mapuches. A etnia, de um milhão de elementos, tem uma longa tradição histórica de resistência. Combateu os incas, resistiu aos espanhóis e aos chilenos, mesmo durante o regime militar.
Entretanto as vítimas do regime militar não foram apenas os chilenos e os estrangeiros mortos ou feitos desaparecer. Foram também milhares de pessoas arbitrariamente presas ou torturadas, segundo um relatório recente entregue ao Presidente Ricardo Lagos. O documento, concebido pela Comissão Nacional de Prisão Política e Tortura, presidida por monsenhor Sérgio Valech, ouviu 35.865 mil pessoas em 110 localidades do país, apurando 28 mil casos de abusos de direitos humanos elementares. Os testemunhos recolhidos são de tal gravidade que o Presidente Ricardo Lagos ordenou que todos os casos fossem indemnizados mas os relatos fechados durante 50 anos.
Assim, o número ainda muito provisório de vítimas dos 17 anos de ditadura do general Augusto Pinochet é de 3178 mortos e desaparecidos, não contando portanto com os episódios duvidosos ou considerados fora do mandato dos investigadores, nem com os indígenas não investigados, e 28 mil casos de prisão arbitrária e tortura - os restantes 7 mil suscitaram dúvidas que protelaram sobre eles uma decisão definitiva.

Fernando Sousa
in Público 2006 12 11

11 dezembro, 2006 14:57  
Anonymous Anónimo said...

O paralelismo que o Universalex pretende não tem razão se ser.
São duas situações completamente diferentes.
Fidel fez uma revolução generosa em prol do povo cubano.
Só que, movido pelo seu ideal do comunismo e emparedado pelos Estados Unidos, nunca fez o que devia, que era dar voz ao povo, através de eleições livres.
Como o não fez,aconteceu-lhe o que acontece a todas as revoluções que não devolvem a soberania ao povo. Transformou-se numa ditadura ao serviço de meia dúzia.
Pinochet, pelo contrário, levou a cabo um golpe de estado sangrento contra um governo democraticamente eleito.
Não que se pretenda desculpar Fidel Castro, mas não se compare o que não tem comparação.

11 dezembro, 2006 15:33  
Blogger CÁ 70 said...

AS COISAS NÃO SÃO PRETO E BRANCO

Num texto publicado no Póvoa Semanário - "Prisioneiros de Consciência" - afirmei: "Para a Esquerda a Liberdade é um valor fulcral. A Liberdade pressupõe o direito de pensar e de expressar opinião como condição inestimável de realização humana e de progresso social. Por isso, uma postura à esquerda não se conforma com a perversidade que amordaça as vozes da diferença e nega o pluralismo!"
Assim falei a propósito da prisão de 78 activistas dos direitos humanos, opositores ao regime de Cuba, jornalistas e bibliotecários independentes, que se encontravam privados de liberdade nos quartéis da Segurança do Estado, incomunicáveis e a partilhar com prisioneiros de delito comum pequenas celas, em péssimas condições de salubridade.

E disse: "Num mundo vertiginosamente escurecido por tantos abusos contra a humanidade, protagonizados por regimes retrógrados e perversos, mas muitas vezes materializados de formas subtis em países formalmente democráticos, a luz vai nascendo, todavia, com uma opinião pública inconformada, que se tem expressado calorosamente em todo o mundo contra a injustificada invasão do Iraque. É essa mesma opinião pública que importa mobilizar para o repúdio veemente desta agressão ignóbil do regime de Fidel Castro contra os cubanos que, pacificamente, querem fazer escutar a sua voz.
Neste sentido, é gratificante ver José Saramago – apesar da sua simpatia pela revolução cubana - protestar energicamente no El País contra os recentes acontecimentos, e Ferro Rodrigues, Miguel Portas, Lídia Jorge, Pedro Tamen, Mário Cláudio e Alice Vieira e numerosos intelectuais e políticos portugueses a subscreverem um manifesto internacional contra a recente detenção de dissidentes pelo regime cubano. Lançado pela Associacion Encuentro de la Cultura Cubana, com sede em Madrid, este manifesto conta com o apoio de inúmeras personalidades a nível internacional como Gunther Grass, Mário Vargas Losa, António Tabucchi, Jorge Edwards, Mia Couto e Pedro Almodovar. Os subscritores, que se apresentam como “intelectuais e políticos do mundo democrático”, exigem ao governo cubano a libertação imediata de todos os dissidentes e instam o regime de Fidel Castro a cessar a repressão contra a oposição pacífica."

"Em defesa da Liberdade, juntemos a nossa às suas vozes!" - concluí!


Fidel Castro também impediu a liberdade de expressão em Cuba, é verdade!
E também perseguiu e prendeu os seus opositores!

De qualquer modo, com o distanciamento e a serenidade necessárias, julgo que não faz qualquer sentido incluí-lo no mesmo circulo de Augusto Pinochet.
Cuba. mesmo assim, está a milhas da crueldade do regime fascista de Pinochet, tolerado sempre pelo mundo do dinheiro e por governos ditos democráticos.

Aliás,continua a ser para mim um forte motivo de estupefacção a preocupação com Fidel, a ponto de os EUA tudo fazerem para tentar inviabilizar Cuba como nação independente, e ao mesmo tempo o beneplácito dado pelo governo norte-amaericano ao Golpe de Estado de Pinochet que fez derrubar o democraticamente eleito Salvador Allende, bem como o aval de Milton Friedman, Prémio Nobel da Economia e mestre da chamada "escola de Chicago" - falecido no dia 16 do mês passado -que, dois anos depois do golpe, lhe recomendou, em Março de 1975, a venda das empresas nacionais e a redução das despesas públicas, como forma de vencer a inflação.
A receita foi de choque e arrastou o congelamento de salários, o desemprego e a pobreza.

E, será possível ignorar o embargo sem tréguas a Cuba que, inevitavelmente, conduziu a que o país se fechasse sobre si próprio empurrando Fidel para uma posição de dureza, aproveitando-se dos sentimentos de identidade e orgulho nacionais que tem "gerido contra o inimigo externo"?

11 dezembro, 2006 16:15  
Blogger renato gomes pereira said...

Salvador Allende e outros vitimas...O rol dos assassinados e ou desaparecidos no Chile é maior ou menor do que os que Cuba de Fidel já fez assassinar ou desaparecer? Não creio.. uqe eu saiba Pinochet limitou a sua ditadura ao Chile.. Fidel semeou os seus erros pelo mundo fora, provocando desumanidades por tudo quanto é sitio, directa e encapotadamente em nome de um "Internacionalismo Libertário"...Não sei qual deles é o maior facinora...a grande diferença é que Pinochet estava solitário e fidel tem muitos cumplices e autores morais...entre eles muitos torcionários da ex-URSS

11 dezembro, 2006 19:02  
Anonymous Anónimo said...

Não "cá fico". Pinochet não estava tão solitário quanto diz.
Veja-se quais eram as suas testemunhas de defesa.
Mas, mais do que isso, importa ter presente que, no mundo actual, nenhuma ditadura sobreviveria se todos os governos que se dizem defensores da democracia não a apoiassem, explícita ou encapotadamente.
Se insiste em comparar Fidel a Pinochet, pense na razão porque os E.U. decretaram o bloqueio económico a um, enquanto ao outro davam conselhos.

11 dezembro, 2006 22:07  
Blogger José Leite said...

Pinochet ou Fidel Castro (um à direita, o outro à esquerda...) foram (são) ícones do cerceamento das liberdades, de atentados aos Direitos do Homem, por isso merecem a recriminação de todos os democratas de recta intenção.

Branquear este ou aquele (a pretexto de valores discutíveis...) é calcar a liberdade ; se Pinochet gostava de Te Deums e adorava missas cantadas, não poderá ser louvado pelos seus crimes, nem louvaminhado pelos católicos ou pelos protestantes; é um facínora e como tal haverá que o considerar... ad aeternum...

O ataque à democracia no Chile foi avalizado pelos britânicos e pelos americanos por razões economicistas sempre desprezíveis.

Que ao menos a História sirva para registar e dar lições aos vindouros.
Nós, os que amamos a liberdade, devemos repudiar tanto os atropelos da direita como os da esquerda. Só assim haverá moral para verberar quem ofende os direitos humanos e as liberdades.

12 dezembro, 2006 16:19  
Blogger lince said...

Curvo-me também. Como celebro a morte desse assassino embora também lamente o facto de ele nunca ter pago pelos crimes que cometeu. E para terminar coloco-me a seu lado para chamar a atenção para o que se está a passar no Iraque. É que pelos vistos há ditadores e ditadores, muito embora os crimes tenham sido idênticos, a justiça neste mundo continua a ter dois pesos e duas medidas que variam conforme os amigos dos criminosos.
Parabéns pelo post.

12 dezembro, 2006 20:35  
Blogger Peliteiro said...

«Julgo que não faz qualquer sentido incluí-lo no mesmo circulo de Augusto Pinochet.»

Francamente Silva Garcia. Qual é o gradiente do carácter de ditador assassino que para si é aceitável?

Se matou de 1.000 a 10.000 opositores classifica-o com um 12; de 100.000 a 1.000.000 com um 8...

Um facínora é um facínora - ponto final. Tanta condenação merece Pinochet como Fidel ou outro qualquer com as mãos sujas de sangue.

Para além das mãos sujas de sangue Fidel é responsável por um regime que nunca foi a votos (Pinochet submeteu-se a eleições) que remete a maioria da população para uma situação de miséria (Pinochet recuperou economicamente o Chile) e de consequente humilhação (visível por qualquer turista através da prostituição e da mendicidade generalizadas).

Terminando, não me parece bem festejar a morte de homem algum, seja em Santiago seja em Havana - é bárbaro.

12 dezembro, 2006 23:14  
Blogger CÁ 70 said...

Caro Jorge Peliteiro

Nem sempre podemos ver as coisas da mesma maneira!
E, ainda bem, mesmo porque ninguém é dono da verde e eu tão pouco!

No entanto, caro amigo, repare:
em relação a Fidel Castro também tenho uma posição de crítica; não obstante continuo a considerar que não é objectivamente correcto colocá-lo no mesmo grupo de Pinochet.
A questão não está na contagem de vítimas - uma só já é demais -, mas de compreender a circunstância histórica e a especificidade das coisas. E, obviamente, são completamente diferentes!

Por outro lado, é preciso cuidado com os milagres económicos. De repente, olhamos e melhor e vemos que são completamente falsos e apenas produto da propaganda. Milton Friedman reconheceu o milagre chileno de Pinochet, mas eu questiono-me: quem ganhou nesse tempo com o crescimento económico do Chile, se a pobreza alastrou a olhos vistos? E como é possível aplaudir sucessos macro-económicos e ignorar a repressão e os inúmeros atentados contra os direitos humanos?

E quanto a Democracia? Será que esqueceu que, ao contrário do que aconteceu em Cuba - em que foram depostos o ditator Baptista e os seus cumplices norteamericanos - na génese do poder totalitário de Pinochet esteve um golpe destado contra um governo eleito democraticamente! Com o apoio da CIA e o beneplácito do governo americano e de alguns paises europeus como é caso flagrante da Inglaterra de Tatcher!


Quanto à resolução dos problemas sociais profundos do Chile, quem o está a fazer de facto são os mais recentes governos democráticos, nomeadamente o presente e o que antecedeu.
Sobre isso já referi, quando falei de Michelle Bachelet ( http://ca-70.blogspot.com/2006_03_01_ca-70_archive.html )

Um abraço

JJ

13 dezembro, 2006 10:05  
Anonymous Anónimo said...

É curioso constatar, que no Chile, no tempo do Allende, as críticas publicadas na imprensa ocidental dominante, apontavam-no como um perigoso esquerdista, seguramente a soldo do comunismo, dizia-se.
E assim, a chamada civilização ocidental(a nossa civilização), sobretudo a americana, interveio de forma decisiva no golpe de estado, executado por aquele que supostamente teria a máxima confiança do presidente Allende(como chefe do estado maior general das forças armadas, nomeado pelo próprio Allende)e decapitou num instante um governo democraticamente eleito, dando início a uma das mais sanguinárias ditaduras do nosso tempo (com o beneplácito do mundo ocidental).
E assim surgiram todas as violações dos direitos humanos, das mais criminosas a que o mundo ocidental assistiu (recordo o "Chove em Santiago").

E assim deve entender-se o regozijo pela morte do ditador. Todas aquelas pessoas que o fizeram teriam seguramente alguém entre as vítimas de tamanho mosntro.

Digo atrás que é curioso, e agora complemento a ideia, notar a similitude entre o que se passou na Chile e o que apesar de tudo se tem conseguido evitar que aconteça em Cuba.

E quando noto a preocupação daqueles que se preocupam em julgar fidel Castro...

Lembrem Vitor Jara e todos aqueles que sofreram na pele os horrores de tão nefasta civilização, como aquela em que nós vivemos.

Dizer que a Democracia é o menos mau dos sistemas políticos não chega.

Há que denunciar o cinismo da nossa civilização.

E não haverá muito tempo para acertar o passo com os valores que se impõem, sob pena de irremediavelmente caminharmos para o desastre colectivo de toda a humanidade.

Reparem no desespero de África. Na desumanidade da Ásia. No egoísmo da América e Europa.

Para onde vamos?

13 dezembro, 2006 17:11  
Blogger Peliteiro said...

Amigo Silva Garcia,

O ponto da minha intervenção é a condenação de regimes autocráticos e autoritários como o são o de Pinochet e de Fidel. Ambos ditatoriais, ambos atentando contra os direitos humanos. Isto é o cerne da questão. Não há preto escuro nem preto claro.

Assim não posso concordar nem admitir que por um lado se condene e festeje a morte de um ditador sanguinário e, por outro lado, se tolere e branqueie a acção de outro ditador sanguinário. Coisa comum, sobejamente percebida, especialmente num certo tipo da nossa imprensa.

Quanto à perspectiva económica, na minha modesta opinião, Pinochet desenvolveu a economia do país e criou uma classe média numerosa; Fidel atrofiou o crescimento económico e remeteu todos (ou quase) para uma situação de miséria.
Ora economia e política andam muitas vezes lado a lado. A classe média Chilena, culta, educada e com capacidade crítica, forçou um referendo que destituiu o velho General; a classe média Cubana não existe, portanto não é crítica, portanto Fidel nunca foi nem irá a eleições.

Quando a população não entende, não questiona, não reivindica, os ditadores tem terreno fértil para progredir*. É isso que sustenta Fidel.

Resumindo, Pinochet foi mais desumano, Fidel é mais ditador. Devemos condenar ambos de igual forma.


* Nota - Ao escrever esta frase lembrei-me da Póvoa e de Macedo Vieira. Também por cá a população não entende, não questiona, nem reivindica. Mas isso é o meu julgamento, errado por certo, pois como vivemos em Democracia o povo é quem mais ordena, restando-me então pagar a água mais cara, banhar-me na água mais suja, etc, etc.

14 dezembro, 2006 00:41  
Blogger Peliteiro said...

Já agora, por falar em ditadores, Mengistu Haile Mariam foi ontem condenado.

Leu ou ouviu alguma coisa nas notícias? Pouca coisa, tal como eu.

Sabe porquê? Porque foi um ditador vermelho, um "marxista", e como disse no último comentário isso parece incomodar certa imprensa...

14 dezembro, 2006 00:53  

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