13 fevereiro 2010

URGE A DECÊNCIA, URGE A DEMOCRACIA




Hoje, dentro e fora do Partido Socialista, é ainda mais necessário apoiar Manuel Alegre à Presidência da República e motivar José António Seguro para representar o PS na liderança do governo de Portugal.

Para repor a credibilidade do regime. Em nome de todos os que trabalham afincadamente no quotidiano, que arriscam, que lutam, emprestando o seu contributo, por pequeno que seja, ao bem comum e a um Portugal moderno e mais justo, é urgente que os valores da República, cujo centenário se celebra este ano, voltem a ser o guião para que Portugal se afirme com dignidade.

O poder económico não pode dirigir o poder político. É ao contrário que tem que ser. E ao contrário faz-se, desse modo, o que é direito, num estado democrático, cada vez mais necessário e, por isso, mais urgente, recusando as caricaturas que dele vem fazendo oportunisticamente o bloco central de interesses, levando Portugal e a nossa vida para um pântano que vai generalizando a angústia e promete o desespero.

Os jogos palacianos, envolvendo políticos e empresários, para assegurar a uns a perpetuação no poder e a outros vantagens de milhões, é uma vergonha que magoa qualquer cidadão. Mas deveria envergonhar mais ainda qualquer socialista, uma vez que são uma afronta asquerosa aos valores do PS e à sua história.

Não me venham mais com tentativas de explicações impossíveis para justificar o que nunca deveria acontecer, nem ter acontecido.
Não quero viver num país onde, sob a capa da democracia, um governo e uns sujeitinhos de colarinho branco se organizam para tentar juntar nas suas mãos um monstro que visa manipular a informação e, desse modo, as nossas consciências. E, se uma tal criatura era tenebrosa durante a noite salazarista (que tinha, pelo menos, a vantagem de agir às escâncaras), em alegada democracia ainda é mais intolerável.

No tempo que antecedeu o Congresso de Guimaräes, há meia dúzia de anos atrás, quando no PS se viveu um dos momentos mais significativos de debate político interno e externo, estive ao lado de Manuel Alegre. Foi fácil fazê-lo, atendendo ao seu percurso, aos valores que o animavam, ao projecto que defendia e à denúncia corajosa que fazia do “bloco central de interesses” que havia tomado conta do país. Também foi fácil, porque sempre vi em Sócrates uma ambição desmedida de poder e a ausência de valores socialista. Além do mais, vi juntar-se-lhe muitos dos que passam a vida em cima do muro, atitude que é, em si mesmo, um elucidativo indicador.
Aqui, na Póvoa, fui mal tratado por me juntar a Alegre nessa altura e mais ainda quando o apoiei à Presidência da República.

Mas, no momento que vivemos, é precisamente o movimento criado em volta de Manuel Alegre e a possibilidade de uma nova candidatura ao mais elevado cargo político da nação, que trás a esperança necessária e pode ajudar a aglutinar numa mesma força de mudança todos os que ainda acreditam que vale a pena. E é , em certo sentido, um dos caminhos para que o Partido Socialista volte à dignidade perdida e a merecer a confiança e o entusiasmo de todos.

Neste quadro, tendo caído definitivamente a máscara a José Sócrates e à sua guarda pretoriana, na sequência de inúmeras peripécias que levou o país a perder-lhe o respeito, não lhe resta alternativa senão demitir-se, levando com ele os que, unha e carne, o ajudaram nesta desgraça.
Desse modo serviria o país e o PS.

Se não for capaz de o fazer por iniciativa própria – como é bem previsível – é preciso que alguém com autoridade moral dentro do PS se lhe dirija como fez Kissinger com Nixon no caso Watergate e lhe diga: Meu caro José, chega! É tempo de ir embora!

A questão não é apenas política, mas também é ética. Há, felizmente, no PS muita e boa gente capaz de nos ajudar a recuperar a credibilidade da política e das instituições democráticas.
Do meu ponto de vista, tem muita consistência a ideia de que António José Seguro, pelo seu pensamento, pela postura e pelas atitudes que tem tomado, tem as condições pessoais e políticas para substituir o actual primeiro-ministro e liderar a construção de uma solução válida para a crise de valores que se vive!

8 Comments:

Blogger Othelo said...

Não, arquitecto, não quero outro Santana no poder. Trocar de lider do eecutivo como quem troca de avançado num jogo de futebol, é algo que já foi feito com os resultados que todos nóes conhecemos. A haver um novo lider que haja um novo governo legitimado por eleições.
A crise pode esperar, a democracia não.

14 fevereiro, 2010 01:59  
Anonymous Anónimo said...

tambem não concordo muinto, já tivemos essa experiencia, e fui muinto criticada. em democracia
há outras saidas, a opusição tem maioria no parlamento.

14 fevereiro, 2010 18:26  
Blogger Manuel CD Figueiredo said...

Há ensinamentos que vêm da Antiguidade. Haveria só que querer e saber segui-los. Mas não é isso que se tem feito.

O Estado, governado por homens de talento e possuidores de dons naturais, tem como objectivo servir as justas necessidades dos homens, o bem comum da sociedade.

O Governo não deve ser confiado a quem não demonstre carácter nem qualidades para governar.

O governante terá que administrar o Estado de acordo com a LEI, que será soberana.

Pelo incumprimento destes princípios gerais, chegámos à situação calamitosa em que nos encontramos: a degradação ética, moral, económica e social.
Demos graças por podermos ter eleições livres, e que estas gravosas lições sirvam para elegermos os melhores.

14 fevereiro, 2010 18:40  
Anonymous Anónimo said...

Sócrates no bunker
Por Vasco Pulido Valente

Nunca tive jeito, nem gosto, nem interesse pela intriga. Pela a intriga política ou por qualquer outra. E sobretudo pela intriga política quando ela acaba entre a polícia e os tribunais. Que um primeiro-ministro deixe o Governo descer ao miserável espectáculo a que chegou é para mim condenação bastante. Também "escutar" o telefone do próximo, por muito necessário que seja, é uma ideia que me repugna. E publicar a seguir o que se ouviu, ou foi ouvido, não me parece admirável, mesmo para defesa da democracia ou da limpeza pública. Isto para explicar que, por preguiça e aversão, me perdi completamente na trapalhada em curso. Não sei quem disse o quê e a quem; de que maneira, com que fim e em que circunstâncias. Não percebo o que se tramou ou não tramou, ou se por acaso não se tramou nada.
O que me espanta nesta história é o papel de Sócrates. Não consigo conceber que espécie de vaidade ou delírio levam um homem, responsável pela vida de milhões de portugueses, legitimado pelo voto e até há pouco tempo com uma arrasadora maioria no Parlamento, a fazer uma inimiga de Manuela Moura Guedes por causa do episódio Freeport, ou de José Manuel Fernandes, por causa de uma oposição que o incomodava ou não lhe convinha. Se, na verdade, se julgava caluniado, por que não esperou, em silêncio, pelos tribunais? Por que persistiu, e persiste, em se envolver pessoalmente numa polémica de que é parte activa e em que ninguém lhe concede a mais vaga presunção de imparcialidade ou de equilíbrio? Acha ele, de facto, que ganhou alguma coisa com as cenas de fúria e as berratas que ofereceu ao país?
Consta que lhe chamam agora "mentiroso" na Assembleia da República, eufemística ou directamente. António Capucho sugeriu que o próprio PS o substituísse por uma criatura mais previsível e cordata. E até socialistas com alguma influência se afastam dele. Não há dúvida de que, no estado em que está (e de que não tem maneira de sair), Sócrates já não pode ser primeiro-ministro. E só continua porque o Presidente e a direita o aguentam, em nome de uma responsabilidade espúria e de uma discutível conveniência partidária. Entretanto, Portugal vai ao fundo e Sócrates, metido num bunker, anda em guerra com os seus fantasmas. Perdeu a confiança do cidadão comum e, naturalmente, arrastou o Governo com ele. É uma presença perigosa. Pior ainda: é uma presença nociva.

http://jornal.publico.clix.pt/noticia/14-02-2010/socrates-no-bunker-18795928.htm

16 fevereiro, 2010 17:36  
Blogger José Leite said...

Arquitecto:

Comungo inteiramente (qusse) da sua analise fria e desapaixonada, de homem de carácter e com verticalidade.

O comandante Manuel Figueiredo também está em linha com o meu pensamento.

Apenas um detalhe: Será António Seguro a figura de proa capaz de prosseguir a rota traçada pelo PS?

Tenho algumas reservas, julgo que Vitorino seria melhor.

Quanto a Sócrates, há que lhe reconhecer o talento natural, a facilidade de argumentação, o perfil histriónico (no bom sentido),a argúcia e a coragem. Mas isso não é tudo: falat-lhe a MORAL!

17 fevereiro, 2010 12:16  
Blogger Editor said...

Neste pais toda a gente sabe que aquilo não é o PS, nem os que outrora o foram agora o são. Aliás isto é um problema do bloco central após a passagem de lider prepotente e autocrático. Sobre Alegre: este sempre apoiante soarista quando avançou, foi traido pelo amigo da onça, e, desta feita, mais uma vez avança, e, nova traição, com a turma soarista a manipular fernando nobre para o tramar. Essa gente prefere perder umas presidenciais e conservar o seu odiozinho de estimação. Cavaco recebe a cabeça de Alegre numa bandeja.
Seguro será um bom candidato e já mostrou ser um corredor de fundo. Costa é o aparelho e é contar com ele; numa escolha, poderá bater seguro.

18 fevereiro, 2010 10:18  
Blogger terramar e ar said...

Miguel...não tens estaleca..vai lá colar o teu psd...

18 fevereiro, 2010 21:04  
Anonymous Anónimo said...

Esse Miguel não dá uma pra caixa, não sabe o que diz.

21 fevereiro, 2010 23:49  

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