Que se passa por aqui?
É impossível ficar indiferente!
Em momentos como este alguém pode censurar um sentimento de raiva? Uma raiva à mistura efervescente com um sabor amargo por ver que um certo comportamento (errado), intolerável numa sociedade democrática, vem precisamente do interior da familia política a que se pertence. Que se passa afinal? Não será já demais?
Com mais esta fica tudo por um fio!
Vejam e tentem compreender mais uma gota de água para o rio do desencanto!
Mário Crespo garante ter sido «ameaçado» por Sócrates
Primeiro-ministro terá dito que jornalista é um «problema» que teria de ter «solução»
O Fim da Linha
Mário Crespo
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
8 Comments:
JJ apesar detudo eu sou contra a pena de morte...
..ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém...
Compreendo a tua indignação...
Os Jornais e os maus jornalistas, dão sentenças , julgam as pessoas em vez de relatar factos...
Eu. em 1975 já sabia isso...quando cheguei a Portugal vindo de Angola, sem sequer saber ainda o que era Portugal, fui apodado de colonialista, retornado e explorador de pretos... Até hoje o insulto mantem-se,sem que aquelas linguas porcas e empredrenidas, e as penas - esferograficas bic? que o proferiram e escreveram e alguns ainda proferem e escrevem tenham sido lavadas com muito sabão e desinfectante...e corrigida a mão caluniosa que a redigiu...
Dai à pena de morte vai uma grande distância...
Aqui alguém falou em pena de morte?
Alguma vez me viste defender a pena de morte?
Aqui fala-se da intoleràvel e insuportável incapacidade de viver com a crítica e as opiniões contrárias!
A liberdade de expressão é um valor civilizacional que foi conquistado a muito custo.
É verdadeiramente lamentável que alguns - como acontece aos que tentam calar os outros por meios ínvios, o que, de certo modo é o mesmo que infligir a morte a alguém... - se sintam tão facilmente disponíveis para destroçar o direito à diferença.
E mais lamentável é quando deveriam estar na primeira linha da defesa da Liberdade!
É mesmo uma questão de ética: depois de casos assim como podem esses sentir-se no direito de acusar outros ditadores?
Merecem alguma credibilidade?
Claro que não merecem credibilidade...falei empena de morte dada a figura que apresentaste com a espada...num gesto expressivo...
Realmente é triste ver eminentes figuras da comunicação social comportarem-se como se comportam...
Em tempos falei em "Sarmentização" da comunicação social...que era o estilo "Berlusconi"...
A concentração económica dos média leva a uma censura económica, e quem não alinhar na onda não tem emprego, não tem nada...E não me refiro á intervensão dos partidos no poder ou na oposição...refiro-me a uma máquina de "Lobbies" que começam nos mais altos estratos da governação europeia e até mundial...Quem está por detrás? A Industria Petroquimica e Laboratorial Internacional? Talvez...certamente não serão os produtores de Abóboras, nem de Melancias, nem de Tomates e Coentros...
PS: vi melhor a imagem...
afinal não é uam espada é uma cachaporra...eh1eh1
Louvo a atitude de um socialista em admitir que já chega.
Tudo isto é muito caricato.Não tenho dúvidas que o 1º minstro não gosta que critiquem. Quem gosta?Mas ele é que ocupa o cargo e nessa missão parece que deve sofrer todo tipo de ataques sem que caia em respostas como as que tem feito, se é que tem acontecido. Nós sabemos e o JJ sabe melhor, que os jornalistas não são flores que se cheirem e numa altura em que os media passam por problemas de viabilidade o que importa é o sensacionalismo.É isso que vende. Dizer amén com o Governo seria dar a imagem de compadrio ou sujeição ao poder e não venderia tanto. Será que os como os do Mário Crespo ou da Dona Manuela contribuem alguma coisa para a melhoria do bem estar socio-económico? Não acredito, pois deles resulta só a vontade de levantar os problemas mas nunca dos resolver. Deles é feito um aproveitamento politico pela oposição que pretende que tal continue.É a forma de fazer o desgaste do poder sem entrar muito nessa luta. Num país em que o vouyeurs predominam e os bufos abundam, nada melhor para desencadear estas celeumas. Quem temos por trás? Os da justiça e os do Jornalismo. Os primeiros nunca se enganam e por isso nunca erram. São seres que vieram doutro planeta e que por obra e garça do espirito santo ficaram absolvidos do pecado. Os segundos são os portadores dum dom que lhes permite dizer tudo, mesmo que o não saibam mas que o perspectivem. Nunca se vê um jornalista ser condenado por abuso de opinião ou por utilizarem meios ilegais para o fazer. Eu sei que o mensageiro está sempre coberto pela máxima conhecida, mas deixemos de coisas e aceitemos que os mesmos estão fartos de fazer fretes para quem melhor pague, ou não é verdade.
Já agora não leram que o Nuno Santos diz que aquilo não foi tal e qual como o Crespo divulgou. Como é que a sua opinião foi parar a um jornal partidário do PSD? E como é que o mesmo jornalista, que revelou nunca ter sentido por forma a o incomodar o separatismo racial na Africa do Sul e outras coisas mais, vai ser convidado pelo CDS para falar de politica internacional nas jornadas parlamentares? Há cada coisa!!!
Faço ressaltar, como reparo final , que abordar esta temática da liberdade de opinião é assunto complicado. Encontrar o equilíbrio é nesta como em outras matérias o mais difícil.
Não deixa de ser irónico e não faltaram avisos. Um primeiro-ministro que declara guerra aberta aos media que não o bajulam (num congresso, ainda por cima) não deveria ter o apoio dos militantes de um partido que se gaba de "democrático" e "garante da liberdade". Ao não terem percebido isso na altura (repito que não faltaram avisos, inclusive de dentro do partido), condenaram o seu próprio líder: transformaram-no num homem fraco; e os fracos costumam ser gente perigosa.
Mas mais grave do que a história do Crespo é a da TVI. Suprimiu-se com dinheiros públicos a jornalista crítica e eu nem quero falar muito disso. Nunca se foi tão longe no ataque às liberdades desde o 25 de Abril e isto passou todas as marcas. Claro que o assunto se resolvia com filas maciças de militantes do PS nas portas das sedes concelhias a rasgar o cartão de militante: mostraria um partido vibrante e sinceramente apostado em recuperar os valores de esquerda que abandonou já há alguns largos anos. É que, na política, o que conta são os actos e não a retórica.
Abraço de Miguel Andrade
Nota: o seu leitor Renato Gomes Pereira interpretou tudo ao contrário, não?
Não obstante tudo o que disse atrás, o que me chateia é o facto de haver uns quantos profissionais - em vários sectores - que estão dispostos a ajudar. Sozinho é que ele não seria capaz.
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