19 dezembro 2010

Ora, ora...




A arrumar papéis encontrei um recorte do Comércio da Póvoa. Na página 6 da edição de 11/9 do ano da Graça de 2008, José Macedo (no seu estilo habitual) e José Sócrates (dentro de um elegante fato provavelmente Armani) partilham sorrisos (o de José de Cá mais efusivo que o de José de Lá).
Eis então que o José de Cá terá exclamado “Continue com esse espírito reformador, Sr. Primeiro -Ministro. O país saberá compreender”.
Parênteses: o país não está a compreender mesmo nada! Deve ser estúpido! Está manso, é verdade... Mas também a mansidão pode ser mau sinal...
Voltemos ao recorte. Segundo a jornalista, terá sido assim que o José de Cá se dirigiu ao José de Lá. Entre elogios ao trabalho do Governo e às políticas, com muitas das quais concorda, terá dito: “O Sr. Primeiro-Ministro defende alguns princípios que eu defendo como o do utilizador /pagador e o do poluidor/pagador. Tem algumas qualidades que não são muito comuns nos políticos: é um homem corajoso, trabalhador, organizado”.
Pois é…é esse “princípio” (falso e nada universal como deve ser todo o princípio, digo eu) do utilizador/pagador que nos leva a pagar duas vezes a mesma coisa (pelos impostos para que se faça a coisa e pela utilização da coisa) e que a estender-se na sociedade contra o contrato social que demorou centenas de anos a conseguir, e que é uma conquista civilizacional, às mãos de gente assim pode vir a transformar uma sociedade baseada na solidariedade e na coesão numa mercearia, em que só tem acesso aos bens e serviços (até os mais básicos) quem os puder pagar!
Ao contrário, já quanto ao princípio do poluidor/pagador, eu junto também o meu José. E aproveito para sugerir que o José de Cá e o José de Lá paguem pela poluição política e intelectual com que estão a tramar a vida dos portugueses, enquanto a banca e a especulação bolsistas vai acumulando à custa dos povos e das nações!